A ascensão do brasileiro Blazy na cena internacional do Psytrance

Por: Ianne Souza.

Quem frequenta as raves de hoje em dia sabe que Blazy é um nome de peso quando está presente em uma line-up. Sempre esperado por muitas pessoas, Blazy é responsável por produções que viraram músicas essenciais numa rave. Com mais de 15 milhões de streams, ‘Interlude’ é um dos sucessos do DJ, o remix de ‘Makeup’ do Neelix e remake de ‘Innerbloom’ do trio RÜFÜS DU SOL são essenciais nas suas apresentações melódicas e sentimentais.

Henrique Janelli a.k.a. Blazy, sendo o produtor brasileiro mais jovem a chegar no topo de vendas nos charts do Beatport quatro vezes, o primeiro contato com a música eletrônica foi com a música ‘Poison’ do Astrix aos 8 anos de idade, desde então nunca parou de ouvir.

A música “Miami 2 Ibiza” do Swedish House Mafia foi a track que despertou o interesse e curiosidade sobre a produção musical. Começou a pesquisar na internet como produzir, mixar e como ser DJ, tendo acesso às informações, programas e todo esse mundo. Henrique sempre produziu o que ele gosta, quer e sente, e isso reflete muito nas suas produções hoje em dia. Na época, de início, ele produzia bastante progressive house por ser uma vertente que ele gostava na época, mas que gosta até hoje.

Apenas com o preview da música ‘Tandava’ no Soundcloud, que se tornou viral em questão de horas, foi realmente aí quando a carreira começou a movimentar-se. A track é conhecida em cenário mundial, desde o Brasil até a Índia, ela está em todos os lugares do mundo, e Blazy já estava conquistando seu próprio espaço na cena. Além disso, a ‘Tandava’ foi a única música de Psytrance que ficou no Top 50 virais do Spotify. Bom, DJs começaram a conhecer o trabalho dele e entraram em contato por causa do seu talento. Seu primeiro registro fora de território brasileiro foi na Austrália, mas Blazy seguia com outra linhagem de som.

Blazy entre os virais nacionais no Spotify. Foto: Reprodução/Spotify.

 

Com muita experiência de palco graças às turnês internacionais e nacionais que ele já fez, Blazy se identifica muito com a cena internacional. Voltando dos últimos shows que realizou em Israel e Alemanha (The Butterfly Effect e Voov Experience), a experiência foi reveladora. Percebeu coisas no qual precisa evoluir e se adaptar, viu quanto o som dele já condiz com a cena de fora, e que o mundo não só é Brasil.

O Psytrance surgiu em Goa, na Índia, no fim dos anos 80 e chegou ao Brasil logo após seu surgimento, no começo dos anos 90, e foi se popularizando até chegar no que sabemos o que é uma festa rave e o trance hoje. A influência de Israel é muito grande nisso e aqui vamos te explicar o porquê: O serviço militar em Israel é obrigatório e todo jovem de 18 anos precisa cumprir esse serviço, então após servirem o país eles viajam o mundo todo (sim, isso é muito comum).

Diante a isso, jovens Israelenses voltando de férias da Índia ficaram encantados com o ritmo musical que conheceram em Goa. Hoje, Israel é a meca do Psytrance, com os maiores DJs e produtores do gênero do mundo e não é um som oprimido. É super comum e “normal” você curtir música eletrônica e ser algo psicodélico, então Psytrance passou a ser tradição. Artistas como Astrix, Dekel, Infected Mushroom, Bliss, Vini Vici/Sesto Sento, Skazi, Ace Ventura, Blastoyz, Pixel e muitos outros fazem parte desse time.

Em menos de 3 meses, Blazy retornou a Israel duas vezes; The Butterfly Effect foi a última festa que ele tocou, a repercussão foi muito positiva e é notável que um espaço no coração de Israel o brasileiro está ganhando também:

Hoje em dia, os países que mais consomem tal estilo musical são: Israel, Brasil, Alemanha e Austrália. Tirando a Alemanha, os restantes dos países são países quentes que sempre propõem festas raves, aprontam grandes eventos ao longo do ano e é sempre uma grande celebração ao Trance.

Além de ter pisado em países como África do Sul, Israel, Austrália, Índia, México, França e muitos outros, Blazy recentemente compareceu a um dos festivais referências do movimento Trance: Voov (conhecida também como Vuuv).

A VooV é considerada por muitos a responsável pela disseminação do psytrance por toda a Europa. É, de fato, um dos festivais de psytrance mais antigos e ainda em funcionamento do mundo, e o primeiro do continente. O festival acontece anualmente em Putlitz, na Alemanha e é conhecido por seus incríveis shows pirotécnicos, decoração suntuosa e instalações de arte, juntamente com uma line-up repleta de artistas incríveis. O jovem de Pelotas, no sul do Brasil, foi parte da grande história deste festival.

A importância de Blazy para o Brasil é de grande imensidão. Não só como inspira jovens à produção e a ingressar no Trance com muita dedicação, como também desperta um olhar das pessoas de fora para o Brasil em vários sentidos. Em festas nacionais que temos, produções musicais 100% nacionais, em novos DJs e produtores daqui, e por aí vai. A cena do Psytrance é muito aberta e engloba infinitas vertentes e tipos de festas que nem sabemos que existem. É também fundamental essa sua ascensão na gringa para seus próximos passos na sua trajetória como artista.

Blazy durante apresentação no VooV. Foto: Divulgação.

Como se não bastasse todo esse sucesso, no mês de Setembro o artista se apresentará em um dos maiores festivais do mundo, o Rock in Rio, no dia 09 de Setembro. Blazy está entre os brasileiros mais escutados nas plataformas de streaming e está gigante.