Entrevistamos Classmatic: Ícone do TechHouse que estreia no Lollapalooza Brasil

A ansiedade para o Lollapalooza está tomando conta, e por conta disso decidimos trazer pra vocês uma entrevista com um dos principais nomes do nosso cenário da música eletrônica que faz sua estreia no Festival. Classmatic é dono de sucessos como “Toma Dale” e “El Primer Corazón” e vem colecionando grandes passagens pelo Brasil e pelo exterior com b2b’s icônicos e lançamentos pelas maiores labels da house music como Hot Creations, Hottrax, Solid Grooves, Revival New York e elrow.

Sem mais delongas confira nossa entrevista abaixo:

WIR: Você já tocou em quase todos os maiores clubes nacionais e diversos festivais e clubs internacionais também, mas essa é sua estreia no Lollapalooza, qual a importância pra você de fazer esse debut.

Classmatic: Realmente, o Lolla vai ser bem diferente, pois será num formato mais show, né? Eu estou acostumado com o formato DJ set dentro do nicho em que me inseri, então será uma experiência diferente. Já faz algumas semanas que estou pensando em alguns momentos especiais, mas farei algo que não vai mudar minha essência. No entanto, também quero me adaptar a um formato um pouco mais festival. Portanto, será interessante tanto para mim, ao colocar isso em prática, quanto para quem for ouvir meu som. Afinal, por ser um festival, também alcançará um público que talvez não conheça minha música e passará a me conhecer através do meu set, não é verdade?

WIR: Você começou sua carreira no EDM com projetos anteriores ao Classmatic, nos últimos anos o que nós chamamos de EDM o big room e o som mais comercial perdeu muito espaço nos principais festivais do mundo, você acredita que ainda pode existir uma renovação e uma volta do EDM aos grandes palcos?

Classmatic: Cara, vou falar bem a verdade. O EDM realmente fez parte do meu passado e sempre penso pelo lado de que, de alguma forma, contribuiu com o que construí hoje, pois são muitas influências. Conseguimos filtrar um pouco de cada uma delas. Falo abertamente com os meus amigos, e em alguns lugares já comentei sobre isso. O Swedish House Mafia tem um impacto muito grande na minha vida, tanto artisticamente quanto como pessoa. Admiro os três e a história que construíram.

Eu torço muito para que principalmente o Swedish House Mafia consiga voltar a ter o prestígio que tinham antigamente. Todo mundo precisava conhecer o trabalho deles, pois é algo tão ímpar e autêntico, sempre dando um passo à frente dos outros. Acho que o SHM é um caso de sucesso para qualquer empresa, sabe? Para se espelhar. Então, estou um pouco por fora, sendo bem sincero, do nicho EDM hoje. Ficou um pouco difícil falar se voltará a ter um hype no mercado ou não. Mas, como produtor musical e DJ, torço para que todos os nichos tenham seu prestígio.

WIR: Já falando sobre suas produções também podemos notar que hoje em dia o tech-house e o deep tech estão muito próximos, porém é inegável que as suas produções tem aquele toque “característico” do Classmatic que sempre podemos reconhecer, o quão importante hoje no mercado você considera esse questão da originalidade e o quanto incentiva/procura isso pra Organic Pieces?

Classmatic: Eu acho isso muito interessante porque hoje conseguimos catalogar determinados sons em gêneros específicos, mas creio que cada artista possui algumas particularidades um pouco mais íntimas. Há uma sonoridade peculiar, às vezes, dentro do Minimal ou do Tech House, que não se enquadra em um gênero específico para catalogar aquele tipo de som. Como você mencionou, pegando eu como exemplo, os sons da Organic Pieces, com certeza há uma peculiaridade minha e uma sonoridade um pouco específica ali, que reflete o que gosto de seguir. No entanto, não estou fazendo isso de maneira forçada, mas sim incorporando minha energia e o meu feeling de pista. Tudo isso acaba formando uma sonoridade específica. Acredito que esses são os pequenos diferenciais entre os artistas do nicho.

WIR: Você passou por uma turnê recente nos EUA, e tocou mais uma vez no Club Space, eu não tive a oportunidade de conhecer o club ainda mas todo mundo fala muito bem e elogia sempre. O que tem tão de especial referente a esse Club?

Classmatic: Ô irmão, é um clube que eu gasto qualquer hora do meu dia para falar bem, porque aquele lugar é incrível. Todo clubber deveria conhecer o Space por diversos fatores. Um deles é que é um dos clubes onde eu me sinto mais à vontade, e troco ideias com quem também faz parte do público e compartilham da mesma ideia. Porque é um dos poucos clubes do mundo em que a festa começa às 10 da noite e termina às 3 da tarde, ou às vezes às 8 da noite. Nunca se sabe, vai depender do quanto o público está disposto a ficar ali e do quanto o DJ está disposto a ficar tocando. Então, é um dos poucos clubes que abrem as portas tanto para o público quanto para o artista, sem ter hora para acabar. Isso já acaba sendo um dos diferenciais. A última vez que eu toquei lá, por exemplo, eu e o Beltran tocamos juntos das 2 às 5, e eu e o Ben Sterling das 7h30 até 1 da tarde, tocando direto assim. Além disso, são poucas as vezes que o DJ tem a oportunidade de fazer um set tão longo, construir uma história tão grande, testar tantas coisas diferentes. Eu sofro muito com isso no Brasil, sofro entre aspas, no sentido de que às vezes tenho sets de 1h30 e tenho que tocar músicas que esteticamente combinam com as minhas músicas que fizeram sucesso. Não consigo, às vezes, explorar um pouco o meu lado mais introspectivo, não consigo explorar um pouco o meu lado. Eu gosto muito de breaks, hip hop, tem muita música de club pequeno que, às vezes, a gente faz long set lá fora do Brasil, que aqui eu não consigo testar pelo fato de ser muito fora do padrão do que eu costumo tocar ou das minhas músicas que fizeram sucesso. Então, tem esse outro ponto do Space Miami que acaba fazendo com que você tenha 10 horas de set e possa tocar o que quiser.

WIR: Eu sou grande admirador de b2b e ao longo da sua carreira você teve vários que são considerados épicos, mais recentemente podemos citar alguns como o b2b com o Beltran e o com o Ben Sterling no Club Space. Pra você qual é a coisa mais importante para um b2b de sucesso acontecer?

Classmatic: Essa pergunta é interessante. Ultimamente, tenho percebido um aumento significativo dos back to backs em todo o mundo. Acredito que o segredo para um back to back ser interessante é os artistas terem, de certa forma, uma certa similaridade de som. Dentro disso, acredito que o back to back flui bem quando ambas as partes conseguem conciliar suas próprias sonoridades dentro de um único set, sabe? Por exemplo, com o Beltran, temos estilos de som bastante diferentes. Ele tende mais para o minimal, enquanto eu sou mais voltado para o tech/house e percussivo. Então, sempre que tocamos juntos, procuramos conversar, trocar ideias e conciliar nossos estilos. “Que tal começarmos com uma parte mais introspectiva aqui? Eu tenho essas músicas, o que você acha?” ou “Vamos explorar uma parte mais percussiva agora?”. Quanto mais os DJs se conhecem intimamente, acredito que melhor será a conexão durante o set.

Também acontece muito de fazer B2B sem muita preparação, como foi com Ben Sterling, por exemplo. Nunca nos sentamos para decidir qual música tocar em seguida. Foi tudo no improviso mesmo, e isso pode trazer uma visão única. Às vezes, a sinergia é fundamental no back to back, na minha opinião, porque ambas as partes precisam estar confortáveis. Se não houver essa vontade, não será possível entregar da mesma forma.

WIR: Pra terminar então, queria saber se você quer deixar um recado aí pro pessoal que tá pensando ainda se vai no Lolla, se tá com ingresso comprado mas não sabe quem vai assistir, por que eles devem ver o Classmatic?

Classmatic: vamos colar por alguns motivos, primeiro, é um festival que dispensa comentários pelo tamanho, pela magnitude, e segundo que vai ser meu primeiro Lola tocando e meu primeiro indo, velho, então eu tô ansioso nesses dois sentidos e vou tocar muita música nova, muita música que vai sair esse ano minha, que eu não toquei em outros lugares ainda, então vai ter muita coisa exclusiva e eu vou preparar algo sempre muito especial pra vocês.

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not your average bald and bearded clubber.