Mystical, DJ e produtor musical, comenta sobre o processo de criação musical e os cuidados a serem tomados para não infringir as regras de direitos autorais
Na última semana, um dos DJs mais famosos do Brasil se viu envolvido em uma polêmica de grande porte. Os irmãos americanos Sean e Kevin Brauer, que formam o duo Sevenn, acusaram o DJ Alok de não pagá-los e nem creditá-los pelo trabalho prestado em diversas faixas de sucesso do artista. De acordo com o Seveen, os irmãos trabalharam como ‘produtores fantasmas’ em pelo menos 14 faixas que incluem a recente ‘Un Ratito’, ‘Favela’, ‘Fuego’ e ‘Piece of your heart’.
Em contrapartida, o DJ brasileiro afirmou em comunicado que também está movendo um processo contra o duo americano pelas mesmas razões envolvendo 5 lançamentos que incluem o sucesso ‘BOOM’ com o DJ Tiësto. “Os irmãos Kevin ou Sean nunca fizeram qualquer notificação ou processaram o Alok pelas infundadas alegações que fazem na matéria, isso porque não possuem qualquer prova das alegações feitas, utilizaram apenas um veículo de imprensa que de forma sensacionalista e sem se preocupar com a verdade, mesmo sem nenhuma prova, atacam um artista que sua imagem e reputação falam por si”, disse o comunicado da equipe de Alok.
Para o também DJ e produtor musical, Mystical, o caso Alok-Sevenn ilustra bem a necessidade de alinhar minuciosamente cada ponto de um contrato que envolve diferentes produtores e contratar um advogado especializado em direitos autorais e propriedades intelectuais. “A prática de ‘ghost writer’ é recorrente no cenário da música eletrônica há muitos anos e polêmicas como a atual levantam o questionamento se realmente vale a pena um artista se expor a isso. Alguns preferem acelerar o processo entre oferta e demanda com o propósito de se destacar e dar uma guinada na carreira”, explica.
De acordo com ele, existe uma pressão interna no mercado que dita que ‘todo DJ precisa produzir para alcançar a fama desejada’. “Muitos Djs que não são músicos ou têm experiência com produções buscam essas alternativas pulando etapas importantes”, afirma. “Sempre digo para novos produtores, ‘curtam o processo da caminhada, evitem atalhos, aproveitem, sintam e vivenciem isso, para quando chegar no topo terem construído uma base mais forte e sólida nesse mercado tão sedutor e implacável”.
Mystical acredita ser um cenário delicado realizar produções com base em relações pessoais. “Quando produzimos em parceria, na amizade e no ‘calor do momento’, deixamos de lado a parte contratual por acharmos que isso nunca vai ‘azedar’ a relação profissional”. Por isso, o produtor afirma que deve-se sempre considerar que o público consumidor admira e acredita na autoria das obras de um artista, o que já é motivo suficiente para evitar situações como a descrita. “Pense como clientes que amam e estão satisfeitos com teu trabalho e indiretamente pagam pra te ouvir, respeite-os hoje e sempre”, conclui.
Sobre o DJ Mystical
Augusto Mystical é DJ e produtor musical. Atua no mercado fonográfico desde 1999 e em 2004 conquistou o prêmio DJ Sound Awards como Destaque Nacional.
Em Março de 2022 lança o álbum “Quarentine”, pela Universal Music, através do selo DJ Sound Music em todas plataformas digitais. Toda a renda advinda de direitos autorais será doada para a caridade em uma campanha de doação liderada por mais de 100 influenciadores digitais. O repertório inclui músicas que vão desde ideais para lounge e happy hour até temas mais dançantes. Suas produções já alcançaram 35 países. Três composições remixadas estão na trilha de Cidade de Deus, filme indicado ao Oscar.
Em relação ao álbum “Quarentine”, Mystical revela que o projeto teve como inspiração a pandemia da Covid-19 e o distanciamento social, e buscou uma sonoridade mais orgânica, tranquila, leve e marcante, para ouvir em casa ou no trabalho durante esse período delicado. Ainda fazem parte do portfólio musical os remixes Foge-me ao Controle de Fernanda Young, Menina Solta de Giulia Be e Primeira Vez da cantora Clau, Menino Mulato de Ana John e Nega Malaka de Ivo Meirelles.