Ignacio compartilha alguns aprendizados para quem curte a ideia de trabalhar com Live Act

O DJ e produtor consolidou-se como uma mente criativa imponente em live acts de House Music

À medida em que a tecnologia musical avança, as possibilidades de apresentação ao vivo ficam cada vez mais amplas e muitos produtores de música eletrônica têm preferido o formato Live para suas apresentações. Não somente isto: as funções DJ e performer Live são desconectadas em um nível que há artistas de live act que sequer se consideram DJs.

Então o que é live act? Basicamente é quando o artista cria ou manipula suas músicas ao vivo, ao contrário da discotecagem tradicional, que opera com os arquivos musicais como estão. A combinação é software e hardware; controladoras MIDI, instrumentos eletrônicos, computadores e outros apetrechos são comuns em live acts, ainda que existam também os formatos DAWless de apresentação, isto é, live acts sem necessidade de softwares de produção.

Entre os artistas de Live set que vêm ganhando evidência nos últimos anos está o paulista Ignacio. Suas produções por si só já dizem muito sobre suas vibes; mesmo que muitas vezes explore as nuances do Techno (principalmente suas baterias) é no House que ele mais se aventura e isso se mostra a partir de simplicidade na bateria, enquanto estoura os dedos no teclado para dar aquele ar de um som chique, às vezes meio jazzy e sempre, sempre fluído para as pistas – sem contar a irreverente serenidade de tocar com roupas “pijamescas” e um copo de chimarrão.

 

Se você é produtor(a) e já pensou em começar nessa onda, não desanime, pois, apesar de você precisar carregar mais coisas na mochila, certamente se sentirá realizado(a) com a liberdade criativa deste formato. Chamamos o Ignacio para contar alguns dos seus aprendizados no universo do Live Act. Confira!

Ignacio

Live é algo meio que sempre muda. Você sempre consegue fazer ou testar alguma coisa de algum jeito diferente. Isso é algo que eu acho legal demais desse formato. Uma das primeiras coisas que quando eu entendi me ajudou muito na montagem do meu projeto foi que não tem um jeito “certo ou errado” de fazer live. Live Act é uma forma de se apresentar e como cada um faz isso depende daquilo que faz mais sentido para si.

No meu caso, por exemplo, além de produzir, eu toco um pouco de piano. Eu sempre quis tentar incorporar essa parte ao vivo e por conta disso acabei montando um projeto pensando em formas e momentos diferentes de usar esse instrumento na hora de me apresentar. Quem não é instrumentista ou mesmo quem é, mas não se sente tão à vontade tocando ao vivo, pode montar uma live usando outros recursos.

Se você tem mais facilidade na parte percussiva, se joga nas drum machines que fica incrível (Jeff MiIls que o diga :p). Tem gente que curte fazer tudo com coisas analógicas, tem gente que prefere usar uma mistura de computador com analógico e até com cdj. E tem gente pra quem faz mais sentido ter um projeto de ableton e soltar tudo usando uma controladora. Tudo é válido. O mais importante é o resultado sonoro daquilo que você está fazendo.

Uma outra coisa que eu fui mudando aos poucos e que me ajudou bastante foi que embora eu acabe pensando na live como uma apresentação, eu passei a pensar sempre antes em fazer uma música bem feita e depois em como eu poderia tocar essa música no formato live. No começo eu já produzia músicas preocupado em como eu estaria tocando aquilo ao vivo e isso acabava limitando um bocado minhas produções. Hoje depois que eu to com a música toda pronta eu olho pra ela e começo a ver o que eu vou tocar ao vivo, que parte eu vou levar só alguns loops, que parte eu levo uma base gravada, e por aí vai. O projeto tem um “padrão”, mas cada música eu acabo soltando de um jeito bem diferente.

Por último, um ponto que eu fui descobrindo aos poucos à medida que fui me apresentando, mas que mudou bastante a forma com que eu monto meus projetos foi perceber a importância de eu me divertir enquanto eu estava me apresentando. Quando eu comecei a fazer live eu tinha a cabeça de que precisava fazer meio que tudo ao vivo ao mesmo tempo. Além de o resultado final não ser melhor, a apresentação em si era bem menos prazerosa porque eu ficava o tempo todo pensando na próxima coisa que eu tinha que tocar. Hoje eu criei um projeto pensando em uma forma onde eu consiga tocar, fazer coisas legais ao vivo, mas também respirar um pouco e curtir bastante nas apresentações. Fez total diferença pra mim e até o resultado final eu sinto que acaba sendo bem melhor também.

Ignacio está no Instagram, no Soundcloud e no Bandcamp.

Head of Social Media da WiR e amante de música eletrônica.