Entrevista: KVSH fala sobre Ultra Music Festival, Tomorrowland e sobre o momento de sucesso em sua carreira

O mineiro Luciano Ferreira, mais conhecido como KVSH, tem se consagrado como um dos hit makers da cena eletrônica brasileira. KVSH já gravou com os maiores nomes da música eletrônica brasileira, como as super estrelas Alok e Vintage Culture, além de, recentemente, ter lançado com dois dos maiores DJs de Funk do país, Dennis e Pedro Sampaio. Esse sucesso todo parece estar se internacionalizando, o DJ foi anunciado nos dois maiores festivais de música eletrônica do mundo, o Tomorrowland e o Ultra Music Festival.

Atualmente, com quase 5 milhões de ouvintes mensais no Spotify, Luciano conta com muita diversidade em seus lançamentos. São parcerias e remixes que podem ir do Funk, como Pedro Sampaio e Dennis, ao Reggae, como Natiruts, e ao Pop, com Lagum, que por sinal, é uma baita parceria de sucesso. Outra parceria de sucesso foi o hit “Sick Drop“, lançado pela STMPD Records, que viralizou no ano passado.

Foto: Yohan Augusto

Em entrevista, KVSH nos contou sobre o momento que está vivendo em sua carreira, além do que podemos esperar das suas apresentações no Tomorrowland e no Ultra Music Festival, confira!

WiR: Nesse mês você se apresenta no Ultra Music Festival. Acredito que isso seja a realização de um sonho seu, o que essa apresentação significa para você?

KVSH: “Desde quando ainda era novo, sempre fui muito fã do Ultra, lembro que ele acontecia sempre numa data muito especial que era em março e sempre fui muito apaixonado por Miami. Tive a oportunidade de ir no festival em 2016 graças a um bug no site da American Airlainess.

Eu e um amigo conseguimos comprar e fomos junto com uma galera para Miami curtir o Ultra, foi muito irado!”

WiR: A apresentação será junto com o Pontifexx, como surgiu esse convite para o B2B?

KVSH: “Esse convite surgiu através da STMPD Records, a gravadora do Martin Garrix. O Pontifexx já tinha lançado algumas tracks pela gravadora e eu tive a oportunidade de lançar a “Sicko Drop” também por lá. Essa track viralizou no TikTok e foi uma das músicas mais tocadas da gravadora no ano de 2020!

A partir disso eles decidiram dar a oportunidade para dois brasileiros se apresentarem no Ultra, o Pontifexx que já tinha uma história com eles e eu que lancei uma das maiores músicas da gravadora. Assim eles convidaram a gente para tocar no esquema de B2B.

WiR: Como vocês estão se preparando para o set? Podemos esperar até mesmo uma collab?

KVSH: “Sobre o set ainda não podemos dar muitos spoilers, mas a galera pode esperar por novidades e músicas novas.

Recentemente passamos um tempo na fazenda do Thomas para produzir e descobrir novas músicas, foi muito legal. Preparamos muita coisa nova e estamos muito ansiosos para o Ultra.”

WiR: Além do Ultra, você foi anunciado na Tomorrowland, sendo assim, irá se apresentar nos dois maiores festivais de música eletrônica do mundo no mesmo ano. Fala para a gente um pouco sobre essa fase na sua carreira.

KVSH: “Essa fase na verdade começou a ser construída a partir de 2019 quando consegui fazer algumas turnês internacionais apenas para brasileiros.
Mas o sonho era justamente fazer apresentações também para a galera de fora. Graças aos lançamentos feitos por gravadoras internacionais e agora que o mercado de fora voltou a olhar para o Brasil como uma grande potência da música eletrônica surgiram várias oportunidades e o Tomorrowland foi uma delas.

O convite veio também através da STMPD, uma gravadora que está apoiando muito o meu trabalho lá fora. E além do Tomorrowland a gente tem outro grande anúncio para fazer ainda esse ano.”

WiR: O que podemos esperar da sua apresentação no Tomorrowland? Já está pensando nisso?

KVSH: “Já sim! Tenho conversado muito com a Carola sobre a nossa apresentação B2B, ela é uma artista sensacional aqui do Brasil, do Rio Grande do Sul e somos muito amigos desde o início das nossas carreiras. Ela tem uma pegada que puxa uma sonoridade mais pesada assim como eu também puxo em algumas músicas minhas.
E o que eu quero fazer é justamente levar um pouco mais do nosso som brasileiro para lá, levar a nossa cultura para o stage do Tomorrowland, levar a sonoridade, vocais e músicas brasileiras, coisas que os gringos vão ouvir e gostar.

Eu e a Carola estamos conversando muito sobre isso, como levar isso para a nossa apresentação no festival.

Quando passar o Ultra a gente vai se reunir no estúdio e começar a montar nosso planejamento para o Tomorrowland que acontece no meio do ano.

WiR: Recentemente você lançou singles com Dennis e Pedro Sampaio, além de ter o costume de tocar funk nos seus sets. Como você vê essa junção de música eletrônica com funk?

KVSH: “Sobre os funks no meu set é algo que à primeira vista as pessoas ficam com um certo preconceito, né?! Mas acho que isso já é até uma discussão passada, porque o funk é um dos gêneros mais fortes aqui no Brasil e que reflete muito o “lifestyle” do público daqui.

O Brasil tem muitos gêneros além da música eletrônica, como o funk, sertanejo, axé, piseiro e eles também representam a musicalidade do nosso país.

Eu fiz essa colaboração com o Dennis que é um produtor incrível, a nossa música chama “Pepas”. Fiz também uma colaboração com Pedro Sampaio no novo álbum dele, a música chama “Surreal”, já remixei outros artistas, inclusive vários artistas da música eletrônica nacional como o Illusionize, Victor Lou, Alok.

A gente vive num país de diversidade e de múltiplas culturas. E num momento em que todos querem ser desconstruídos, querem ser livres para criar não devemos nos prender em nenhum preconceito. É preciso abrir a cabeça para a música também!

WiR: Sempre vemos diversidade nas suas produções, recentemente você lançou “Be Someone”, uma música mais calma. Você acredita que diversidade é a chave para todo esse sucesso?

KVSH: “A diversidade não só é chave do sucesso como também da reciclagem. Hoje, um artista para se manter aquecido no mercado ele tem que ser reciclado.
As pessoas amadurecem, crescem, mudam de comportamento e a música também muda. Eu como artista também prezo muito isso, prezo sempre estar fazendo músicas que sejam diferentes das coisas que eu costumo lançar.

Muitos artistas se prendem a uma mesma linha de som, que funciona durante um tempo, mas depois as pessoas se cansam daquilo.

Os artistas que são grandes até hoje são aqueles que quebram paradigmas e fazem coisas diferentes.

E entre todos os estilos, acredito que eu escolhi o mais difícil (risos) que é tentar diversificar dentro da música eletrônica, esse é o meu maior desafio hoje.
Ao contrário do pop, por exemplo, que faz isso em várias músicas. Outros gêneros também como funk e sertanejo, não têm mais esse medo de criar.

E o que eu busco é quebrar esse preconceito dentro da música eletrônica, que a gente pode criar outros estilos e fazer misturas. Como eu fiz com o remix de “Sorri, Sou Rei” do Natiruts, várias músicas na banda Lagum, com o Breno Miranda e por aí vai. A ideia é criar!

WiR: O que podemos esperar de novidades para o Lemon Drops esse ano?

KVSH: “Para a Lemon Drops a gente está trabalhando, mas agora com um hiato. Decidimos dar um tempo nos lançamentos, principalmente pela dificuldade de se ter uma gravadora hoje aqui no Brasil em que o intuito é lançar novos artistas, mas onde os grandes artistas não querem lançar por preconceito.

Então é bem complicado fazer esse trabalho de “Robin Wood”, de querer ajudar os iniciantes mas sem apoio dos grandes.

A gente tem excelentes produtores hoje aqui no Brasil, mas o que a gente percebe hoje é que o trabalho nas mídias também é tão importante quanto a própria música.

Então é difícil a gente lançar uma música boa quando o artista não tem ainda uma força de mídia, não tem uma tração muito forte nas redes sociais, etc. O que ajuda a ganhar visibilidade e até mesmo chamar a atenção dos artistas maiores.

Hoje eu estou muito mais focado no Lemon Club, que é a nossa comunidade de produtores no Facebook. Temos vários artistas iniciantes lá, e tento criar uma mentoria para eles para ajudar não só na parte de produção musical como também a coisas do dia-a-dia de um artista: marketing, comunicação e tudo isso.

Convidado para o WiR Invites no Spotify, confira a playlist exclusiva do KVSH clicando aqui.

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