O DJ e produtor Thomaz Prado, mais conhecido como Maz, é o nome do momento no cenário da música eletrônica nacional e internacional. Certo é que há anos Maz vem fazendo um trabalho muito bom e sólido, o que fez com que ele conquistasse seu espaço dentro dos maiores festivais e clubs do Brasil, além de emplacar diversos singles de sucesso. Com influências do House, Tech House, Melodic House & Techno e outras vertentes, a versatilidade de Maz em suas produções fez com que ele recebesse suporte de artistas como Tiësto, Diplo, Black Coffee, Bonobo, Keinemusik (&ME, Rampa, Adam Port), Vintage Culture, Michael Bibi, Lee Burridge, Blond:ish, Stephan Jolk, Matador, Pablo Fierro, DJ Chus e muitos outros grandes artistas.
Além de todos esses grandes suportes, o suporte dos DJs da Keinemusik talvez tenha sido o mais inusitado de toda a carreira do Maz, na verdade, talvez o mais inusitado de toda a cena eletrônica. Em uma das apresentações da Keinemusik, enquanto tocavam o remix do Maz da “Banho de Folhas”, uma das pessoas que estavam curtindo a música no backstage era simplesmente o rapper americano Drake! Esse vídeo teve um papel fundamental para a consolidação do remix da música, o qual o Maz conta para a gente.
Além da história do remix da “Banho de Folhas”, Maz conta um pouco da sua carreira, das suas apresentações no Rock In Rio e Hi Ibiza, da sua versatilidade musical e dos seus próximos singles e planos, confira!
WiR: Impossível não começar essa entrevista falando sobre o seu remix de “Banho de Folhas”, que recentemente bateu 1 milhão de plays no Spotify. Conta para gente um pouco da história desse remix e da sua produção!
Maz: “Cara, eu sempre tive uma vontade de ter alguma música com com vocal em português. E a gente entrou numa que tipo… ‘cara bora bora focar para produzir essa música!’ E eu fiquei papo de uns dois meses ou três meses assim…. Pesquisando… entrando em playlists de músicas brasileiras e tentando achar alguma música que me conquistasse, alguma música que não fosse tão explorada no mundo do eletrônico, ou que pelo menos assim não tivesse muitos remixes e que eu me identificasse. E cara, comecei e tentei fazer com algumas, mas não ia, não estava me convencendo e aí cara, teve um dia que minha namorada me mostrou a ‘Banho de Folhas’, e aí na hora que eu ouvi eu falei, ‘caramba! É essa a música!’ Tipo, senti ela na veia assim, arrepiei. Fui para casa, peguei o vocal, o destrinchei e aí fluiu muito rápido a parada. Parecia que era para ser mesmo assim, eu já peguei muita afinidade com a música original da Luedji. Então acabou que quando eu sentei aqui para mexer nela, as coisas foram se formando rapidamente.
Teve uma primeira versão que eu fechei, aí peguei mandei para alguns amigos, produtores e família… Peguei a opinião desde a galera que entende tecnicamente e vive a coisa, até os leigos, que às vezes não estão dentro da coisa. Juntei os feedbacks e fizemos uma segunda versão… Aí sim que a gente viu que a gente tinha uma música um pouco fora dos padrões né? A gente tinha essa proposta de fazer a parada brasileira, mas eu não queria só botar o vocal brasileiro, eu queria que a música toda fosse Brasil, sacou? E aí a gente foi além… Busquei coisas de percussão de carnaval e tal e aí deu esse samba aí! Aí ela meio que surgiu assim.
Eu toquei ela pela primeira vez em BH, teve uma galera que comprou muito a ideia, que já se amarrou, só que outra galera ficou meio… ‘Que p**** é essa, mano?’. Só que a música foi pegando, pegando… A galera de fora começou a comprar a ideia e começou a tocar muito na Europa e tal, e depois os DJs aqui começaram a tocar também.”
WiR: E essa repercussão toda do remix!? Não tem como esperar né!? Você ver o Drake dançando a sua música, suporte de vários artistas, o pessoal da Keinemusik inteira tocando a sua música ao redor do mundo… Como é que você viu essa repercussão toda?
Maz: “É muito doido né cara? É o que você falou. São coisas que não estão ali no planejamento. Não tem como você planejar né? Tentar imaginar uma ação de marketing… envolveu o Drake né? Tipo são coisas que vão acontecendo… E esse vídeo tem um papel muito importante para os plays da música, inclusive se você vê no gráfico, depois desse vídeo do Drake, ele subiu muito, a gente começou a trabalhar isso, aí subiu mais e mais e mais… e agora está se mantendo. Esse vídeo foi uma virada de chave para a música. A música já estava circulando bem, mas talvez dentro de um nicho, depois do vídeo do Drake… É o Drake sabe!? Ele vai muito além da nossa cena, isso ajudou a sair da nossa bolha. Isso é coisa que a gente não planeja… Está rolando uma fofoca, esqueci o nome, é um cara um famoso que traiu a mulher, saiu em vários jornais da Espanha, o cara fala que o vídeo era antigo, mas na verdade está tocando a ‘Banho de Folhas’, no Burning Man, tá ligado!? Se você for no vídeo da música, você vai ver nos comentários ‘cheguei no clipe da música através do vídeo da fofoca’. Então são umas coisinhas que vão acontecendo fora da nossa alçada de planejamento e que acabam ajudando muito a música.”
WiR: E como esse suporte da Keinemusik e todos esses boatos da sua vinda ao Brasil, teve algum contato com você? Talvez quem sabe te convidar para participar de uma possível edição?
Maz: “Cara, da parte deles não! Até onde se sabe, não tem nada muito certo ainda, se eles vão vir ao Brasil mesmo e quando eles virão…, mas alguns produtores que se caso, eles trouxerem, eles vão me colocar para participar, por tanta história aí que está rolando e por causa de todos os suportes e tal.”
WiR: E ficamos sabendo que tem música nova com o Antdot, certo?
Maz: “Tem cara! Temos algumas para soltar! Estamos fazendo uma nova agora, já temos uma outra que estamos ajustando só alguma coisa no vocal, que é a ‘Sky Father’… Estamos fazendo um remix também, na pegada ‘Todo Homem’ e ‘Banho de Folhas’… Fora outras ideias que já estão bem alinhadas. Estamos bastante juntos no estúdio, apesar que fisicamente longe, temos trabalhado muito juntos.”
WiR: Vocês fizeram um B2B juntos na BOMA. Conta para a gente um pouco desse B2B e da relação de vocês.
Maz: “O Bruninho é um moleque que eu tiro o chapéu para ele, a gente se dá muito bem, tanto pessoalmente como profissionalmente, nosso trabalho tem muita sinergia, nossa linha de som, nosso gosto musical… Trocamos muita coisa técnica de estúdio… É uma pessoa que eu gosto de estar perto, moleque é muito gente boa!”
A gente se conheceu, na verdade, a gente já se conhecia, mas não muito, começamos a ficar próximos depois da live de 24 horas que fizemos em 2020. Lembro que seria em uma quinta-feira, ele me avisou, comprei a passagem para o dia seguinte e fizemos a parada! Foi muito irado, nos divertimos muito! A partir daí passamos a ter uma relação mais próxima, tanto de música, quanto de afinidade. Daí foram desenrolando várias coisas, agora estamos com essa ideia de B2B, que queremos fazer em momentos especiais, não queremos sair fazendo B2B pelos 4 cantos do Brasil todo final de semana… nós ainda estamos pensando em como vamos fazer isso, mas estamos tratando esse B2B com bastante calma, para fazer com carinho, nas ocasiões certas e nos eventos certos, para que seja algo bem especial.”
WiR: Ultimamente temos visto o seu som mais orgânico, mais progressivo e mais melódico. Podemos dizer que essa tem se tornado a sua marca registrada? Esse som tem te definido mais?
Maz: “Cara, eu gosto de tudo na real! Em um long set meu eu toco de Tech House… a House… a Techno dependendo da ocasião. E no estúdio, eu acho que eu encontrei um nicho musical que eu estou gostando muito de explorar e que me representa muito também, que é essa vibe mais ‘afro’, mais orgânica. O meu progressivo eu acho que sempre teve um pouco do melódico, mesmo quando eu produzia Tech House, era um Tech House com mais ambiência, com mais melodia…, mas eu não! Eu não diria que eu vou para essa linha de som agora, eu acho que é um momento que eu to curtindo explorar esse lugar na música, que eu acho que ainda tem muita coisa para ser feita.
Eu acho que a ‘Banho de Folhas’ e ‘Todo Homem’ abriram um leque de possibilidades na minha cabeça, de coisas ainda não exploradas, não apenas o vocal, mas a estrutura musical mesmo e a influência de outros gêneros, tentar fazer um pouco de uma coisa aqui e outra ali… tentar não se restringir em um subgênero. Vou continuar fazendo minhas músicas mais… Né!? Tô com vários lançamentos mais na vibe ‘Cercley’, ‘Dancing Flavours’ e ‘Ivory’… Uma coisa mais progressiva… melodic techno… tech house progressive… sei lá! (risos) Não sei definir muito como é! É você estar com a cabeça aberta e obvio que tem que ter planejamento no estúdio! E eu fui entender isso só agora! Antes eu sentava aqui e produzia o que dava na telha, o que eu estava a fim mesmo. Só que eu acho que quando você consegue separar um pouco isso também, botar objetivos, se enxergar um pouco de fora o projeto como um todo, enxergar o que falta, onde você se encaixa… enfim! Ter um pouco de metas e foco é muito bom também, é necessário!”
WiR: Saindo um pouco do estúdio, você estava na “Hi”, em Ibiza! Conta para a gente como foi esse convite e a sua apresentação por lá!
Maz: “Foi uma experiência única que foi tão rápido e tão intenso que as vezes parece que foi um sonho! Eu cheguei em uma terça-feira, fiquei exatamente 48h lá e voltei na quinta-feira. Dormi apenas um dia, na terça para quarta e voltei virado da gig que a gente tinha feito. Não tinha como dormir, eu não ia dormir, eu estava em Ibiza! ‘Tenho 48h aqui e não vou dormir (risos)’.
O convite veio através da minha agência, que é a mesma do Lukas, mas através do Lukas ne!? Lukas ‘A.K’ (also known – conhecido como) Vintage Culture… Ele está como uma residência na Hi, merecidamente, ele está tocando lá todas as quartas, durante o verão todo… Aí tive a honra e o prazer de tocar lá. Eu recebi o convite era uma quinta-feira, aí já comprei a passagem para segunda, chegando na terça-feira. Foi tudo avisando na quinta-feira e na segunda eu já estava viajando, então foi tudo muito rápido.
O Lukas me hospedou na casa dele, já tinha gente lá, que estava curtindo o verão, toda a equipe dele e uma confraternização incrível. Na quarta-feira eu já estava tocando no club, que é um club incrível e sensacional! Não é à toa que é o club número um do mundo atualmente… São três pistas bem diferentes umas das outras e com um público incrível! Foi muito bom para abrir a cabeça e ver a parada acontecer ali de perto, coisas que a gente só vê pelo Instagram… E cara, mesmo que muito rápido, deu para viver muita coisa.”
WiR: Em menos de um mês você tocou no melhor club do mundo e no maior festival do Brasil. Você poderia nos contar um pouco da sua apresentação no Rock In Rio?
Maz: “Rock In Rio é um show à parte! É algo muito grande, e digo grande não só de tamanho, mas por tudo que envolve emocionalmente, por ser na minha cidade natal… a minha família toda estava lá, minha mãe… meu pai… vários amigos… vários amigos no line up também! Tive o prazer também de tocar no evento teste, era uma terça-feira, um evento só para convidados, mas eu chutaria que só de convidados eram umas… sei lá! Vinte mil pessoas! Tive a honra de abrir lá também… Foi um momento incrível! E cara… Rock In Rio é a parte! Só vivendo lá a emoção e vendo todo time da produção… são 7 dias de festival e a galera lá todo dia! Paulera! Você vê que é diferente, dá para ver os nervos, galera que é faixa preta mesmo!”
WiR: Thomaz, você toca nos mais variados tipos de eventos, as vezes do “mais comercial” para o “mais underground”, estávamos falando mais cedo da KRUSH e da Warung, por exemplo. Como você faz para se adaptar a cada tipo de evento?
Maz: “A principal característica de um artista é a sua identidade… não adianta querer tentar agradar a todos! Eu me acho um DJ versátil, mas ao mesmo tempo que eu tenho essa versatilidade, acredito que também tenho a minha identidade. Só que eu consigo vir de cá para lá sabe!? Quando eu vou tocar na festa do Lu (Luciano – KVSH), a KRUSH, eu não vou fazer um som ‘cabeçudo’ e introspectivo, assim como talvez eu faria se fosse tocar em um club em Berlim, um lugar indoor, mais escuro e com outra vibe, lugar onde eu também consigo me adaptar. Na KRUSH eu vou botar músicas com vocal, uns remixes, mas tudo dentro da minha área. Eu usei a KRUSH de exemplo, mas eu sei que tem muitas outras festas que tem esse público que consomem um som um pouco mais comercial, mas que eu consigo me adaptar muito bem. É muita questão de você saber se colocar ali, ler a pista… de ‘fazer o seu’ também, apresentar coisa nova, não fazer mais do mesmo. A individualidade do artista conta muito para você criar a sua marca, criar o seu som, criar uma comunidade de pessoas que seguem o seu som. Mas cara… É isso! Eu como sou um amante de música, gosto de música! Por isso eu acho que consigo me adaptar em um evento como na Warung, para fazer um warm up de três horas, onde eu realmente vou fazer o meu som, mas também consigo me adaptar em um evento onde a galera não está ali para me ouvir ou para escutar um som mais ‘cabeça’, underground, mais conceitual ou sei lá como você chamaria. É isso, ter essa flexibilidade, mas manter a sua identidade, uma equação que não é simples, mas ela existe.”
WiR: Thomaz, para fecharmos aqui, quais os seus próximos planos para a carreira? Tanto para shows e estúdio, o que você tem preparado de novo?
Maz: “Cara, estamos trabalhando muito aqui! A agenda está bem corrida e bem cheia para os próximos meses! Acho que temos 11 datas em outubro e 14 em novembro, vou rodar bastante o Brasil… estou com data em Amsterdã, no ADE… vou até participar de um painel lá!
Estamos aqui no estúdio a mil! Estou aproveitando o momento, estou me sentindo inspirado… estou conseguindo render, por que tem fases… todo mundo passar por fases, então não adianta. Você nunca vai render 100% no estúdio. Sempre vão ter fases em que você vai estar comendo o computador e vão ter fases que você fica olhando para o teto dando loops e loops ali. Mas estou me sentindo em uma fase inspirada, testando várias paradas, várias collabs legais com gringos, vários requests de remixes que eu não posso abrir o jogo ainda (risos), tanto de artistas nacionais enormes quanto de artistas internacionais com pedidos de remix.
Focar também com a Dawn Patrol, a minha gravadora. Ano que vem queremos começar com os nossos eventos, com o nosso showcase pelo Brasil. Devemos também abrir a gravadora, pois atualmente estamos lançando apenas coisas minhas.
É isso, cara! Na real temos muitos planos, a parada é organizar a cabeça para dar tempo de fazermos tudo!”
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