Já é claro que o nível da performance de um DJ não se mede por seu Set-Up e equipamentos que usa. O relacionamento de cada artísta com seu Set-Up é diverso, sendo assim, a preferência por um tipo específico de tecnologia é refletida nos riders (exigências do artista). No Lollapalooza Brasil que aconteceu no último final de semana (25-26/03), tivemos uma interessante variedade nos equipamentos utilizados pelos DJs e em suas identidades com cada um deles.
Os equipamentos da Pioneer são os dominantes nos palcos ao redor do mundo desde muito tempo. Em 2016 completaram-se 10 anos do lançamento da primeira CDJ da marca e no final desse mesmo ano foi introduzida ao mercado a nova série ‘Nexus 2’, de CDJ 2000 (tocador digital) e DJM 900 (mixer), prometendo ser o novo set-up padrão de grandes club’s e festivais, revolucionando o cenário. Essa, então, foi a linha adotada para o Lollapalooza Brasil de 2017, disponibilizando 4 deck’s CDJ 2000 Nexus 2 e a mixer DJM 900 Nexus 2 aos DJs que se apresentaram.
No entanto, na mesma época, a Denon lançou uma linha para bater de frente com a ‘Nexus 2’ e está ganhando atenção e força entre os DJs. Os tocadores (SC5000 e VL12) e mixer (X1800) da série ‘Prime’ apresentam uma proposta de dinâmica diferenciada, mas ainda pouco aceitos entre as cabines por serem pouco conhecidos. Em sua campanha de divulgação, o ícone Laidback Luke uniu-se a proposta, com vídeos de performance e apoio. Outro grande DJ que entrou na onda da linha ‘Prime’ e também foi designado como “Embaixador” para a marca, é Oliver Heldens, quem se apresentou no Palco Perry do Lollapalooza Brasil e exigiu em seu rider para o festival um Set-Up completo dessa categoria, com 4 deck’s SC500 e a mixer X1800. Em uma entrevista para a marca, diz que essa série de equipamentos o deixa livre para tocar com fluídez e agilidade, exatamente o que ele necessita para que o público tenha o melhor dele sempre.
“Eu não ligo pro equipamento, só deixo minha imaginação assumir o controle” – Oliver Heldens
Por outro lado, tivemos um caso raro, que se deu no rider do Victor Ruiz. Para seu Set-Up, exigiu a mixer Xone 92 da Allen & Heath. Esse modelo é quase sempre usado por ele em suas performances e em alguns casos até mesmo leva o próprio para os shows. Muito bem colocado por ser um mixer analógico, de altíssima qualidade, como priorizado por ele em suas tracks.
“Eu nunca fui DJ” – Vintage Culture
Outro caso impar no festival é o de Vintage Culture, quem tocou via Ableton Live, no Mac, ligado a mixer DJM 900 Nexus 2 do Set-Up padrão. Lukas, em um Workshop da AIMEC em 2014, revelou que deu rumo nesse estilo de performance logo no começo de sua carreira de discotecagem, pois começou como produtor, e sempre teve afinidade e prática com o software. “Sempre simples, menos é mais”, disse ele ao ser perguntado sobre seu modo de tocar. Com uma técnica parecida, Gabriel Boni, DJ que inaugurou o palco Perry no domingo, utilizou de uma controladora Kontrol X1 para Traktor (Software de discotecagem) da Native Instruments, ligada também na mixer padrão do palco.
Ainda no palco Perry, a espetacular performance de GRiZ, com seu parceiro Muzzi, foi uma fusão do jazz e rock com dubstep, no formato Live (Sem os tocadores, somente com sintetizadores, controladoras de instrumentos e o computador com sintetizadores e sequenciadores digitais). GRiZ tocou saxofone e ficava responsável pela controladora e computadores, ligados a mixer padrão, enquanto sua dupla pela guitarra e efeitos. Essa mistura interessante trouxe uma energia única ao palco e uma diversidade muito bem colocada na atmosfera do festival, super bem recebida pelo público.
No palco Axe, onde se apresentaram unicamente bandas, por exceção dos Headliners, os Set-Ups foram únicos. The Chainsmokers usou o mesmo equipamento padrão do palco Perry, 4 deck’s e a mixer da linha “Nexus 2” da Pioneer. No entanto, Flume é um comentário a parte. Ele que se apresentou também no formato Live, como de costume, toca com um complexo sistema de controladores, que se unem pra dar vida às suas tracks, como a Komplete Kontrol S25 da Native Instruments, uma Lauchpad Pro da Novation e um drumpad SPD-SX da Roland, por exemplo.
Isso nos mostra um pouco da diversidade da arte da discotecagem e da música eletrônica, quebrando alguns paradigmas, como o clássico “DJ pendrive”. Voltando a reforçar que não é a ferramenta que o DJ usa que o define e nem o faz melhor ou pior. Com isso, tivemos mais um incrível ano do Lollapalooza para a cena eletrônica, além do palco Perry que se mostra cada vez mais potente, podendo esperar outra grande edição em 2018 cheia de felicidade para os amantes das batidas sintetizadas.
Fontes:
www.pioneerdj.com
http://www.denondj.com/prime-series
http://equipboard.com/pros/flume
https://www.native-instruments.com/en/products/traktor/dj-controllers/traktor-kontrol-x1/
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