Geórgia é um país da Europa Ocidental, cujo anda passando por bocados ultimamente. Próximo a Rússia, Turquia e Armênia, Geórgia é um país cheio de cultura – tanto histórico, gastronômica, artística, entre outros.
Este país ultimamente anda sofrendo com a democracia, com a liberdade de expressão, criminalidade e muitos outros. Mas por quê isso está afetando a música eletrônica e os clubes locais?
Para entender um pouco mais, nos recentes noticiários, 5 semanas atrás, 5 jovens foram mortos na capital de Geórgia (Tbilisi), por consumo de drogas em um país onde a lei é muito clara e rígida sobre este assunto, ou seja, totalmente intolerante a drogas – onde você pode pegar até 8 anos de prisão, se te pegarem consumindo, nesses controles rotineiros que eles fazem.
Tentando achar de onde “surgem” essas drogas, o governo georgiano tentou enviar uma mensagem de medo e intimidação à cultura jovem e progressista de Tbilisi e à “Economia Noturna” – vulgo, clubes.
Porém, o clube Bassiani, um dos clubes mais famosos de música eletrônica da localidade, publicou em seu Facebook que nenhuma das mortes foram dentro desses clubes de música eletrônica e que os clubes possuem controle sobre drogas no estabelecimento.
E em resposta, milhares de tropas de choque, invadiram os principais clubes de música eletrônica e bloquearam a entrada, na última sexta feira (11) – onde eles acreditam que sejam os culpados pelas mortes e auge de todas essas drogas para os jovens – afim de mobilizar todos esses lugares e frequentadores.
O governo que em depoimento disse que tal atitude era para “reprimir” pílulas e narcóticos em um momento em que há um grande esforço para mudar rigorosamente a política de drogas deixada pelos últimos governos, queria dar um exemplo – um precedente. Mas desde quando fechando clubes e reprimindo um direito à arte e cultura, como a música, vai te ajudar a combater as drogas?
E bom, essa atitude do governo, foi um tiro pela culatra com os moradores locais, que decidiram se reunir e manifestar para enviar uma mensagem: não mexa com os nossos clubes. A demonstração não foi planejada; não foi rebelia. E a cena se desenvolveu no decorrer do dia no sábado (12), deixando aparente que este governo pode estar lidando com o maior problema político que já enfrentou, porque agora os líderes improvisadores dessa revolução discográfica estão pedindo a renúncia do primeiro ministro.
Os jovens georgianos entraram na praça em frente ao parlamento e à avenida principal de um movimento chamado “Por Nossa Liberdade“, dirigido pelas mídias sociais. Onde o mantra deles dizia: “Nós dançamos juntos; Nós lutamos juntos“.
Essa mensagem está apenas ficando mais forte e milhares de hashtags com “#danceforfreedom” (#dancepelaliberdade) foram espalhadas nas redes sociais afim de chamar a atenção do mundo todo. Além de lives, fotos, vídeos, stories, sendo divulgados em tempo real afim de unir mais pessoas.
“Isso não é sobre drogas. Não é nem mesmo sobre música. É sobre liberdade e liberdade”, diz a analista política Dinara Gagoshidze. Ela observa que a Geórgia é um país onde tais idéias historicamente são escassas. Embora muitos dos jovens que dançam nas ruas no sábado à noite não se lembrem da Cortina de Ferro, eles foram criados em uma cultura que conhece o verdadeiro valor da liberdade precisamente porque era tão difícil de encontrar no passado.
Vocês invadem nossos clubes, então nós invadimos sua cidade.
Quando a noite caiu em Tbilisi no dia 12, a multidão continuou crescendo. Os manifestantes passaram pela linha da polícia e bloquearam a avenida central da capital diretamente em frente ao Parlamento. Entre os gritos dos “líderes” tentando descobrir qual é o objetivo desse movimento, um fator reina: a música eletrônica. Isto é literalmente uma revolução de dança. Não há sinal para parar. A música é uma liberdade de expressão. A música eletrônica une as pessoas.
E, no momento, a mensagem é maravilhosamente simples: vocês invadem nossos clubes, então nós invadimos sua cidade. No sábado à noite, foi exatamente isso que aconteceu. O governante da Geórgia não era bilionário e nem georgiano. Era um DJ alemão lançando batidas eletrônicas no bulevar central da Geórgia.
Uma coisa é certa: privar clubes, não é a solução. Privar as drogas, também não é a solução. E pelo visto, ainda vamos ouvir muito sobre este assunto e como ele é importante para cada um de nós.