Recentemente uma polêmica tomou conta dentro da cena de DJs e produtores musicais no Brasil. O termo “Ghost Producer” foi registrado o INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial). Para quem não conhece, o INPI é uma autarquia federal brasileira que, dentro das suas competencias, é responsável pela marca registrada, que é qualquer nome ou símbolo utilizado para identificar uma empresa, produto, bem de consumo, serviço ou comércio.
O termo “Ghost Producer” é usado para denominar o produtor musical anônimo, ou seja, uma pessoa que não assina a própria música. Normalmente os ghost producers vendem suas músicas para outros artistas e, atualmente, existem empresas que fazem esse serviço, o que é o caso da Ghost Producer Brasil, detentora da marca Ghost Producer.
Em entrevista à Wonderland in Rave, os sócios Rapha e Romulo contam um pouco da empresa e falam sobre como se deu o processo de registro da marca junto ao INPI. Confira agora a entrevista com a Ghost Producer Brasil:
WiR: O que é a Ghost Producer?
Ghost Producer Brasil [Rapha]: “Somos um time de pessoas que amam a música e uma empresa que nasceu com o intuito de profissionalizar o mercado da produção anônima, trazendo melhores condições para todos os envolvidos. Nossos principais clientes são artistas e empresas que gostariam de ter suas próprias músicas ou identidade sonora, mas precisam de “uma mão” para fazer isso com qualidade.”
WiR: O que é um Ghost Producer?
Ghost Producer Brasil [Romulo]: “Creio que essa pergunta tenha vindo por conta das questões mal interpretadas sobre a marca. Eu inclusive a refaria, do tipo: qualquer pessoa física pode usar para se autodenominar como produtor musical anônimo? Minha resposta é sim, claro, com certeza. A nossa questão, como aprofundaremos abaixo, foi somente com negócios que estavam de maneira tendenciosa usando a marca. Apesar de toda proporção tomada, foram apenas 3 empresas que nós entramos em contato, nenhuma a mais; infelizmente isso foi divulgado de forma bem maliciosa e tendenciosa em alguns perfis de Facebook, em áudios e capturas de tela, dizendo que estamos pedindo ou obrigando essas empresas a pararem de exercer a venda e função de produção musical anônima, o que não é verdade.”
WiR: Como surgiu a ideia de criar essa empresa?
Ghost Producer Brasil [Romulo]: “Eu e o Rapha já trabalhávamos como produtores anônimos (ele até antes que eu) de maneira autônoma, como muitos produtores atualmente. Após diversas situações, cansamos da maneira que esse mercado estava andando, totalmente “obscuro”, sem segurança para o produtor e para o cliente, sem uma estrutura organizada, sabe? Os produtores de um lado perdidos sobre como fazer um bom trabalho e os clientes do outro lado mais perdidos ainda em como encontrar essas soluções para suas carreiras. A ideia veio concisa: cara, vamos revolucionar esse mercado, ele precisa amadurecer. Foi quando lançamos o site e aprimoramos todos os setores da cadeia, agregando profissionais qualificados em cada etapa.
Ao contrário de querermos montar um negócio apenas para a gente, montamos um negócio em que realmente acreditamos na missão e que oferece condições de trabalho decentes para esses profissionais. Se um cliente não paga, por exemplo, a empresa é quem “segura as pontas” até receber e adianta o pagamento do produtor que trabalhou, sendo de fato uma fonte de apoio para eles. Num momento de pandemia, buscamos sempre entender os dois lados: tanto do cliente, quanto do parceiro.”
WiR: Quem é a Ghost Producer? Está aberta a quais produtores?
Ghost Producer Brasil [Rapha]: “Hoje a Ghost Producer Brasil conta com 19 pessoas no time, sendo 10 delas envolvidas diretamente com a criação musical: produtores, vocalistas, compositores e instrumentistas. Vale ressaltar que trabalhamos com gêneros diversos também, como funk, trap, rock e até com produções específicas para empresas ou empreitadas como vinhetas e trilhas sonoras. Logo, não temos restrição de produtores, vamos agregando de acordo com a demanda. Estamos sempre recebendo materiais e sempre olhamos tudo com atenção, tem muito produtor talentoso por aí sem poder trabalhar suas habilidades.”
WiR: Qual a proposta da Ghost Producer com relação ao mercado da música eletrônica?
Ghost Producer Brasil [Rapha e Romulo]: “Nossa missão é simples, mas gigante: profissionalizar e otimizar a produção anônima até que se torne uma prática melhor reconhecida, como é em outros gêneros e mercados mais maduros como o Pop, Sertanejo e etc. Temos um enorme trabalho pela frente, com muitos preconceitos e tabus a serem desconstruídos, mas isso só nos motiva a continuar focados. Sabemos que lá na frente fará a diferença para todos.”
WiR: Recentemente tivemos uma polêmica envolvendo o registro da Ghost Producer no INPI. O que aconteceu?
Ghost Producer Brasil [Rapha e Romulo]: “Antes de resumir o ocorrido, é preciso reforçar que não processamos ninguém. Apenas fizemos um pedido e advertimos sobre o uso da nossa marca, visto que depois de entrarmos no mercado, muitos tentaram se apropriar do nome e domínio. Existem diversas empresas que oferecem o mesmo serviço sem utilizar a nossa marca registrada, onde está o problema nisso? Algumas supostas empresas tentaram agir de completa má fé, direcionando links nossos para os seus sites e por aí vai. Inclusive tentaram, sem sucesso, registrar o nosso nome também já há alguns meses. Dessa maneira, não tivemos outra alternativa a não ser exercer nosso direito.
Sobre isso, o nosso time jurídico sempre nos externou com clareza que serviços e categorias de serviços não são registráveis. Acontece que, no Brasil, a profissão do produtor musical anônimo já está incluída na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), mas com a designação de Programador Musical, Técnico/Analista Musical, e se formos mais adiante um pouco, podemos mesmo dizer Produtor Musical Anônimo, portanto ninguém está impedido de trabalhar, e nem será, sendo impossível pensar que isso aconteceria apenas porque possuímos os direitos da marca Ghost Producer. Ao contrário, nosso intuito é fortalecer a cena e institucionalizar este nome.
Tudo que queremos é ter a segurança jurídica de continuar trabalhando por um mercado mais maduro e profissional. Temos tantos planos que ainda não podemos contar, mas a verdade é que todos sairão ganhando e é por isso que institucionalizamos a Marca. Se você é um produtor e oferece esse tipo de serviço, desejamos todo sucesso e sinta-se à vontade para entrar em contato para compartilharmos experiências. Nós não estamos aqui para tomar o seu lugar de trabalho, bem pelo contrário, para melhorar as condições dele. Quanto mais profissionais qualificados disponíveis, mais a nossa cena evolui.
Nós jamais tivemos como objetivo atrapalhar quem trabalha como produtor e tem o seu ganha pão com isso. Na verdade, nós nos identificamos com cada produtor que está na luta, vendendo suas produções para poder pagar as contas e construir a sua vida, pois nós somos essa mesma pessoa. Por isso, deixamos aqui também um convite para os produtores em ascensão, que queiram ingressar nesse mercado e ainda não tiveram oportunidade. Pouco a pouco estamos expandindo nosso time!
E a você que acredita que esse tipo de parceria e serviço agregaria na sua carreira ou empresa, mande uma mensagem para a gente clicando aqui. Será um prazer recebê-lo para trabalhar algumas músicas juntos de forma anônima.
Obrigado WiR pela entrevista e pelo espaço para podermos contar um pouco do que estamos planejando. Mal podemos esperar para começar a anunciar todas as novidades!”