Das lentes para os decks: conheça Meriva, projeto de Fabrizio Pepe

Fabrizio Pepe é um velho conhecido dos fãs de música eletrônica, ele é responsável pelas fotos de vários artistas da cena nacional e internacional, além dos maiores festivais de música eletrônica do país. Formado em Publicidade e Propaganda, Fabrizio começou a atuar como fotógrafo em 2013, cobrindo eventos como Rock In Rio, Só Track Boa, Universo Paralello, Ultra Brasil, Tribe, Warung Day Festival, XXXperience, Kaballah e Lollapalooza, além de festivais internacionais como Burning Man, Tomorrowland, Ushauaia, Mysteryland, EDC México, e outros registros pela Ásia, Américas, África e Europa.

A novidade porém, é que Fabrizio, ou Pepe, como é conhecido, lançou seu projeto como DJ sob o pseudônimo Meriva. Durante a live histórica de 50 horas realizada por Vintage Culture, amigo e DJ com que Pepe já realizou vários trabalhos, Fabrizio participou da live durante sábado e domingo, totalizando quase 7 horas de música.

Em entrevista, Pepe conta um pouco sobre a sua carreira de fotógrafo, sobre a sua paixão por música eletrônica e cenografia, e nos fala ainda sobre como surgiu a ideia de iniciar seu projeto como DJ. Meriva já deu seus primeiros passos para iniciar sua carreira, confira:

(Créditos: Aline Gijon)

Como foi o início da sua carreira como fotógrafo?

Fabrizio: “Eu sempre gostei muito de música eletrônica, muito antes de ser fotógrafo, eu comecei a fotografar faz 9 anos mais ou menos. E pouco tempo depois, uns 6 meses, eu já estava fotografando na noite. Uma amiga me chamou para trabalhar em uma baladinha onde ela já trabalhava, ela não queria mais trabalhar lá e ela me jogou para o lugar dela. De lá e eu comecei a fotografar muitos clubs, mas nada muito eletrônico! Fiz muito funk, pagode, festas universitárias e um milhão de coisas aleatórias!
Eu frequentava muitos clubs eletrônicos, mas não para fotografar, porque gostava mesmo. Um dia eu estava na Clash, e um amigo meu, o Caio Maz, tinha colocado a gente na lista, ia tocar Nero, e o Ecologyk que sempre tocava lá e que era amigo do Caio. Quando acabou o show do Ecologyk, eu chamei o Caio e pedi para me apresentar, foi quando eu falei que queria ser fotógrafo dele. Na época ele aceitou e me disse que tinha R$ 50,00 para me pagar, aí eu comecei a viajar com ele e conheci vários clubs. Durante as festas comecei a fotografar outros artistas do line up e comecei enviar as fotos para eles depois dos shows, foi aí que meu nome começou a girar no mercado.”

Você já fotografou os DJs e os eventos mais famosos de música eletrônica do Brasil e até mesmo do mundo! Quando você se tocou que estava fazendo sucesso no mercado da música eletrônica?

Fabrizio: “Eu acho que foi quando começou a aparecer muita gente, porque quando criamos a Image Dealers, que era a minha produtora que não existe mais, a minha ideia era pegar todos os fotógrafos bons e trazer para o time, principalmente porque eu já não estava conseguindo cobrir todos os eventos. E foi nessa época que a coisa tomou uma proporção muito grande, pois fotografamos quase todos os festivais, tirando Tribal Tech e os festivais mais voltados para o Psy, os grandes festivais tipo XXXperience, Tribe, Kaballah, So Track Boa, Time Warp, Elrow… Mas foi nessa época que a coisa começou a pegar fogo sabe!?”

Como surgiu a sua paixão por música eletrônica?

Fabrizio: “Eu sempre escutei música eletrônica, desde criança! Eu lembro que quando eu era criança, eu tinha no meu quarto um globo de discoteca e luz negra, e eu e os meus brothers ficávamos escutando o CD do Energia. Ao longo do tempo eu fui conhecendo balada, fui conhecendo alguns lugares, já tinha Brothers que amavam música eletrônica e que me apresentaram o ‘a mais’ da música eletrônica. Eu lembro que eu sempre fui de baixar música, quando eu ouvia uma música na rádio, era mo trampo, pois você tinha que procurar a música, não tinha Shazam ,não tinha nada, aí você achava uma música e baixava todas do cara, então eu sempre fui de coletar som. E acho que desde que eu comecei a gostar mesmo de música eletrônica, eu sem curti mais um som progressivo, um Progressive House.
Aí aqui em casa durante a quarentena, eu tenho um brother que tem uma controladora e eu resolvi tocar, começar a baixar mais música… Eu já tocava há muito tempo, só que eu tocava em uma vez por ano, em churrasco de brother, ou em um after, no meu aniversário ou uma coisa assim. Agora na quarentena a coisa ficou mais séria, agora tenho minha controladora, minhas coisas de cenografia e tenho um palquinho aqui em casa, e está sendo assim na quarentena!”

Então o seu projeto hoje é de progressive house? Qual tipo de som podemos esperar do Meriva?

Fabrizio: “Eu não definiria o meu projeto com uma única vertente, mas acho que é a influência maior do meu projeto, mas eu toco muita coisa de House, Deep House e Afro House. Eu gosto de procurar sons para diversos momentos, eu procuro um som dançante, mas a influência maior é o progressivo!”

(Créditos: Thiago Xavier – Fabrizio Pepe/Só Track Boa Belo Horizonte)

Você decidiu lançar o seu projeto agora durante a pandemia, mas você já havia pensado nisso antes por que você não lançou ante?

Fabrizio: “Cara para falar a verdade nem eu ainda entendi muito que eu lancei um projeto! O que eu falo com meus amigos é que eu estou fazendo isso por diversão! Estou me divertindo muito fazendo isso, e por conta disso, durante uma live que fui fazer, eu acabei tocando em um after, e nesse after, um brother que hoje é meu mentor de produção musical, que é o Viking, disse que queria trabalhar comigo, que queria me ensinar produção pois ele tinha gostado muito do meu som, que acreditava muito em mim e que queria muito me ver tocando em outros lugares! Então é algo que eu estou fazendo por diversão, até porque eu ainda não ganhei dinheiro com isso, então ainda não posso falar que é uma carreira.
É algo que nasceu para me desestressar durante a pandemia e acabou dando muito certo! Quando fui ver já estava tocando na casa do Lukas (Vintage Culture), depois estava tocando em barzinho, depois tocava em tal lugar… sempre com pessoas que gostaram e me ajudaram muito!”

Como surgiu a ideia do nome “Meriva”?

Fabrizio: “Eu tenho uma ‘Meriva’ que é da minha família desde 2006, já tive outros carros, mas em um determinado momento da minha vida eu passei um carro para o meu pai e fiquei com a Meriva. Nessa época eu estava saindo da empresa em que eu trabalhava para abrir a Image Dealers, e não queria ficar com dívida, aí eu fiquei com a Meriva. Na época eu tinha raiva da Meriva! Primeiro porque é um carro de ‘pai de família’, segundo porque era um carro que dava muito problema comigo, então eu demorei a pegar uma paixão por ela. A paixão veio, em primeiro lugar, porque ela me leva para todos os lugares! A gente faz as cenografias de Privilege, coisas para o sul, tudo sempre com ela, vai toda carregada! Além disso muita gente da cena, inclusive até gringo, tipo Amine Edge e Shiba San, já andaram na Meriva! A Merva é sempre uma caixinha de surpresas! Tenho um milhão de histórias com ela, inclusive com o próprio Vintage Culture! E essa foi a minha forma de homenagear ela por tanta coisa que ela já trouxe para a minha vida!”

E como você se programou para se inserir nesse meio? Como você iniciar a sua carreira com a volta dos eventos?

Fabrizio: “Eu acho que vai ser algo bem natural e orgânico, não quero forçar a barra, até porque não vou deixar de ser fotógrafo, não vou deixar de ser diretor de artes, de fazer as cenografias e tudo mais! O mesmo tesão que eu tenho com música, é o mesmo que eu tenho com fotografia e cenografia, então a ideia de me inserir no mercado é a mesma da fotografia e cenografia, se rolar de tocar em um line, ótimo! Se não rolar e rolar de tocar em um after, ótimo! Essa é a ideia! O meu objetivo hoje é conseguir conciliar esses três lados do Fabrizio, e agora o Meriva!
Não pretendo largar a fotografia, pois foi ela quem me trouxe tudo isso! A fotografia além de me apresentar milhares de lugares, milhares de pessoas e oportunidades, eu vivenciei muita coisa com ela que acaba trazendo para o que eu penso de música, os lugares em que eu já fui, as pessoas que eu vi tocar… Muita coisa que eu penso em tocar é baseado naquilo que eu já vivi! Seria um desrespeito com a fotografia se eu abandoná-la!