André Rech e Armonique apresentam o EP “Evacuation”, com remix de Ella Whatt

Em uma noite de outubro de 1938, Orson Wells – muito antes de se tornar um renomado cineasta – narrava em um programa de rádio uma dramatização de “A Guerra dos Mundos”, uma história sobre uma invasão alienígena. Com uma abordagem e performance realista, a transmissão saiu de contexto, causando uma histeria coletiva na comunidade, que acreditava que era uma narração verdadeira e que o planeta terra se encontrava em perigo. Por quarenta minutos, o pânico foi instaurado até o ponto de interromperem a transmissão e revelarem que se tratava apenas de uma ficção.

Esta é uma das situações que originaram o Analog Horror, um subgênero do terror pautado em histórias e contextos realistas, caracterizados pela baixa resolução de imagem e som, mensagens enigmáticas e efeitos que lembram transmissões de TV e rádio dos anos 1940 a 1990. O gênero ficou muito conhecido nos anos 2010, se popularizando através de plataformas de streaming e canais fechados, chegando a inspirar filmes e séries de terror como Arquivo 81 ou Skinamarink.

Mas, não é apenas no audiovisual que este estilo se tornou referência. O terror analógico também tem influenciado o universo da música, como mostra o novo lançamento de André Rech e Armonique, “Evacuation”, que chegou às plataformas nesta sexta-feira (26), pela Synce Records.

A inspiração para esta produção surgiu, primeiramente, a partir dos conflitos e contextos de guerra que têm sido noticiados no último ano. Com o pensamento e preocupação ligados a estes fatos, Armonique teve a ideia de trazer esta mensagem através do Analog Horror, utilizando um dos áudios produzidos pelo Youtuber The Animatorsz, que narra uma história da Guerra Fria, similar à realidade que o mundo se encontra hoje.

Com a demo de André Rech, que já continha baixos e beats potentes, e um conceito diferenciado, a faixa foi ganhando forma e Armonique passou a experimentar diferentes synths e arranjos que levaram a produção a um novo caminho, convidando o ouvinte a este mundo de ficção retrô e obscuro.

O lançamento ainda traz uma segunda abordagem, que segue a proposta da versão original, mas acrescenta o ritmo, dinamismo e experiência de ninguém menos que Ella Whatt. A artista esteve afastada dos estúdios no último ano, dedicada às suas outras facetas do mundo artístico, mas retorna em grande estilo, se aventurando pelas linhas do Indie Dance, gênero que tem uma grande afeição e que frequentemente flertava em seus sets.

 

Para a sua releitura da faixa, Ella manteve a atmosfera instigante proposta pela faixa, mas traz um contraponto ao elevar a melodia dançante e enérgica, com arranjos mais simples, camadas e texturas sóbrias e menos presença de vocal, tornando os synths e beats como protagonistas. A artista ainda lançou um clipe do remix em seu canal do Youtube, trazendo a estética do Analog Horror para os visuais:

Seguindo a proposta do Analog Horror, o lançamento também promete um efeito em massa, mas desta vez, focado na euforia coletiva que deve impactar as pistas ao soar pelas caixas de som. A proposta tem sido atingida com maestria e em seu primeiro dia de lançamento, alcançou charts da curadoria do Beatport, além de entrar no Top 100 Hype de Indie Dance com as duas faixas do EP.

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