DJ Meme não tem apenas bons ouvidos. Ele também enxerga longe. Bastam cinco minutos de conversa para perceber por que o DJ e produtor é um dos mais respeitados no cenário nacional e internacional. Seu olhar ímpar pro presente e pro futuro estão no álbum “Clássicos Reboot Vol. 2 – Lado A”, que chega ao mercado no dia 25 de outubro, via Universal Music.
Sequência do vitorioso projeto lançado no final de 2022, o Vol. 2 dá um passo adiante e mira ainda mais na tendência que Meme vem observando no universo dos DJs: Todos os dias – ou noites – surgem profissionais aficionados pela descoberta de músicas antigas com uma sonoridade moderna. “São curadores. Verdadeiros garimpeiros da música e seus fãs. Uma cultura nova de amantes desse segmento que não estão em boates apenas, mas em festas, bares, pubs e espaços diferenciados que vêm crescendo em todo o mundo, incluindo o Brasil, como os listening bars”, aponta ele.
O novo álbum será lançado em duas doses. Neste “Lado A”, Meme se aprofundou no conceito criado no Volume 1 e praticamente recriou todas as músicas, oferecendo novos olhares e sonoridades para os clássicos “Malandragem” (Frejat/Cazuza), de Cássia Eller, com participação inédita de Frejat nas vozes e guitarra, “Maresia” (Antônio Cícero/Paulo Machado), uma raridade interpretada por Marina Lima, “A Gira” (Umberto Silva/Beto Scala), clássico do Trio Ternura da década de 60/70, “Azul” (Djavan), um estouro na voz de Gal Costa, e “Bye Bye Brasil” (Chico Buarque/Roberto Menescal), releitura do bolero de Chico Buarque, que surpreende ao final do álbum.
As músicas são pequenas porções mágicas preparadas cuidadosamente por Meme para aflorar a emoção neste universo de experiências pessoais e coletivas. “Neste volume fui mais ousado. Cada música original tem sua aura. O tempero vem da letra, da maneira de cantar, da melodia, do tempo etc. O que eu fiz? Segui a direção que a canção já me dava e levei para outros sentidos que estavam na minha cabeça”, explica. Nesse ambiente, DJ Meme apresenta, então, um álbum novo, com sua assinatura, criado a partir de fonogramas preexistentes.
O principal exemplo é “Malandragem”, single do álbum, na qual Meme recriou os arranjos, regravou todos os instrumentos e ainda contou com a participação especial de Frejat na guitarra e voz, pela primeira vez cantando com o registro original de Cássia Eller. “Este é o embrião da diferença entre os volumes 1 e 2. No primeiro, não adicionei nada eletrônico. Trabalhei só com o que foi gravado na época, mixando para a tecnologia atual para ficar mais potente e estendendo a música”, explica. “Mas para fazer o que imaginei em ‘Malandragem’, tinha que incluir o eletrônico”, completa.
Por ser uma música muito conhecida – “tocou mais que o hino nacional” -, ele resolveu inovar e criou a sua própria versão da garotinha. “Na hora que eu comecei a botar a voz da Cássia em cima de um beat disco, discotheque, eu falei: ‘É isso!’. A faixa inteira é nova, não tem nada da original, só a voz da Cássia”, conta. A música se ampliou, ganhou novo rumo e será sucesso garantido em qualquer ambiente festivo. “Ninguém nunca pensou em fazer algo assim com ‘Malandragem’. Ela tem várias gravações, então, permita-me fazer a minha”, diz.
Seguindo nesse compasso, DJ Meme também recriou o hit “Maresia”, amplamente conhecido na voz de Adriana Calcanhotto, mas que na verdade foi gravado pela primeira vez por Marina em seu álbum de estreia. “Não lembrava dessa gravação. Quando meu amigo Zé Pedro sugeriu, o arranjo logo veio inteiro na minha cabeça e o ciclo fechou”, revela o artista, lembrando que Marina foi o ponto de partida deste projeto, quando encontrou as gravações originais de “Fullgás” em sua casa, durante a pandemia, e lançou no Vol. 1. Meme desconstruiu “Maresia” e a recriou em um arranjo completamente diferente em torno da voz original. “Programei a bateria, fiz uma linha de baixo, teclado, colocamos flauta, cordas, um solo de órgão, foi uma superprodução musical numa onda totalmente pista mesmo, pensei num house underground”, detalha, com aquele brilho na voz.
Dessa mente brilhante, saiu uma pérola de “Clássicos Reboot Vol. 1 – Lado A”: “A Gira”, do Trio Ternura, um dos maiores grupos vocais negros do Brasil entre os anos 60 e 70. A canção com raízes na música afro-brasileira é uma das mais licenciadas pela Universal Music no exterior. Vira e mexe, pode-se ouvir o sample dos versos “Ele atirou a flecha / com seu bodoque atirou” nas pistas do Brasil e do mundo. “É um tipo de som que vem de um universo que não costumamos ouvir muito, ponto de umbanda, mas que é muito bem recebido nas pistas”, comenta.
Nesta faixa, ele manteve o coração dos arranjos originais incluindo apenas uma bateria e regravando o baixo. Mas depois que a música se apresenta por inteira, Meme joga seu pirlimpimpim e a faz “voar pra outro planeta”. “Mudei os acordes e a levei pra outra estação. Conceitualmente tem todo sentido ela estar no álbum: Conectar com esse movimento de curadores e seus fãs, que buscam uma nova sonoridade para clássicos do passado”, reforça.
O Lado A se aproxima do final com a inesquecível “Azul” na voz de Gal Costa. Meme sempre quis trabalhar com a cantora e a vida lhe trouxe essa oportunidade. “É algo que tinha que ser. Esta música não estava prevista para o álbum mas ela chegou chegando”. Meme havia criado o remix por sugestão da amiga paulistana Paula Miranda. “Como estava próximo ao réveillon de 2023, distribuí para os amigos DJs experimentarem e a resposta foi inacreditável! Todo mundo amou”, conta.
Entre os amigos que receberam a faixa estava o DJ Marky, que a adotou como sua música coringa. “Ele me disse: ‘Você tem que botar no álbum. Quando eu tô com problema na pista, toco o seu ‘Azul’ e, caraca, resolve tudo’”, relembra Meme. Depois de um depoimento desses, o produtor não teve mais dúvidas: “Eu não sou bobo de ficar fechado. Eu testo, consulto e, com o resultado, vou moldando e shapeando os discos”.
Fechando “Clássicos Reboot Vol. 1 – Lado A” – mas não a festa, que acaba de recomeçar -, “Bye Bye Brasil”, de Chico Buarque. Escolha certeira, a sensação é que essa canção há tempos esperava um remix de Meme. “Sou louco nessa música desde a primeira vez que ouvi. Pra mim era um sonho fazer um remix dela”, diz ele. Ao iniciar o processo de criação de uma nova faixa, o produtor geralmente escuta em alto e bom som apenas a voz do artista. “Normalmente vem um groove na minha cabeça. E na hora que eu escutei a voz do Chico ecoando, eu ouvi ele cantando um funk”, revela.
A partir daí, Meme programou o beat, inspirado nos baile dos anos 80, e a interpretação de Chico Buarque encaixou direitinho. “Aí eu vibrei e fui até o final. Deu certo, total”, comemora. O funk de Meme deu match com a mensagem brasileira e a levada de bolero da canção e ganhou até elogios de Roberto Menescal. “Para mim, o Menescal é um dos melhores harmonizadores de música que existe no Brasil, ever. Ele me mandou uma mensagem muito bonitinha dizendo que dei um vigor à música deles, fiquei muito feliz”, vibra.
Durante a entrevista para este press release, DJ Meme havia chegado há poucos dias em Nova Iorque, vindo direto da Itália. Férias? Não, trabalho. Seja tocando ou apurando seus ouvidos e olhares mundo afora, Meme vem coletando novos ingredientes para as porções de alegria e emoção que distribui. “Não paro de produzir. Para chegar em 10, faço pelo menos 15, estou sempre experimentando”. Enquanto essa nova safra não vem, vamos aproveitar o lançamento de “Clássicos Reboot Vol. 1 – Lado A”. Aumenta o som e chama os amigos. Afinal, hoje em dia, somos todos curadores! E se depender de Meme, músicas boas, inventivas e revigoradas não vão faltar!
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