No último domingo (05), aconteceu a sexagésima quinta premiação do Grammy e, para surpresa de muitos aficionados pela música eletrônica, o single “Break My Soul” da diva pop Beyoncé levou o prêmio na categoria de Melhor Gravação Dance/Eletrônica. O resultado da premiação gerou discussões sobre a categoria e a classificação usada pelo comitê.
O hit de Beyoncé chamou atenção do público da música eletrônica, desde seu lançamento, por apresentar características da House Music. O single deriva, na verdade, do estilo nascido na África do Sul, durante os anos 1990, denominado Kwaito.
O estilo nasceu com a chegada da House Music aos guetos sul-africanos, se misturando com influências do Hip-Hop, Soul e outros estilos locais. O Kwaito possui uma estética única com vocais falados e/ou aos gritos, batidas recheadas de groove inspirado no Soul e R&B e caracteristicamente 110 batidas por minuto.
Ainda, destaca-se o valor político-social do Kwaito. Na década de 1990, a nação sul-africana se encontrava no período de reintegração após o Apartheid sob o governo de Nelson Mandela. Com isso, a “re-globalização” sul-africana abriu as portas para novas influências internacionais que afetaram a cultura, o comportamento social e trouxeram novas inspirações para uma juventude que fora outrora oprimida.
Assim, o Kwaito nasceu como uma possibilidade de expressão, trazendo um forte sentimento de liberdade para a população, como um suspiro após a opressão. As letras de Kwaito trazem esta mensagem de liberdade e força, e, somado às batidas envolventes derivadas da House Music, o gênero se tornou um símbolo da identidade cultural da juventude sul-africana.
O grupo Boom Shaka foi responsável pela consolidação do novo estilo e, até hoje, é um sinônimo de Kwaito. Arthur Mafokate, por sua vez, criou hits marcantes como Kaffir e também foi responsável por impulsionar a vertente no país com seu grande trabalho cultural com sua gravadora, a 999 Records.
Pode-se dizer que o Kwaito estendeu suas influências para toda a cena musical no país. Brenda Fassie, também conhecida como a Rainha do Pop Africano, passou a tratar de temas sociais em suas canções inspirada pelo novo estilo. O grupo Trompies, por sua vez, atua até hoje fortalecendo os valores do Kwaito e passando para as novas gerações essa identidade tão única.
No início dos anos 2000, Mandoza foi o responsável por globalizar o Kwaito com seu álbum Nkalakatha. O projeto trouxe atualizações ao gênero, com novas influências do Hip-Hop e R&B estadunidenses, impulsionando as vendas e pavimentando o caminho para grandes estrelas do Afro House de hoje, como os DJs Black Coffee e Enoo Napa.
É evidente que o Afro House atual se distanciou do Kwaito dos anos 1990. Contudo, a ligação de ambas as vertentes com a House Music são nítidas. Sendo assim, “Break My Soul”, ao trazer elementos tão marcantes do Kwaito, é, de fato, uma variante da tão abrangente House Music.
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