[REVIEW] O que rolou na terceira edição do DGTL São Paulo?

No dia 4 de Maio, São Paulo recebeu mais uma vez, a terceira edição do festival DGTL. Conhecido por ser um festival que pratica ações sustentáveis e que possui um fator artístico muito presente em suas decorações, o conceito do festival não é baseado apenas em trazer grandes nomes – o lineup é apenas algo complementar. MAS O QUE DE FATO ROLOU NA TERCEIRA EDIÇÃO DO DGTL?

Foto: Fernando Sigma

NOVA LOCALIZAÇÃO = MELHORIA NA INFRAESTRUTURA?

Para quem acompanha o festival desde a primeira edição, sabe que eles não estão repetindo as localizações anteriores – o que torna o evento especial. Na primeira edição em 2017, o festival aconteceu em Barueri, dando continuidade em 2018 no Jaguaré e agora em 2019, na Vila Guilherme em São Paulo. Porém, ocorreu melhorias na infraestrutura do evento com a nova localização?

Em 2017, por ser a primeira vez do festival, o local trouxe “experiência” diferente para o público. Afinal, um antigo galpão industrial – um pouco longe de tudo – em São Paulo, com atrasos para a abertura dos portões e alguns perrengues, ainda assim, foi satisfatório para quem estava ali presente. Era diferente.

Foto: Thiago Xavier

Em 2018, ocorreu melhorias: Jaguaré. O novo local era mais próximo que o anterior, já havia recebido outros eventos no espaço, havia uma quantidade satisfatória de banheiros e ventilação, foi mágico. O festival havia acertado em cheio.

Agora em 2019, um local inédito também: Mart Center, na Vila Guilherme. O local era GIGANTE. Os três palcos não tiveram interferência alguma de som, atendeu a vibe “industrial” do evento que a DGTL sempre tentou realçar nas 3 edições porém: quantidade insuficiente de banheiros e o palco Generator estava abafado. Aliás, abafado é pouco. O local pingava de suor no TETO de qualquer lugar que você estava. A área simplesmente não ventilava, então, quem ficou ali, é porque queria MUITO mesmo ver os artistas tocando – e o local sempre estava lotado. Ou seja, prova de resistência? Talvez.

Foto: Jorge Alexandre

LINEUP = SHOWS IMPECÁVEIS

Bom, uma coisa é fato: a cada edição do festival, há melhorias SIM no lineup. Na edição de 2019, contamos com nomes que eram MUITO esperados pelo público, como: Kink e Bonobo. E bom, foi sonzeira pura! Quem assistiu, sabe muito bem que valeu à pena perder o show da Amelie Lens (que estava destruindo tudo no Generator), como também do Jeff Mills.

Foto: Thiago Xavier
Foto: Fernando Sigma

Um ponto muito positivo e que devemos destacar: as mulheres maravilhosas no lineup que DESTRUIRAM tudo! Inclusive, highlights da noite vão para o B2B da Valesuchi com a Eli Iwasa, como também a Amanda Mussi que deu um baita showzaço com uma presença de palco absurda.

E ah, não vamos desmerecer também o set impecável de Recondite, como também o B2B do Ryan Elliott com o Spencer Parker, que estenderam o baile do Frequency até o máximo que puderam. O público simplesmente não ia para o after, pois queriam ficar ali.

Foto: Fernando Sigma

ARTE, LAZER E AFTERPARTY

Começando pela parte mais gostosa do evento: comida, a área de alimentação do festival contou com diversas opções – sem carne – e que particularmente estavam deliciosas! Desde pastéis, hamburguers, batatas fritas, entre outros. Para quem não é vegetariano e vegano, pode experimentar como comidas sem carne também são uma delícia!

A forma de tentar aplicar a sustentabilidade de uma forma consciente reduzindo a quantidade massiva de lixo produzida no festival foi e não foi eficaz. Afinal, é algo que vai de pessoa para pessoa. Mas que no fim, havia garrafas no chão e sujeiras espalhadas. Mas né, vai que uma hora dá certo? O que vale é a intenção.

Foto: Fernando Sigma

Um detalhe importante que não podemos deixar de mencionar, é que fomos recebidos mais uma vez pelo diretor de marketing do DGTL, Dave van Dalen, que fez um encontro com a imprensa, levando a gente no backstage de cada palco e sendo o mais receptivo possível.

E uma coisa que não podemos colocar defeito é a área voltada a arte no evento. A parede interativa com um áudio visual incrível, deu um toque mágico para o evento e hipnotizou diversas pessoas por lá. Era impossível não ver o público tirando fotos e admirando o que estava ocorrendo por ali.

E agora, abordando uma das partes mais faladas para quem foi e não foi ao evento: o afterparty. O afterparty ocorreu no palco Generator do festival – sim, a área mega abafada e que pingava suor do teto – e só entrava mediante a pulseira. Pois bem, foi aí que começou o fuzuê.

Foto: Victor Silva

Primeiramente, após as últimas apresentações do Modular e do Generator, eles bloquearam algumas entradas, sendo possível apenas ir pelo palco Frequency, onde o Ryan Elliott e o Spencer Parker estavam tocando e estenderam. Isso fez que aglomerasse uma quantidade muito grande de público e ocorreu: atrasos e uma fila gigantesca. Afinal, a mesma saída para o pessoal ir embora, era a mesma via para ir para entrada do afterparty – o que resultou pessoas que não eram do after indo para a fila do after e toda a bagunça e grosseria dos seguranças do evento – o que impossibilitou até o acesso de imprensa na área.

Por fim, o Etapp Kyle acabou trocando de horário com o Mind Against – que eram a primeira atração do after. E isso segurou até mais o público para mais tarde, afinal, tinha muita gente que queria ver o duo italiano.

E bom, infelizmente o único problema não foi esse. Nas redes sociais dois artistas brasileiros, expuseram o problema que tiveram quando foram trabalhar durante o evento – impossibilitando-os de performarem. E o poder da internet foi muito importante para que eles fossem escutados e que o DGTL se posicionasse sobre. Na última atualização publicada por ambos, foi dito que foi “solucionado” o caso, mas que sirva para chamar atenção que os artistas locais do nosso país merecem o devido respeito e valor, assim como qualquer outro artista internacional.

Foto: Victor Silva

SEE YOU NEXT YEAR?

Com o problema dos artistas locais que tivemos durante o festival, as redes sociais do DGTL foram bombardeadas de comentários e mensagens dizendo que eles não eram mais bem vindos ao nosso país. Porém, com o posicionamento do festival e com o próprio dono do evento entrando em contato com os artistas, pudemos ver que o problema, não foi com o festival em si e sim com os produtores locais dele que não deram o devido suporte para esses artistas.

Uma coisa que devemos ressaltar: BACKSTAGE NÃO É ÁREA PARA CLOSE! Um ponto negativo da edição deste ano foi justamente a quantidade massiva de pessoas no backstage que subiam no palco e atrapalhavam quem estava trabalhando cobrindo o festival ou até mesmo o próprio artista. Somos a favor do fim do backstage para pessoas que não estejam trabalhando no evento. Afinal, é super chato um artista ficar sendo iluminado pelo flash de pessoas que estão lá só para status social. Isso prejudica as pessoas que estão trabalhando e cortam também a vibe das pessoas que estão na pista e recebem a luz na cara. Não é legal.

E claro, não podemos esquecer que apesar dos perrengues, o evento conseguiu trazer diversos artistas e proporcionar uma experiência inesquecível para o público. Afinal, o show que presenciamos no dia 4 de Maio e até mesmo para quem ficou até o fim no afterparty, vivenciou uma experiência única. E sim, nos esperamos que o festival volte ano que vem e acima de tudo, valorize os nossos artistas locais, que são artistas como qualquer um que tocou naquela noite. Que sirva de lição e que venha mais edições!