Anderson Noise lança single com suporte de Carl Cox e conta sobre sua carreira

Anderson Noise é um dos maiores nomes da música eletrônica brasileira. Anderson iniciou a sua carreira tocando Acid House, em 1988, depois disso, o DJ se consolidou no Techno, onde acabou ganhando grande destaque nacional e internacional. Durante seus mais de 30 anos de carreira, Noise já tocou em mais de 32 países, além de ter lançado mais de 100 singles. Foi responsável pela criação da primeira rádio online de música eletrônica do Brasil, a Radio Noise, em 2001 e pela criação da Noise Music, sua gravadora.

Anderson foi, por muito tempo, o maior nome da música eletrônica brasileira, sendo eleito o melhor DJ do Brasil por duas vezes consecutivas pela DJ Mag Brasil, além de figurar no Top 100 DJs da DJ Mag por 3 anos seguidos. Noise é, inclusive, o primeiro DJ brasileiro a entrar no famoso ranking da DJ Mag, ao lado de Wrecked Machines, projeto de PSY Trance do Gabe.

Anderson Noise
Reprodução: Anderson Noise / Mineirão – Foto por: Fabio Mergulhao

Residente do D-Edge desde a sua criação, Anderson já recebeu diversos suportes da lenda Carl Cox, inclusive de seu recém lançado single “Studio 2057”. Em entrevista, Noise conta um pouco sobre seu novo single e sobre sua carreira de mais de 30 anos de sucesse. Confira!

WiR: Você tem um single que foi lançado hoje pela Transa Records, o “Studio 2057”. Poderia nos contar mais sobre esse single?

Anderson Noise: “A “Studio 2057” eu fiz pensando para quem gosta de House, Disco e Techno. Estou muito feliz com o resultado desta track e principalmente como as pessoas estão reagindo com ela na pista.”

WiR: Recentemente você recebeu suporte do Carl Cox. Você poderia nos contar sobre esse single e qual a sua reação ao ver o suporte dessa lenda?

Anderson Noise: “Sempre que tenho algo relevante envio para o Carl Cox e, no caso da “Studio 2057”, quando eu a terminei, pensei que essa track está a cara do Carl Cox e eu preciso enviar logo para ele. No sábado 26/03 pela manhã recebi a mesma mensagem do M0B, Sugar Hill e Natema, donos da Transa Records, que tinham recebido uma notificação que o Carl tinha tocado a “Studio 2057″ no Ultra Music Festival Miami 2022. Chegando no sábado à noite, ele tocou novamente! Dali começamos assistir e acompanhar posts que as pessoas estavam fazendo da apresentação dele. No domingo eu realmente não esperava que ele tocasse novamente a track no UMF. Assistimos e festejamos o Rei tocando “Studio 2057” por três noites consecutivas no mesmo festival!!

WiR: Você e o Carl Cox já se conhecem e fizeram uma tour juntos no passado… quando essa amizade e parceria começou? Vocês ainda se falam atualmente?

Anderson Noise: “Conheci o Carl Cox em sua primeira turnê no Brasil produzida pela Bavaria Vibe, no carnaval 2002, que passou pela capital carioca, Maresias e Búzios. Meses depois ele me indicou como FUTURE DJ HEROES para a DJ MAG (UK). Incluiu track minha em compilações dele, fez um lindo depoimento parabenizando os 15 anos do Noise Music em 2014 e também me convidou para tocar na tenda dele no UMF. Sempre que tenho algo relevante, apresento pra ele.”

WiR: Você se apresentou no Surreal, um grande projeto do Ratier. O que você pode nos falar sobre as suas apresentações e sobre o Surreal?

Anderson Noise: “Foi um privilégio poder tocar no Surreal três vezes e em datas tão importantes. No dia 26/12/2021 na Inauguração, eu e o Renato Ratier fizemos um animadíssimo B2B na Pista Bells, que muita gente que presenciou elogiou bastante esta apresentação. No Réveillon, voltei ao Bells desta vez sozinho, fazendo um set bem mais pesado e assistindo ao primeiro pôr do sol de 2022. E no mês passado toquei na noite de encerramento do Festival Surreal no Palco Nomad e, novamente saindo da cabine querendo voltar logo. Falar sobre o Surreal, é falar sobre uma experiência surreal mesmo, O Surreal não pode ser tratado como um Club porque são vários clubs em um. Eu sempre chamo de “Complexo”, quero dizer, “conjunto de diversos espaços”, que permite produzir eventos que vão te fazer ter sensações diferentes, pela forma como o Renato arquitetou mais este lindo projeto. Faz você ter a impressão que está num Festival mas aí você anda um pouco e já sente que está em clube gigante. Ao meu ver, o Surreal está cotado para ser um dos espaços mais importantes do planeta!

WiR: Você e o Ratier já trabalharam juntos algumas vezes, você poderia nos contar mais sobre essa amizade e essa relação de sucesso? Podemos esperar novas parcerias?

Anderson Noise: “Eu trabalho com o Renato antes dele fundar o D-Edge em Campo Grande em 2000. A primeira festa que toquei dele foi em 1997 lá em CG. O conheci na casa do Paulinho Silveira em 1996 e rapidamente nos tornamos grandes amigos. Esta relação de sucesso vem da nossa grande admiração e respeito de ambas as partes pelo trabalho um do outro. Já as parcerias (RISOS), a maior delas é sem dúvida nossa rapidez para fazer humor. Falando sério agora, mas o mérito de 99% dos projetos que estou envolvido no Grupo D-Edge e Surreal são do Renato. Sou extremamente grato pelas maravilhosas oportunidades que ele me deu. Já arquitetamos poucos projetos, o último foi o Aniversário de 21 anos do D-Edge no teto do Estádio do Mineirão onde a Radio Noise transmitiu.

WiR: Em 2001, lançou a primeira rádio online de música eletrônica do Brasil. Conta para a gente um pouco da criação da Radio Noise até a sua retomada no ano passado.

Anderson Noise: “A Radio Noise foi criada porque eu não aguentava mais gravar sets e ficar entregando os CDs para a turma que me curtia naquela época. Aí quando houve a possibilidade destes sets serem colocados na rede, conversei com Felipe Vazquez que na época trabalhava no UOL , que então, se tornou o provedor dos programas. Foram 812 edições, difundidas em 25 estações de rádios em 14 países. A retomada foi na pandemia e por causa de várias chamadas que o DJ Marky me deu para voltar, então comecei a fazer os programas em casa. Porém, um tempo depois eu tive uma crise de pânico em casa e o Lelê Deputamadre, grande amigo meu, dois dias depois deste surto me jogou no carro dele em direção a Trancoso – BA, fazer uma temporada da Radio Noise no Casa Clube, com vários DJs que estavam por lá, inclusive a Carla Elektra que meses depois se tornou minha parceira. E ainda tive a linda oportunidade de fazer os 33 Anos de Barulho Teatro L’Occitane Trancoso. Com a minha entrada da D.Agency unimos a Radio Noise ao Grupo D-Edge. Por causa da abertura dos Clubes e Festivais tive que interromper novamente a programação, mas voltamos em breve!”

WiR: Em 2001 você inovou a cena criando a Radio Noise, hoje temos o Matteo, do Tale Of Us, inovando a cena com a criação de NFTs. Qual a principal diferença que você vê entre essas gerações de DJs e produtores?

Anderson Noise: “O mundo é outro hoje, a primeira diferença que vejo é que naquela época você precisava de dois toca-discos, um mixer e vários vinis para construir um set, hoje você faz tudo pelo computador, ou até mesmo um telefone! É impossível comparar como trabalhávamos há 20, 30 anos atrás, hoje os grandes nomes trabalham com um grande time por trás e várias empresas produzindo conteúdos, palcos absurdos e estratégias que custam muito dinheiro.

WiR: Hoje vemos uma grande alta do Techno, e podemos ver também uma comercialização e acessibilidade maior no Techno. Como você avalia essa alta do gênero?

Anderson Noise: “Acho que esta é a pergunta mais difícil que você fez, o Techno cresceu muito mas tem muitos gêneros e DJs que estão utilizando do nome Techno porque está em alta. Isto ajudou muito o gênero a crescer no Planeta sim, lógico, mas agora eu pergunto, com a explosão que o Tech House vem tendo será que alguns gêneros vão continuar com o Techno agregado no nome ou vão virar Tech? Vão jogar o NO do TECHNO?? NO lixo?”

Anderson Noise
Reprodução: Anderson Noise – Foto por: Fabio Mergulhao

WiR: Para finalizar, poderia nos contar um pouco do seu projeto Nie Myer? Como surgiu e quais os próximos planos?

Anderson Noise: “O Nie Myer é um projeto composto por mim, Henrique Portugal e Lelo Zaneti, integrantes do Skank. Este encontro se resume em uma amizade de longa data, vontade de misturar estilos diferentes e um respeito mútuo são os ingredientes para a criação da nossa música. Referências que vem de uma época onde valores estéticos, musicais e culturais brasileiros se espalharam pelo mundo. Os ingredientes vem do jazz, bossa nova e música eletrônica. Não importa se é acústico ou digital, harmonias complicadas ou poucos acordes. Já temos cinco singles lançados, o primeiro com o Mestre Milton Nascimento e o último com a Emanuelle Araújo. No Segundo semestre lançaremos cinco tracks pelo label dsrptv rec, duas destas faixas tem a participação do nosso amigo L_Cio.

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