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Benjamin Ferreira e Bernardo Pinheiro falam sobre o novo EP “Benja & Berna”

Benjamin Ferreira e Bernardo Pinheiro, nomes consagrados nas pick-ups brasileiras, finalmente fazem seu primeiro release oficial juntos pela gravadora inglesa Midnight Riot.

Benjamin Ferreira e Bernardo Pinheiro se conheceram em Belém-PA, há mais de duas décadas, através do coletivo Cotonete, que buscava fomentar a cena local. Desde então, Bernardo, então músico, e Benjamin Ferreira, que cresceu entre pick-ups, se uniram pelo amor à música, criando edits e se apoiando nas mais diversas empreitadas no meio musical.

O primeiro lançamento oficial da dupla consiste em um EP com três faixas, sendo uma faixa de cada um e uma collab entre os dois, trazendo samples de faixas de disco e boogie raras e será realizado pelo selo inglês Midnight Riot, que já lançou nomes como Dr Packer, The Blessed Madonna, Michael Gray, Dave Lee (aka Joey Negro), Art Of Tones e DJ Memê, entre muitos outros.

A faixa “Body”, collab entre os dois, já ganhou destaque na plataforma Traxsource, sendo elencada na lista Weekend Weapons da plataforma na última semana, e serviu de trilha sonora para o desfile do Projeto Ponto Firme, realizado no Copan no último sábado (09/12).

Tivemos a oportunidade de bater um papo com Benja e Berna para saber um pouquinho mais sobre este lançamento tão aguardado. Confira:

WiR: Oi, pessoal! Tudo bem? Obrigada por concederem esse bate-papo para falar desse lançamento que estamos ansiosos para ter nas playlists.

Benjamin Ferreira e Bernardo Pinheiro: Olá, pessoal! Tudo bem por aqui, e com vocês? Nós que agradecemos o convite! Felizes por estarmos aqui com vocês!

WiR: Bom, sabemos que hoje vocês são pilares da cena eletrônica paulistana, trazendo as bandeiras da house music e disco, mas sabemos que a amizade vem desde a época em que vocês moravam em Belém. Como foi esse encontro?

BF: Obrigado pelas palavras! Conheci o Bernardo uns vinte anos atrás, ou mais. Eu fazia parte de um coletivo chamado Cotonete, cujo objetivo era divulgar a música eletrônica underground em Belém (nossa cidade natal) através de festas, programa de rádio, fanzine, etc. Bernardo era músico e eu era DJ, e a partir desse momento nossas trajetórias se cruzaram e nunca mais se separaram. Bernardo se junto ao nosso coletivo e entrou de cabeça na discotecagem. Eu comecei a aprender muito com os seus conhecimentos de músico. Alguns anos depois mudamos pra São Paulo e chegamos a produzir alguns edits, mas Bernardo voltou pra Belém por um período. Hoje, ele está de volta à capital paulista e finalmente damos continuidade a essa parceria tão importante pra mim!

BP: O ano era de 2001, e eu já tinha ido em algumas festas de música eletrônica em Belém, mas acho que uma em especial mudaria toda a minha vida, e essa festa foi do Cotonete, projeto idealizado pelo Benjamin e a Michelli Byanka. Nessa época eu ainda tocava com a minha banda de rock, mas estava com meus olhos praticamente todos virados para a música eletrônica e a cultura de djs, então lá fui eu e tive uma noite incrível. Além do Benja, Michelli e o Henry, tinha um dj de São Paulo como convidado, o Spiceee, dj de techno e hard techno, estilo que bombava em Belém na época. Mas não foi o estilo em si que me chamou mais atenção e sim toda a energia que uma festa tem, a conexão do dj com a pista, a dança, as mixagens, e claro, as músicas. Conheci também pessoas incríveis que até hoje são muito próximas e muito queridas. Pois então, depois de ter digerido toda aquela noite, consegui o e-mail do Benja através de uma lista de discussão que tínhamos em Belém na época chamada Belgrooves e escrevi a ele me apresentando e contando tudo que havia acontecido comigo naquela noite e o quanto aquela noite foi especial pra mim e para a minha vida. Daí então são 22 anos de amizade e parceria, vitórias, derrotas e muitas histórias guardadas em nossa memória, mas nunca imaginei que um dia estaríamos lançando um EP juntos por um grande selo internacional. É incrível fazer música com alguém de uma bagagem musical tão forte como a do Benja. Muito obrigado amigo!

WiR: Esse EP traz referências fortíssimas de disco e boogie, com uma pesquisa refinada fugindo ao óbvio. Como foi esse processo de pesquisa? E como essas referências foram implementadas na produção?

BF: As três faixas são baseadas em samples. A minha já estava pronta há mais de dois anos e tem origem em uma faixa americana obscura de boogie de 1983. A de Bernardo também é bem rara, mas é brasileira, apesar dos vocais em inglês, e vem da década de 1970. A que fizemos juntos sampleia uma música menos conhecida de uma famosa banda americana. As referências são sempre implementadas na nossa produção de um jeito bem orgânico: começamos picotando as fontes de samples, às vezes em pedaços maiores, outros, menores. Daí, vamos escolhendo os elementos novos e adicionando pra ver o que combina. A preocupação com o arranjo vem desde o início, mas ele começa a tomar forma mesmo lá pelo meio do processo.

BP: Uma das coisas que eu mais piro é esse lance da pesquisa musical, que pra mim, é diária. A gente consegue se conectar com o mundo inteiro. A cena disco boogie no Brasil é realmente fascinante, cheia de tesouros obscuros escondidos e a minha faixa “Trepdance” já vinha trabalhando há um tempinho, a gravação original não foi muito bem gravada, por isso eu regravei todos os instrumentos como guitarra, baixo, teclados, synths e criei uma nova linha de bateria e percussão. A “Body” foi muito divertido de fazer porque usamos um sample de um artista que eu e Benja amamos e conseguimos fazer uma outra parada totalmente diferente.

WiR: A gravadora britânica Midnight Riot completou pouco mais de uma década e já se consagrou como uma das mais influentes dentro da disco music, conforme o ranking da Mixmag. O que essa parceria internacional representa para vocês, considerando a grande expressividade da disco music no Reino Unido?

BF: Esse é meu segundo release pelo Midnight Riot. O primeiro saiu em 2018. Também lancei faixas separadas em coletâneas do selo. Yam Who? é o DJ e produtor inglês que cuida do selo incansavelmente, e sempre me apoiou muito, então me sinto em casa nesse lançamento e muito feliz em dividí-lo com meu irmão Berna. É ótimo poder lançar por um selo que nos dá credibilidade, que faz nossa música chegar a vários cantos do mundo e vários DJs que admiramos muito.

BP: Representa muito. Por toda nossa história. Eu e o Benja fizemos nosso primeiro edit há mais de 10 anos e nunca mais fizemos nada até então. E agora veio nosso primeiro release juntos. A Midnight Riot é um selo grande, e estar no mesmo barco que grandes djs e produtores, é bom demais. É muito doido ver nossa música tocada por djs do mundo inteiro, a gente não faz ideia do quão longe a gente pode chegar através da música.

WiR: Por último, o que podemos esperar dessa dupla incrível nos próximos meses?

BF: Tocamos juntos dia 16 na Pista Quente, uma das principais festas de São Paulo da atualidade. Além disso, já estamos trabalhando em remixes e produções próprias. Nossas agendas nem sempre batem e por isso produzimos juntos menos do que gostaríamos, mas a vontade de ambos é sempre imensa, então podem contar que ano que vem vai sair mais coisa nossa!

BP: Eu estou super empolgado com o retorno que o EP tem nos dado. A gente tem feito esforços pra se encontrar e produzir. Já demos início a outras produções e também vem aí um remix.

O EP já está disponível nas plataformas Traxsource e Bandcamp e em breve entrará em todas as plataformas de streaming. Fique atentx!

Maria E. Pisani

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Maria E. Pisani

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