Do marketing aos decks: entrevistamos a artista multifacetada Mari Meye

Uma coisa é certa: nas últimas semanas o nome “Mari Meye” de alguma forma apareceu em sua timeline. O lançamento “Space & Time”, que saiu no dia 24 de julho, chegou com um conceito e um trabalho impecável de apresentação e produção musical. Mari meye que sempre esteve por trás de grandes projetos e ações de marketing, deu as caras como produtora musical e deixou todos de queixo caído. Digno de palmas!

Mariane Marcelino, nome por trás do projeto e apelido “marimai” que surgiu através da música Jetlag do Simple Plan, deu suas caras a tapa no mercado muito cedo: com apenas 17 anos. Seu primeiro estágio foi na maior rede rádios do Sul do Brasil e não demorou muito para que ela se aventurasse em São Paulo, passando por agências de publicidade, rádios, clubes, agências de booking e tudo que é relacionado a música eletrônica no Brasil. 

Mari Meye criou seu nome no mercado eletrônico, seu blog (e atualmente agência de marketing digital) Assim Que Rola, já foi grande referência no segmento. Não é a toa que ela foi embaixadora oficial do Lollapalooza Brasil do palco Perry em 2015 e já trabalhou durante alguns anos com Vintage Culture e outros cases de sucesso. Atualmente, a publicitária e especialista em marketing digital, mostrou o seu lado artístico com produção musical – algo em que sempre almejou. 

Sua primeira música de trabalho em parceria com Bea Dummer, “Space & Time”, foi lançada pelo seu próprio selo musical: o Assim Que Rola. Uma viagem introspectiva através da expansão da consciência e abordando temas que estão reverberando em grandes proporções atualmente, como propósito e a batalha travada contra o ego. Mari Meye deixa comprovado todo seu talento como uma artista multifacetada e muito inteligente! Confira nossa entrevista:

WiR: Primeiramente, saiba que é um prazer bater um papo contigo, Mari. Para quem é da cena, já te conhece devido aos seus trabalhos, inclusive, conheci você no Clash Club no dia do Headhunterz. Particularmente, acompanhar sua evolução como pessoa, profissional e artista, é bastante inspirador. Como você se sente com todo esse “flashback” desde o início da sua carreira profissional até agora, como produtora musical?

Mari Meye: Nossa, isso faz uns 5 nos já né?! Que legal nos encontrarmos novamente! Olha, a transição não foi fácil até aqui e também não acredito que será mais fácil daqui pra frente. Muitas pessoas tentaram me dar rótulos, impor limites do que eu poderia ou não fazer, de como eu deveria me comportar e qual caminho eu deveria seguir. Eu tive muitas conquistas significativas na minha carreira ao longo desses anos, mas estar em constante mudança foi o que me trouxe até aqui, aprender a não se apegar a momentos confortáveis no meio dessa jornada foi o mais difícil, é você ter em mente que estamos aqui só de passagem e que cada conquista deve ser celebrada, mas não durará para sempre, você deve seguir o seu caminho levando apenas o aprendizado do passado e sem sofrer por antecedência quanto ao futuro, só temos o agora e é nele que nossas decisões devem se basear.

WiR: Podemos dizer que um grande diferencial seu dos demais artistas, é justamente por ter um ponto de vista muito amplo: como público, como atuante no mercado e agora, como artista, o que acaba sendo um grande aval até para suas campanhas. Na sua opinião, qual foi o brainstorming mais impactante desses 3 pontos de vistas?

Mari Meye: Eu acho que eu chamaria mais um insight, ao invés de brainstorm. Passar por essas três etapas de forma genuína me fizeram finalmente entender algo que ouvi muito estudando música, que diz que você leva muito tempo para aprender a teoria musical, para no final descobrir que você não precisa dela, isso não quer dizer que você não a use, ela está ali, mas na verdade agora ela faz parte de você, você internalizou esse conhecimento. O meu maior insight foi justamente esse, não existe uma verdade absoluta, uma fórmula mágica para o sucesso, tudo que eu aprendi ao longo desses anos obviamente está no meu subconsciente, mas não necessariamente eu preciso disso para fazer o que eu estou fazendo, nunca foi sobre buscar algo e sim sobre estar preparado. Quando você está pronto, o universo te entrega e essa frase não é minha, mas faz total sentido pra mim.

WiR: Você é bastante perfeccionista em tudo o que faz. Durante o processo de criação da Space & Time, você chegou entrar em conflito com seus 3 alter ego levantados acima?

Mari Meye: Nossa, o tempo inteiro. Inclusive as primeiras versões da música refletiam isso, refletiam o que os outros achavam que eu deveria fazer e não de fato o que eu queria. Foi um longo caminho de autodescoberta, em alguns momentos eu senti vergonha do meu passado, me fizeram pensar que todo o esforço que eu estava colocando era na verdade um desperdício, que não precisava tanto para chegar onde eu queria, e isso me causou um repudio ao meu passado, eu cheguei a pensar em apagar todo o meu histórico por não querer mais conexão com aquela pessoa que eu fui, mas aquela versão de mim ainda sou eu, e eu aprendi a amar e me orgulhar de todas as minhas versões, tanto aquelas que eu fui quanto a que eu sou no momento atual e mal posso esperar para conhecer a versão de mim em 5 anos. Se tem algo que eu aprendi através desse conflito interno foi abraçar a mim mesmo, cuidar de mim e me tratar com carinho, olhar para o passado com amor e grata pelo aprendizado, entender que cada um tem uma jornada pessoal e que por mais que o ponto de chegada possa ser o mesmo, existem mil maneiras de você chegar lá, essa está sendo a minha.

WiR: Falando um pouco mais sobre a Space & Time, você morou um tempo nos Estados Unidos e podemos dizer que essa vivência foi literalmente um divisor de águas por completo. O fato de ter vivenciado muita coisa fora do nosso “comum” aqui em nosso país, favoreceu total para sua composição e conceito em si. Você pretende se aventurar em outro país para outras produções?

Mari Meye: Eu acredito que existem duas maneiras de você se conhecer, uma é através do tempo, analisar o que passou e como isso te transformou na pessoa que você é. Como ainda não podemos viajar para o futuro (risos), outra forma que temos de buscar esse conhecimento é alterando o espaço, quando você altera o espaço, você altera os fatores externos pelos quais você é influenciado, é como um atalho nessa jornada de autoconhecimento, algumas vezes vamos encarar partes de nós mesmos que não nos orgulhamos, vamos entrar em conflito com nós mesmos, mas isso significa que aquilo fez você pensar fora da caixa, e é aí que o processo de cura se inicia, é iluminando as sombras que evoluímos, nos tornando pessoas melhores. É claro que quero continuar trazendo isso para as minhas produções, mas eu iria além do termo de viagens, porque não foi a viagem em si que foi um divisor de águas, mas as experiências que me permiti viver nessas viagens através da mudança de espaço, estar longe de casa, em contato com outras culturas, pessoas, pensamentos, ideais diferentes, talvez essa mudança de espaço para alguns não esteja conecta com viagens para outros países, talvez o simples fato de você sair de casa e ir morar sozinho já te faça enxergar as coisas sob uma nova perspectiva, basta você se permitir e nada mais será como antes.

WiR: Como foi essa experiência de produzir a Space & Time? Em seu mini-doc no YouTube, você ressalta muito sobre Joshua Tree, cogumelos e toda sua imersão na trip. Nos conte um pouco sobre isso!

Mari Meye: Todos nós temos nossa própria noção de realidade, nosso labirinto perfeito (perfect maze) projetado pela nossa mente para nos manter ‘seguros’, essas experiências me fizeram enxergar além do nosso programa padrão (nascemos, crescemos, trabalhamos, passamos a vida correndo atrás de dinheiro, casamos, nos reproduzimos e morremos), as substâncias alucinógenas como o LSD, a psilocibina e o DMT, por exemplo, funcionaram pra mim como um glitch na matrix, abrindo meus olhos para outras formas de realidade que coexistem com essa aqui. Não é algo feito para diversão, mas para autoconhecimento e conhecimento do mundo. Não indico para todo mundo, o espaço que você está interfere muito na experiência e as pessoas com quem você está também, é algo que você deve fazer consciente e estudar qual a implicância disso na sua vida. Muitas pessoas não estão preparadas para fundirem esse conceito de perfect maze, estão muito apegadas ao conceito de realidade criado pelas suas mentes e não estão prontas para abandonar isso. Então, cuidado, busquem fazer as coisas e tomar as decisões 100% conscientes do que de fato vocês estão fazendo e o porquê.

WiR: A Space & Time, é uma música admirável, pois vemos você atuando em TODOS os processos dela. Criação, conceito de imagem, divulgação, entre outros. Como você define esse “conceito” artístico da imagem da música? Desde cores, ideias para filtro no instagram, design, tudo.

Mari Meye: Toda a direção criativa partiu do consciente coletivo, não foram ideias minhas ou de pessoas que trabalham comigo, são conceitos que estão lá para qualquer pessoa acessar. Mas o que me ajudou a executar esse projeto como um todo foi encontrar pessoas e profissionais que realmente entendiam essa proposta, isso foi essencial para a criação da campanha. O Pedro, designer que criou o key visual, ele está familiarizado com substâncias alucinógenas e essa visão de ruptura da realidade e do mundo do jeito que conhecemos, ele mesmo já teve suas próprias experiências, então quando levei o projeto para ele, as coisas fluíram muito mais fácil. Já sobre o filtro, um dos momentos mais marcantes da minha experiência com psilocibina (substância presente nos cogumelos) foi a alteração das cores, o que a psilocibina faz/fez comigo foi abrir chakra por chakra, até que quando você abre o seu terceiro olho, você vê o mundo com outros olhos, cores, formas e energias, quase como no filme ‘Avatar’ e hoje em dia não acho que foi à toa a cenografia do filme. A ideia do filtro foi projetar nem que seja uma parte dessa experiência e o kaleidoscopio para representar a ilusão de ótica, o kaleidoscopio é um elemento muito presente na trippy de DMT também.

WiR: Você já entrevistou grandes artistas do Dance Music. Inclusive, foi embaixadora do Lollapalooza Brasil com o Assim Que Rola. Entre todos os artistas entrevistados, qual foi o mais impactante/inesquecível, em sua experiência como veículo de mídia?

Mari Meye: Eu aprendi com cada uma delas, todas foram especiais de alguma forma, mas uma das coisas mais impactantes foi algo que presenciei na maioria, o fato de ser uma garota entrevistando e sempre ser subestimada, não teve uma vez que eu me lembre que isso não aconteceu, mas em todas elas eu surpreendi e acabei impressionando essas pessoas, porque eu realmente sabia o que eu estava falando e ver a admiração estampada nos olhos foi gratificante em todas as vezes. Quando eu entrevistei o Borgore, eu acabei sendo a última a entrevistar e na verdade era pra ter sido um outro colaborador do Assin Que Rola que faria a entrevista (por ser fã dele!), só que ele perdeu a pauta e ficou tão nervoso que não sabia o que fazer, aí alguém da equipe de vocês se ofereceu para ir na frente e a gente acabou ficando por último para me dar tempo para pensar, o que foi muito legal da parte da Wonderland in Rave. Todo mundo que saia do camarim, saiu decepcionado porque ele simplesmente respondia sim ou não para todas as perguntas, eu não ia deixar isso acontecer e realmente, fiz uma entrevista incrível e recebi um email da equipe dele me dando os parabéns, que poucos tinham feito algo daquela forma e ainda me pediram os links para ver. Na época ele me mostrou o álbum inteiro dele de Jazz que ainda estava sem nome e só nos arquivos no próprio iphone, foi surreal, mas o principal foi usar aquilo como estímulo para fazer um bom trabalho, sempre que alguém me subestima, acaba me impulsionando mais e mais.

WiR: O Assim Que Rola, também é uma label. Como surgiu essa ideia e como funciona, além de tudo, ser uma “label manager”?

Mari Meye: Com vocês sabem, o Assim Que Rola é uma agência de marketing digital, ou seja, somos pagos para criar campanhas e divulgar artistas online, mas nem todos os artistas tem recursos para nos contratarem, então eu criei o selo, para que eu possa devolver algo do que é me dado e contribuir para a cena, através do selo eu consigo desenvolver um trabalho de qualidade para artistas, mesmo que eles não tenham todos os recursos necessários para fazê-lo. A label ainda é um embrião de tudo que imagino para ela e tudo que pretendo criar e fazer através da mesma. Quando veio a ideia do lançamento da “Space & Time” inclusive, eu fiquei em dúvida se deveria seguir o caminho tradicional e buscar as major labels, até tentei algumas, mas sei que as majors querem produtos de sucesso já, ninguém mais investe em um artista do 0, que ninguém nunca ouviu falar. Foi aí que decidi pelo caminho de artista independente e optei por fortalecer o meu próprio label para então, ter recursos de ajudar outros artistas, a confiança de que eu precisava para tomar essa decisão veio através do livro do Russ, ‘It’s all in your head’ (está tudo na sua cabeça), onde ele defende isso de artistas independentes e de que é possível sim você fazer sucesso da internet para o mundo real, foi então que tive certeza que essa seria a minha jornada, afinal eu só estou aqui hoje por conta da internet, nada mais coerente do que seguir nesse caminho e nada mais justo do que retribuir tudo que foi me dado até aqui.

WiR: Recentemente, suas participações em lives/podcasts, geraram uma repercussão muito positiva. Principalmente, por você levantar bastante a importância do “apoio feminino”, o que está mais ativo nesses últimos tempos durante a pandemia. Você, pegou uma fase ainda bem diferente da atual quando começou a trabalhar na cena. Para quem ainda não tem muito conhecimento sobre, qual é a melhor forma para se “educar” e ‘conscientizar” sobre esse movimento e bandeira levantada de apoiar outras mulheres? (estou colocando essa pergunta pois você apresentou argumentos muito importantes que devem ser reproduzidos em outros lugares).

Mari Meye: Eu acredito que esse tema tem duas perspectivas diferentes, a do opressor e do oprimido, eu sei que são palavras fortes, independente do lado em que você se encontra. Eu acho que pelo fato de nós mulheres sermos criadas por uma sociedade patriarcal, nós aprendemos a amar o abusador, seja através do abuso psicológico ou físico, isso começa quando tratamos meninas e meninos diferente, onde os meninos são criados com toda a permissividade possível e imaginável, enquanto as meninas o oposto, os super limites impostos disfarçados pela máscara do ‘é para sua própria proteção’, normalmente os casos de abuso e violência não são pessoas que você não conhece, a grande maioria dos abusadores são pessoas que amamos e confiamos. Nós vemos a mídia e tudo que nos influencia durante toda a nossa existência romantizar o abusador e o abuso e crescemos em conflito com o que fomos ensinadas e o que estamos vivenciando no mundo atual, fomos rotuladas de histéricas no passado e somos rotuladas de loucas agora, mas nós estamos acordando e vendo que esses comportamentos não são mais aceitáveis, isso não é amor. Claro que algumas pessoas demoram mais para perceberem isso do que outras, tudo depende do quão enraizado estão esses conceitos dentro da gente e quantos traumas e marcas ainda nos controlam. Por isso, acho que o mais importante nesse momento é ajudarmos uns as outros, entender que não é por se associar ao opressor que você deixa de ser oprimido e que todas as mulheres precisam do nosso apoio, mas nem sempre a gente consegue apoiar, porque as vezes ver aquilo também desperta gatilhos nos nossos próprios traumas, então é mais fácil se afastar do que encarar. Entender isso e aceitar o seu momento é o mais importante, na hora certa você conseguirá ultrapassar essas barreiras impostas, todos estamos passando por um processo, precisamos dar o lugar de fala para quem precisa ser ouvido e aprender a escutar sem ficar na defensiva e desviar o assunto para algo sobre você, o mundo não gira em torno de nós mesmos, quando criamos empatia, transformamos o mundo em um mundo melhor.

WiR: Para quem te acompanha há um tempo, viu que você inclusive já tocou na festa do Vintage Culture. Você pretende voltar aos palcos e atuar com isso ativamente?

Mari Meye: Sim, pretendo, mas aquele período que eu toquei algumas vezes foi meio que um teste, foi divertido, mas cada vez mais eu estou descobrindo que não quero apenas tocar e não estou tirando o mérito de quem o faz, mas eu quero algo diferente para o meu projeto, por isso tenho investido tanto tempo aprendendo piano, baixo e canto, eu tenho uma visão bem específica do que quero provocar nas pessoas com a minha música e do tipo de experiência que eu quero proporcionar, estou num momento de descoberta do tipo de imersão que eu quero que o público tenha nas minhas apresentações, quando eu me sentir pronta pra isso, eu vou começar a explorar mais esse meu lado novamente.

WiR: Acredito que colocar sua “paixão” em prática é muito gratificante. O que podemos esperar do seu projeto para 2021?

Mari Meye: Muita música e conteúdo, estou criando um storytelling muito interessante e eu não vejo a hora de compartilhar tudo com vocês, mas precisa ser aos poucos, é muito informação para apenas despejar no mundo, precisa ser compartilhado, digerido, associado, antes de seguir para o próximo capítulo. Fora a “Space & Time”, eu já tenho mais três músicas escritas e pretendo terminar 2020 com pelo menos 10, estou aproveitando esse tempo para compor.

WiR: Durante essa quarentena, quais foram seu TOP 7 de músicas que você mais consumiu?

Mari Meye: Odesza, “Heart Attack” – Apparat, “DAWAN” – Moderat “Bad Kingdom” – Tame Impala, “Feels Like We Only Go Backwards” – Marilyn Manson “The Beautiful People”, Raymond Scott “Portofino”, BANKS “This Is What It Feels Like”, todas as músicas estão na minha playlist Influences no Spotify.

WiR: Muito obrigada pela conversa, Mari! Esperamos ver muito de você ainda por aí. E quem sabe até nos encontrarmos pessoalmente. Para finalizar, dê algumas dicas para as pessoas que precisam daquele empurrãozinho para dar “start” no sonho e começar a produzir.

Mari Meye: Obrigada você, fiquei surpresa com as coincidências desse reencontro com o Wonderland in Rave, mas super feliz! Quanto ao conselho, acho que primeiramente se perguntar porque você quer isso, quando você souber o porquê, não vai ser qualquer desafio que vai te desanimar e te tirar do caminho. Quando você tiver essa certeza, esqueça todos os planos B, C, D e o alfabeto inteiro, foque no plano A e faça ele acontecer. Mas lembre-se da regra universal, você não ganha nada, a menos que tenha algo a oferecer, pense no que você tem a oferecer para o mundo, antes de querer levar vantagem dele.

Space & Time está disponível em todas plataformas digitais, ouça agora.

 

Adora entrevistar DJs e é viciada em batata frita - não pode ver batata em festival que já quer!