Sabe-se que sua apresentação na reabertura do Templo foi marcada por fatos problemáticos, mas o que aprendemos?
Por Valente. (Foto: Ebraim Martini)
Um longo período se passou sem que as portas do Warung Beach Club se abrissem novamente ao público, e não haveria melhor momento do que a abertura do verão para acabar oficialmente com esse jejum de eventos. Maceo Plex foi o nome escolhido para estrelar a noite, mas o astro acabou ferindo uma moça na pista por haver arremessado um copo plástico, além de ter voltado a cometer erros que já haviam sidos notados anteriormente no mesmo lugar.
Na abertura do verão de 2020, há dois anos, “pequenos deslizes técnicos” foram percebidos por quem estava na plateia. Nada que comprometesse uma noite tida como mágica pela maioria das pessoas, mas alguns mais atentos notaram detalhes questionáveis, como relata um review do WeGoOut:
“Apesar do Maceo estar um pouco fora da casinha e ter se perdido no controle das músicas no final, sua animação estava contagiando a pista e levou todos ao delírio (…)”.
É importante observar que, no caso mais recente, foi feito um esforço para assumir a responsabilidade por meio de um vídeo com um pedido de desculpas. E a estratégia de dar VIP vitalício no club para a vítima, a fim de amenizar os danos provocados, fez com que muita gente desejasse até mesmo ser ferida no lugar dela.
Mas, de toda forma, o que aconteceu pega mal e precisa ser dito. Pega mal ter a imprensa internacional relacionando o seu projeto ao ferimento de alguém (só na última semana, ao menos 8 portais publicaram). Pega mal ter a sua base de fãs dividida entre quem defende e quem ataca, discutindo nas redes sociais. A performance de um artista não deveria deixar esse tipo de herança.
Não se trata de questionar o trabalho de um gigante mundial. Maceo Plex é, indiscutivelmente, responsável por algumas das melhores noites no Templo da música eletrônica, como conta o Alataj. A ideia aqui é refletir sobre que tipo de escolhas estão sendo estabelecidas entre o artista e o público, bem como entender as necessidades e desejos deste.
No passado, o público ia ao delírio quando grandes ídolos do rock protagonizavam cenas escandalosas no palco, a exemplo de Ozzy Osbourne decapitando um morcego e Wendy O Williams se masturbando enquanto canta. Essa conduta está presente até hoje em vários estilos musicais, como na música eletrônica nós temos Steve Aoki jogando bolos na pista. E tudo bem deixar os fãs mais excitados para uma interação fora do padrão, desde que isso não prejudique o profissionalismo da apresentação ou resulte em consequências indesejadas. Por mais tentador que seja, não caia no erro de misturar a curtição com o trabalho.
Por outro lado, é preciso ponderar que estamos em um momento de retomada, os ânimos estão à flor da pele. Quem nunca se passou nas comemorações e fez o que não devia quando assumiu a cabine do evento? Cancelar o Maceo Plex e enfatizar uma noite de erros em detrimento de uma vida de acertos não parece um caminho sensato. É preciso julgar com seriedade os fatos que ocorreram, mas sem condenar os envolvidos.
E você, DJ, já viu alguém fazendo besteira na hora do set? É realmente mais fácil rir dos erros alheios do que buscar acolher e orientar. Porém, a nova era requer um senso de comunidade maior e é preciso praticar muito mais união e solidariedade se quisermos recuperar os prejuízos causados pela pandemia. Se cada um agir assim, rapidamente será possível construir um cenário musical muito mais saudável e rico.
Namastê!
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