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Conheça o ADE Lab

Entre 19 a 23 de outubro de 2022, a cidade de Amsterdam recebeu novamente o Amsterdam Dance Event (ADE), retomando o formato presencial após a pandemia. Este ano, o ADE uniu duas modalidades de conferência já realizadas em edições anteriores, o ADE Sound Lab e o ADE University, dando origem ao ADE Lab, que ocorreu de 19 a 22 de outubro.

Com preços mais acessíveis e focado em atender o público curioso sobre a indústria musical e os novatos na cena, o ADE Lab ofereceu uma grade completa com workshops com equipamentos de ponta, painéis com grandes nomes do mercado e mentorias diretas com gravadoras e empresários renomados. Carl Cox, Oliver Heldens, Ellen Allien, Nicky Romero, Peggy Gou e KiNK foram alguns dos nomes a participarem do circuito de palestras e painéis.

O ADE Lab também contou com uma programação oferecida por diversas plataformas, como Spotify, Soundcloud, Youtube, TikTok e Bandcamp, trazendo uma nova perspectiva sobre o uso de ferramentas dentro das plataformas para impulsionar o alcance de seus conteúdos. Os painéis trouxeram visões aprofundadas acerca do funcionamento de cada plataforma e seus algoritmos, com dicas de como usufruir da maneira mais completa das ferramentas oferecidas.

Com sessões diárias de apresentação de demos, o programa também proporcionou a oportunidade de exposição de novos talentos e a descoberta dos nomes do futuro. As sessões diárias, chamadas Daily Demopitches, foram divididas entre os mais diversos gêneros da música eletrônica, de modo que em cada dia a banca era composta por integrantes das principais gravadoras e plataformas de distribuição daquele gênero específico. Isso trouxe a oportunidade de contato direto entre produtores e gravadoras e plataformas, deixando o processo de seleção de demos mais tangível para os iniciantes na carreira.

Para o envio das demos, os artistas deveriam realizar uma inscrição prévia ao chegarem na central do ADE Lab, o Brakke Grond, para que a organização encaminhasse os materiais diretamente para a banca. Esse procedimento possibilitou maior privacidade aos iniciantes mais tímidos. Por outro lado, alguns astros e plataformas criaram competições de demos entre os participantes, oferecendo feedbacks crus ao vivo, perante a uma plateia.

Na frente de inovações em equipamentos e tecnologias, o programa ofereceu diversos workshops em parceria com marcas de renome como Ableton, AIAIAI, Focusrite/Novation, Moog, Native Instruments, Roland, Teenage Engineering e Universal Audio, que disponibilizaram produtos de última geração para que os participantes pudessem experimentá-los. Com três áreas dedicadas a produtores e equipamentos, o Brakke Grond se tornou palco de grandes produções e fomentou collabs inéditas. Ainda, diversas masterclasses com artistas de alta relevância na cena mundial fizeram parte desta grade recheada, abrangendo diversos temas, desde a produção de um hit até a montagem de um live set.

E com a grande expansão do metaverso, a programação incluiu painéis sobre NFTs, Web3 e os efeitos da inovação tecnológica na disseminação da arte em todas as suas formas. As palestras oferecidas variavam desde os conceitos mais básicos, para aqueles que queriam se familiarizar com o novo caminho da arte, até temas mais complexos, que se desdobram dentro do multiverso.

Devido à grande exposição do evento, as pautas socioculturais não poderiam ficar de fora. Painéis sobre questões de gênero, raça e saúde mental fomentaram discussões essenciais e deram voz a temas suprimidos pela maioria da indústria, como o crescimento das figuras femininas na cena, o embranquecimento da cena house e o burnout, por exemplo. Com isso, discussões enriquecedoras e até mesmo novos projetos focados em criar maior equidade na indústria e no apoio psicossocial surgiram entre os palestrantes e o público.

Ainda, em parceria com a ONG Sync Inspire CIC, de apoio e acolhimento de pessoas com deficiências visuais, o ADE Lab criou painéis e workshops buscando a inclusão desta parcela da população que muitas vezes é esquecida pela maioria da cena. O principal foco do projeto foi conscientizar o público sobre os desafios enfrentados por aqueles com algum tipo de perda visual, bem como estimular a inclusão dos mesmos.

O sucesso do ADE Lab foi certeiro. As diversas conferências, workshops e competições de demos originaram parcerias inéditas e abririam caminho para os artistas do futuro criarem sua trajetória. O espaço criado para diálogo de equidade nesta edição se perpetuará com projetos idealizados durante a conferência deste ano. A busca por crescimento artístico e maior inclusão sempre serão uma constante motivação para as próximas edições.

Maria E. Pisani

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Maria E. Pisani

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