Recentemente, um assunto referente à música brasileira vem polemizando nas mídias sociais: afinal, tocar uma música de funk em um set de música eletrônica é motivo para tanto falatório?
Esta atitude repercutiu bastante quando Hardwell tocou o hit “Baile de Favela” na Federal Music, e posteriormente convidou o próprio MC João para subir ao palco durante seu set na Laroc Club e cantar a música. Mas, sabemos que Hardwell não foi o único a polemizar em suas apresentações. Ano passado, no EDC Brasil, Skrillex ousou ao tocar as músicas “Bololo Haha”, do MC Bin Laden; “Eu Quero Tchu, Eu Quero Tcha”, da dupla sertaneja João Lucas e Marcelo; e o famoso hit “Rap das Armas”, de Cidinho & Doca. Outros grandes nomes como David Guetta e Fatboy Slim também possuem o costume de tocar funk em suas apresentações (este último inclusive tocou um remix de “Surra de Bunda” na Tomorrowland Bélgica 2012).
A cena nacional também possui grandes nomes como Omulu, com seus sets recheados de remixes de forró e funk; além de Tropkillaz e Dropkillers.
A verdade é que, diante da divergência de opiniões, no caso de Hardwell a jogada de marketing foi interessante. Na minha opinião, um DJ renomado tocar funk em seu set é um modo de homenagear a música brasileira em todos os seus estilos. Eu particularmente amo MPB, mas sei que é quase impossível tornar este tipo de música “dançante” e incluí-la em um set (ainda que alguns DJs toquem Los Hermanos, CPM 22 e outras bandas que eu curto muito), e sim, se um DJ incluir uma faixa de funk, bem mixada, em seu set eu irei continuar dançando. O público brasileiro precisa aprender a dançar mais e julgar menos e entender que cultura não é só aquilo que você gosta.
É necessário entender também que DJs, e principalmente DJs mainstream, tocam o que está bombando, um som comercial. Um grande exemplo são os remixes e mashups de “Hello”, da Adele (hit que está dominando as paradas mundiais). Então, se Hardwell entendeu que “Baile de Favela” está bombando no país e quis incluir a música em sua apresentação, nada melhor. Se você abrir a mente verá o ato como uma grande homenagem a nossa nação.
Não estou falando que devemos transformar festivais de música eletrônica em festivais de sertanejo ou bailes funk, mas não há nada de mais em tocar uma, duas ou três músicas brasileiras em um set, o que importa é não perder o foco e fazer todo mundo curtir.
*Esta publicação corresponde à opinião do nosso colunista Isac Moura
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