Do techno ao trance: como foi a primeira KNTXT no Brasil

Na terça-feira, dia 01/11, aconteceu a estreia da KNTXT no Brasil. A label party de Charlotte de Witte foi fundada em 2015 no lendário clube Fuse em Bruxelas, na Bélgica, e o local escolhido para receber o evento foi a Arca, em São Paulo.

KNTXT significa força, pureza e progressão dentro de uma cena vibrante e em constante evolução do Techno. As expectativas eram altas, pois a Arca vem recebendo eventos de grande porte como Afterlife, Anjunadeep e HOLO by Eric Prydz, e surpreendendo nos quesitos estrutura e organização. Quatro nomes foram responsáveis por comandar os decks: Acid Asian, Enrico Sangiuliano, Charlotte de Witte e Indira Paganotto.

Foto: Alisson Demetrio | Charlotte de Witte

A primeira impressão que tive ao chegar no evento foi a estrutura e cenografia do palco que tinha como peça central um conjunto de painéis de LED formando um X seguindo uma estética pixelada, mesma proposta estética adotada pela identidade visual da label.

Esse telão era inclinado e incidia sobre a pista, trazendo uma sensação de imersão e de uma quebra das barreiras entre a pista e o palco. Atrás dele foram colocados diversos moving heads, luzes que se movimentam livremente, mudam de cores, efeitos, e quando combinadas com fumaça, projetam um feixe luminoso.

Outras luzes foram posicionadas ao redor do espaço da pista ressaltando a arquitetura industrial da Arca, que combinou perfeitamente com a proposta e sonoridade do evento. Além disso, a atenção aos detalhes era perceptível, um laser localizado no final da área da pista de dança projetava feixes que eram sincronizados com as animações do telão, realçando a sensação de tridimensionalidade e imersão. No vídeo abaixo, você pode conferir os detalhes do telão do evento.

Como de costume nos eventos da Arca, a estrutura do evento foi bem pensada, contando com banheiros e bares nas duas laterais da pista, uma área lounge para descanso, banheiros e chapelaria na parte traseira, e uma área de alimentação com diferentes opções de alimentos na parte externa do recinto.

A área VIP contava com bares em ambos os lados e banheiros exclusivos atrás do palco. O evento possuía ótimas sinalizações e era fácil se localizar.

O nome responsável por iniciar a noite foi Fábio Seiki, conhecido como Acid Asian, O brasileiro foi convidado para abrir a primeira edição da KNTXT no Brasil após receber suporte na sua track “Break into Acid”, tocada por Charlotte no Tomorrowland 2022. O artista deixou claro o motivo de ser chamado para esta missão, entregando um set repleto de peso e energia, que transitava entre diferentes influências do Hard e Acid Techno.

Foto: Alisson Demetrio | Acid Asian

Em seguida, Enrico Sangiuliano assumiu a pista e iniciou o set com uma intro atmosférica que deixou em evidência sua veia experimental. O renomado produtor e DJ italiano entregou um set massivo, energético e recheado de timbres que fugiram do óbvio. Misturando influências melódicas, experimentais e orgânicas, o artista conduziu a apresentação com momentos hipnóticos e momentos dançantes, misturando clássicos com tracks inéditas e produções autorais aclamadas pelo público. Ao fim do set, entregou a pista para sua companheira, Charlotte de Witte.

Foto: Alisson Demetrio | Enrico Sangiuliano

A DJ e produtora belga, fundadora do selo KNTXT, é um nome que segue em ascensão há alguns anos conquistando marcos como a primeira mulher e projeto de Techno a fechar o Mainstage do Tomorrowland e atingindo a 14ª posição no ranking Top 100 DJs da revista inglesa DJ Mag.

Charlotte deixou claro o motivo de tamanha relevância e o porque consegue cativar diferentes tipos de público, entregando um set com uma pesquisa muito bem feita e transitando entre diferentes influências. Rolou Acid, Industrial, Hypnotic, Peak Time e, como já havia mostrado em apresentações anteriores, uma forte influência do Trance. Com um BPM mais elevado e um enorme carisma, a artista fez a pista dançar do início ao fim do set, transmitindo com clareza o conceito da KNTXT.

Foto: Alisson Demetrio | Charlotte de Witte

Para fechar a noite com chave de ouro, a espanhola Indira Paganotto assumiu os decks com muita energia. Com um som de peso e transitando entre o Psy Trance (herança que herdou do pai, que tocava como DJ de Psy em Goa), Acid e Techno, a artista esbanjou presença de palco e simpatia durante toda sua apresentação, fazendo a pista dançar, literalmente, até o ultimo segundo. Indira entregou um set ousado que, apesar de já conhecer seu trabalho, me surpreendeu muito positivamente. Ao fim da apresentação rolou até um coro de “eu não vou embora” na pista.

Foto: Alisson Demetrio | Indira Paganotto

Em conclusão, a KNTXT estreou em terras brasileiras com muito sucesso. O evento conseguiu transmitir muito bem o conceito da label através da combinação dos fatores audiovisuais, curadoria e organização. A Arca foi uma ótima escolha para sediar a festa, tanto pela estrutura e organização, quanto pela estética e proposta arquitetônica que encaixou muito bem com a KNTXT. Os artistas conduziram a noite sabendo muito bem interpretar a pista de forma progressiva e harmoniosa, cativando o público do início ao fim. Portanto, estou ansioso para saber os próximos passos dessa parceria e os projetos futuros que podem vir a acontecer no Brasil.