De volta no Brasil, Bob Moses fala sobre influências, processo criativo e mais!

Para fechar o ano de 2022 com chave de ouro, o nosso último WiR Invites tem dois convidados mais que especiais. Os canadenses Tom Howie e Jimmy Vallance, mais conhecidos como Bob Moses, são os artistas convidados para o mês dezembro.

Bob Moses é um projeto de música eletrônica que vêm se consagrando na cena por produções cheias de personalidade, diferentes influências e performances nos formatos de Club Set e Live, com a presença de instrumentos musicais e vocais ao vivo. O duo coleciona lançamentos de sucesso, como Tearing Me Up e Innerlight, além de indicações ao Grammy e apresentações em eventos importantes, como Time Warp e DGTL.

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Em sua recente passagem pelo Brasil, Bob Moses se apresentou no BOMA, em São Paulo, no Warung Beach Club, em Itajaí, no Morro da Urca, Rio de Janeiro e no Star 414, em Belo Horizonte. Antes de suas apresentações conversamos com Tom Howie sobre as diferentes influências artísticas, processo criativo e a relação do duo com o público brasileiro. Confira!

Crédito: Lucas.Mk

WiR: Esta não é a primeira vez que vocês se apresentam no Brasil, então quais são as expectativas para essas próximas apresentações e o que vocês acham do público brasileiro?

Tom Howie: “Estamos muito empolgados por estar de volta. O Brasil sempre foi um dos melhores lugares para tocar, o público é muito empolgado e tem uma energia muito boa, sabe? Então estamos muito empolgados. Acho que nós já tocamos no Rio uma vez antes, muitos anos atrás, então faz muito tempo que não voltamos, vamos tocar também no Warung, em Belo Horizonte e São Paulo. O Warung é provavelmente o melhor club do mundo, então isso é muito legal, sempre gostamos de voltar lá, é um lugar mágico. São Paulo também é incrível, tocamos recentemente na Time Warp e foi muito divertido. Estamos empolgados, vai ser muito legal!”

WiR: Você poderia nos contar um pouco sobre o processo criativo quando estão trabalhando em alguma música?

Tom: “Claro! Sempre começa com uma ideia inicial, pode ser um loop de bateria com alguns acordes básicos, ou as vezes um de nós tem uma ideia de melodia na guitarra ou no piano. Normalmente é apenas uma seção da música, um verso ou refrão, e se ficamos empolgados com essa ideia nós compartilhamos com o outro, então se o Jimmy tem alguma ideia, ele me manda e vice-versa. Se nós dois gostamos, começamos a trabalhar em cima dela.

As vezes eu desenvolvo um pouco a ideia e mando para ele e ele trabalha em cima disso, ou se estamos juntos, revezamos nos instrumentos e no computador, enquanto um faz as modificações e adições ao projeto, o outro vai opinando e dando mais ideias. É como uma partida de tênis, sabe? Enquanto um fica no controle um pouco, o outro vai direcionando as ideias, depois invertemos os papéis.

Quando estamos nessa fase do processo, nossa mente funciona como uma só, nós vamos finalizando as ideias um do outro sem nem conversar muito, é como uma relação simbiótica e depois disso, nós trabalhamos nas letras, que é sempre o último passo porque elas são complicadas (risos).

Se damos sorte, na ideia original surge alguma frase como em nossa música “Turn Me Up” , que enquanto estava cantarolando as ideias de melodia cheguei em “I don’t know what you want for me, bla bla bla…”(cantarolando), sabe? Começa com murmurinhos e depois você tem que escrever para ver como desenvolver.”

WiR: Ao ouvir suas músicas, podemos perceber diferentes influências. Quais são suas principais influências musicais e artísticas?

Tom “Bom, eu penso que tudo que você faz, conscientemente ou inconscientemente, te influencia. Nós dois crescemos em Vancouver e ouvíamos bastante música grunge, pós grunge e britpop, então isso é algo que carregamos em nosso DNA, depois começamos curtir punk rock. O Jimmy curtiu trance por um tempo, eu não, fiquei mais na pegada de rock do Jeff Buckley por alguns anos no final do ensino médio.

Então quando nos conhecemos em Nova Yorque, íamos em festas ilegais da cena rave de Brooklin que me lembravam uma pegada punk rock, eram muito boas e nós dois amávamos esses movimentos de contracultura. Lá tocava uma pegada meio pós Berlim, com um som bem lento, tipo Nicolas Jaar, que estava bem em alta em Nova Iorque e a gente curtia muito por ser uma sonoridade mais lenta e melancólica. Ela era muito rica sonicamente e tinha uma mistura de sons orgânicos e digitais, sempre com muita textura e ruído.

Além disso, nós sempre curtimos bandas como Radiohead, Depeche Mode e Tears For Fears, bandas que misturavam o rock ‘n’ roll com elementos de música eletrônica e usavam o espaço do estúdio como um grande instrumento, ultrapassando as barreiras da música com sintetizadores e coisas desse tipo. Também ouvimos muito músicas contemporâneas de artistas como Fred Again, Rüfüs Du Sol, e todos os amigos que fazem coisas semelhantes a nós, além de ficarmos atentos no que está em alta na cena.

Então acho que isso mostra um pouco de como nossa história afetou nossas influências musicais enquanto crescíamos, e tudo isso continua parte de nós, essa mistura é parte de nós. É um processo que nunca acaba, nosso som mudou com o passar dos anos e isso segue nossa criatividade.”

WiR: Recentemente vocês fizeram uma collab com o duo Kasablanca. Pode nos contar como foi trabalhar com outro projeto que tem esse espírito de banda, que, assim como vocês, também faz performances ao vivo no palco?

Tom: “Foi muito legal, eles são bons. O Jimmy conheceu um dos integrantes do Kasablanca no ensino médio em Vancouver, se não me engano, já conhecíamos e gostávamos do trabalho dele. Estávamos em Los Angeles e não me lembro direito como rolou o convite, mas decidimos tentar fazer algo juntos. Sentamos numa sala e, normalmente, quando você vai produzir com alguém, as coisas fluem bem rápido e as vezes nem chega a rolar. Nesse caso demorou um pouco, ficamos dois dias produzindo. Tivemos a primeira ideia, depois ficamos travados em uma parte do projeto e só no final que as coisas progrediram.

Mas foi muito legal, foi uma mistura de ideias, talentos e relações, todos produzindo juntos. Eles são muito legais de trabalhar, com certeza trabalharíamos com eles novamente fazendo collabs oficiais e até algo diferente.

WiR: Para finalizar, gostaríamos de saber de três artistas para ficarmos de olho.

Tom: “Nós estamos preparando um show no Red Rocks com a Layla Benitez, ela é uma ótima DJ, nós tocamos juntos em Miami algumas vezes é ela é muito boa. Outro artista que amamos e vamos ter no Red Rocks é o CRi. Ele é franco-canadense e ele fez um remix para nós que vai sair em breve, gosto muito de suas produções e ele é muito bom. E, por último, alguém que eu gosto bastante e já é bem conhecido no Brasil: Mochakk. Nós vamos tocar juntos esse fim de semana e é ótimo.