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Entrevista: Afrojack! Saiba sobre Kapuchon, Hero e relação com Brasil

Afrojack é um DJ que dispensa apresentações! Mas para quem não se lembra, Afrojack é um DJ e produtor muito versátil, vencedor do Grammy, autor de hits de sucesso como “Give Everything“, ao lado de Pitbull, Nayer e Ne-Yo, e conhecido por seus hinos da EDM, como “Turn Up The Speakers“, com Martin Garrix.

O que você talvez não saiba é que hoje (30), Afrojack e David Guetta lançam mais uma música juntos. Os dois trabalham a mais de uma década juntos, e possuem vários trabalhos de muito sucesso, inclusive, o Grammy de Afrojack é em um trabalho com David Guetta para Madonna, com remix de “Revolver“.

Em entrevista exclusiva, Afrojack nos conta um pouco da sua relação com David Guetta e como é produzir uma música com uma pessoa com quem trabalha a tanto tempo. Além disso, Afrojack fala sobre sua carreira no EDM, seu projeto underground e entra na polêmica discussão entre “Mainstream x Comercial“, além de claro, abordar um pouco das suas experiencias com o Brasil, confira!

Nessa sexta-feira (30/04), seu single “Hero” será lançado. Como surgiu a ideia dessa track?

Afrojack: “A ideia veio depois que eu escutei essa acapela incrível escrita por Ryan Tedder, Ellie Goulding e Jamie Scott. E eu pensei ‘uau! se isso estivesse em uma música dance, isso ficaria insano!’. E a partir daí, basicamente, minha ideia sempre foi fazer como uma continuação do ‘Titanium’, e depois de trabalhar junto com o David por um tempo, nós realmente chegamos a esse ponto onde comecei soar como esse tipo de show de música, onde fui capaz de colocar uma música assim em um momento como este, eu não sei o que vai acontecer, mas é muito emocionante. Faz muito tempo desde que eu e o David não trabalhávamos juntos, eu acho que a última vez foi em ‘Dirty Sexy Money’, que era com muito… break… beats… eu nem sei o que era… ele era legal, mas você não podia tocar no mainstage, dessa vez, esse som, você também pode tocar no mainstage!”

O single é com um grande amigo seu, mais um de muitos outros trabalhando juntos. Como é trabalhar com uma pessoa como David Guetta, uma artista com quem você trabalhou em tantas outras músicas?

Afrojack: “Bem, estou trabalhando com David há 12 anos, ou 13 anos, eu acho… e tudo começou quando ele veio até mim em uma festa em Miami, e ele ficou tipo ‘Você é o Afrojack? Não pode ser! Eu amo as suas músicas!’ e eu fiquei tipo… ‘uau! David Guetta ama a minha música!’, então nos encontramos depois para fazer músicas. Foi assim que começou, e nunca mudou, sempre foi a mesma relação. Eu amo sua música, ele ama minha música, nós somos amigos, gostamos de festejar juntos, sempre foi assim! Então o processo para fazer essa música é como se fosse sair para tomar um café com um de seus amigos, é normal para nós fazermos música juntos! Estamos nos divertindo fazendo músicas juntos.”

Além de “Hero”, você deve ter trabalhado em outros singles durante a pandemia. Que novidades podemos esperar do Afrojack para 2021? Ouvimos dizer que você fará uma apresentação durante o Eurovision Song Contest. Você pode nos falar mais sobre isso?

Afrojack: “Então… vocês podem esperar muito! Tenho trabalhado muito em novas músicas. Estou trabalhando com muitas colaborações, muito tipo de crossover para rádio, para o Spotify, mas especialmente nos últimos meses realmente comecei a trabalhar em músicas voltadas para a pista de dança e para os festivais. E é nisso onde meu coração realmente está! Eu amo o desafio de produzir uma música de sucesso para o Spotify, mas meu coração está na pista de dança e meu coração está no festival. Estou muito feliz agora, olhando para o futuro, pois você vê que os festivais estão sendo planejados para agosto, setembro, outubro e novembro, e realmente estou muito feliz em de trabalhar neste tipo de música agora.
Quanto ao Eurovision, que é o maior palco do mundo ou pelo menos na Europa, pelo que eu saiba, com 250 milhões de pessoas assistindo a performance, eu poderei mostrar minha nova música com David Guetta, então isso vai ser muito legal! Então é como se fosse um filme para mim, claro, é muito louco poder ter um novo single e tê-lo incorporado ao show, é como se fosse a maior promoção que poderia acontecer, então vai ser muito legal!”

Além do seu single, uma novidade para nós é o seu projeto “Kapuchon”. Como surgiu a ideia de criar um projeto paralelo focado no underground?

Afrojack: “Eu tenho o ‘Kapuchon’ do meu lado há uns 10 anos pelo menos. Eu comecei tocando house music, foi o que me trouxe para a dance music, e eu amo fazer algo que eu faço, desde o início da minha carreira. Comecei tocando house desde os 11 ou 12 anos. E agora eu posso construir, ou contar uma história através da música, sem vocais… sem gritos… sem ‘boom boom boom’ durante todo o tempo. Você até tem isso, mas não é durante todo o tempo, é algo relaxante, você pode curtir isso por 4, 5 ou 6 horas. Estou fazendo também, na maioria dos meus shows desde 2009 e 2010, um show de duas horas, o qual eu teria um monte músicas da EDM, um monte de músicas conhecidas, tocaria até hip hop, Toquei muito hip hop em Las Vegas, mas agora tenho tocado mais house e techno.
Agora estamos muito ocupados também assinando artistas para a Wall, fazendo com que ela cresça, procurando novos talentos então se você é um produtor que está iniciando, mande para mim suas músicas e demos para wallrecordings.com! Mas… Sim! Kapuchon hahaha, então, eu estava pensando, se eu pudesse colocar todo esse ‘som do Afrojack’ para construir marcas de outros artistas como fizemos com R3hab, Quintino e agora com Chico Rose, por que não focar na minha própria paixão? Minha paixão é Kapuchon!
Ano passado preparamos tudo, planejamos tudo, trabalhamos na gravadora, a Kapuchon Records, vamos fazer arte e vamos colocar todos os sons que estive fazendo nos últimos 10 anos. Para mim isso é diversão! De novo, diversão! Diversão é a palavra principal de toda essa conversa!”

É difícil criar um projeto e se inserir nos festivais. Quais são os seus planos para Kapuchon este ano? Você já espera tocar com seu novo projeto em festivais?

Afrojack: “Um grande agradecimento para Alda EVENTS, foram eles quem me deram o meu primeiro show como Kapuchon, me contrataram como Kapuchon, no Day At Park Festival, na Holanda, com um line up louco! Acho que Loco Dice estava tocando, Jamie Jones e muitas outras lendas e eu também estava lá! Era o meu primeiro show e eu estava muito empolgado, muito feliz, nesse caso em particular, pois eles acreditaram em mim! E isso é uma escolha, sabe? Pois agora eu não tenho nenhuma prova de que eu sou um bom DJ de house ou de techno. Talvez você me veja tocar e pense ‘que legal!’, mas até o momento eu não sou um grande nome nessa industria, então estou super empolgado se alguém apoia minha paixão, meu sonho!”

Muitos artistas lançaram projetos underground ultimamente, e estamos vendo um aumento nos sons underground, abrangendo um número maior de fãs. Você acha que o underground estaria se tornando mais comercial? Ou as pessoas estão procurando mais pelo underground?

Afrojack: “Acho que seja os dois! Mas não é como se o underground estivesse mudando, temos que aceitar o fato que quando algo é bom, isso fica popular! Esse é o ponto! É como se você gostasse de manteiga de amendoim, e é legal porque ninguém conhece ainda, mas quando você mostra para uma pessoa, e ela gosta, ela também vai mostrar para outra pessoa, que também vai mostrar para outra pessoa! Eventualmente todo mundo vai conhecer a manteiga de amendoim, e a partir daí não será mais ‘legal’, não será mais ‘underground’. Mas a questão é que isso não mudou, ainda é manteiga de amendoim. Temos que aceitar que se algo é bom, as pessoas vão adorar. É como se fosse tipo… Antigamente, Green Velvet costumava ser legal, mas agora ele é comercial pois todo mundo o conhece… Cara! Ele não mudou sua música! Ele ainda é ótimo! Você seria uma ovelha se pensar que algo não é mais legal só porque as pessoas conhecem isso agora! Você escuta a música por que você gosta ou por que você só quer fazer parte dessa tendência nova? Tipo ‘Eu curto esse cara! Olhe como eu sou legal! Eu sou um cara que escuta o som do Marco Carola, eu sou realmente um amante do house!’. E agora quando Marco Carola fizer uma música de sucesso você diz: ‘eu não gosto desse cara! Ele é muito popular! Foda-se esse cara!’. Isso não faz sentido! Mas isso é algo que acontece muito dentro da industria da música. Uma pessoa é muito boa, mas agora não é legal, pois ela está muito ocupada sendo famosa! Eu mesmo já passei por isso uns anos atrás, mas eu realmente acredito que música é música, e que se você faz música com o coração, tudo vai dar certo, e é como você disse: está se tornando mais comercial? Não está! Mais pessoas estão conhecendo agora, e as pessoas continuam fazendo o que sempre fizeram… Exceto algumas pessoas! Algumas pessoas as vezes mudam quem elas são, mas isso é já com eles, e não significa que estão errados, pois ninguém pode te falar o que você não pode fazer isso.”

Você é um produtor muito versátil, sempre trazendo vários gêneros para sua música, às vezes hip hop, outras deep house e às vezes algo mais enérgico, tipo big room. Mas ultimamente temos visto sons menos “agressivos”, esta é uma nova fase no Afrojack?

Afrojack: “Eu ainda continuo produzindo isso, eu apenas não lancei! Esse é o ponto, eu amo todos os tipos de música, e eu ainda amo muito produzir para relaxar! Às vezes quando estou olhando meus e-mails ou estudando, eu amo estudar, leio muitos livros e faço muitas pesquisas, amo aprender, e durante isso, eu escuto muito ‘lo-fi rádio’, que seria tipo, chill, down tempo, o que é tipo 80 ou 90 BPM’s, que são músicas que eu também quero fazer, assim como melódico e progressive house. Isso é algo meu! E é por isso que às vezes eu sou tipo a ovelha negra da comunidade do EDM, mas esse sou eu, eu gosto de produzir de tudo! Amo fazer hip hop, amo fazer techno, amo fazer big room, bombas para os festivais, músicas com grandes kicks, mas também amo fazer house. Gosto de fazer tudo, pode não ser a melhor opção, mas esse sou eu! É simplesmente quem eu sou! Às vezes gosto de panquecas, às vezes gosto de pizza e às vezes de manteiga de amendoim, depende de como eu me sinto! E é por isso que eu chamo de ‘Afrojack Music’! Ninguém pode me falar “isso não é House”, “isso não é eletrônica”, “isso não é techno”, eu sei! Isso é ‘Afrojack Music’, não ligo para o que falam!”

Faz tempo que não te vemos aqui no Brasil, você costuma vir muito aqui. Você já está com saudades? Alguma mensagem para seus fãs brasileiros?

Afrojack: “Vocês estão muito longe do espectro da música (risos)! Quando eu comecei a tocar no Brasil em 2010, eu acho, o foco na música sempre esteve muito, muito, distante do foco musical da Europa ou dos Estados Unidos. Na época em que eu estava ficando grande na cena, com toda aquela coisa da EDM, entre 2012 e 2015, vocês já estavam fazendo house! Tipo, house já estava nos palcos principais, era padrão! E agora house está dominando o mundo! Tipo… eu não sei onde vocês estão agora, o que estão ouvindo, mas é como se o Brasil sempre tivesse uma vibe jovem! Eu me lembro bem de tocar em Florianópolis, qual é mesmo o nome? Green Valley? Eu me lembro bem de lá, é um grande club, um dos melhores do mundo, referência em vida noturna. E quando eu tocava lá ficava aberto, tipo, 20h da noite até às 10h da manha? Cara, na Europa os clubs ficam abertos até 04h, no máximo 05h da manhã, e a maioria das pessoas já está em casa às 03h da manhã! Vocês realmente tem a dança no sangue, vocês simplesmente conseguem sair para jantar às 20h, chegar no club às 23h e ir voltar para casa às 13h do dia seguinte! Isso é algo que eu me lembro bem do Brasil!”

Ao falar do Brasil, temos muitos DJs que estão se tornando destaque no mundo, algo que não era tão comum antes, temos Alok e Vintage Culture como bons exemplos. Como você vê a música eletrônica brasileira? Você acompanha artistas brasileiros?

Afrojack: “Temos dois pontos. O primeiro é que eles produzem música realmente muito boa. Isso é muito importante destacar. E depois, vocês no Brasil têm muitas pessoas em um país. Então se você fizer algo bom dentro do país, seus números vão disparar! Você consegue desbancar qualquer artista local na Europa ou em qualquer país! Então quando Vintage Culture e Alok, que têm o apoio dos brasileiros, os seus heróis, o próprio Chemical Surf, por exemplo, se juntam, cara… Vocês conseguem humilhar qualquer DJ europeu com muita facilidade! Cara, quantas pessoas vivem no Brasil? Na Holanda nos temos 17 milhões. Se 10% do seu país apoiar um artista, vocês já batem toda a população da Holanda! Acho que isso está ocorrendo agora, o Brasil se uniu para apoiar a Dance Music, todos estão orgulhosos de seus artistas e tudo está estourando agora! É o mesmo reggaeton, ‘baile funk’… Obviamente ‘baile funk’ é do Brasil, mas artistas brasileiros estão produzindo muito ‘baile funk’ e reggaeton, e estão arrasando com os europeus, pois vocês tem os números! E obviamente fazem ótimas músicas! O que é uma necessidade, é claro! Se você fizer uma música ruim e espalhar pelo mundo, ninguém vai ouvir!”

Bom Nick, eu acho que isso é tudo!

Afrojack: “Bom, eu gostaria de acrescentar uma coisa! Gostaria de falar mais uma vez que estou procurando por novos DJs e produtores, para a Wall, para um processo de desenvolvimento. Então se alguém estiver lendo isso, ou assistindo isso, olá! Mande seu portfólio, não mande uma música, mande todo seu portfólio, para demo@wallrecordings.com e nós vamos conferir! Talvez você possa ser o novo R3hab ou Chico Rose! (risos). E confiram meu novo single com o David Guetta!

Ouça agora “Hero“:

 

Vinicius Martini

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Vinicius Martini

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