O legado deixado por Avicii

O mundo inteiro conhece o talento musical de Avicii, um dos DJs e produtores mais promissores da sua geração e, até mesmo da história. São diversas músicas que dominaram não só as pistas de festivais ao redor do mundo, mas também as paradas das rádios de vários países. Mas a carreira de Avicii, além de deixar um legado no mundo da música, nos deixa ensinamentos quanto a saúde mental.

O sucesso de Tim Bergling, mais conhecido como Avicii, o acompanha desde o início da sua carreira, o sueco começou sua carreira em 2006, porém foi a partir de 2011 quando o DJ começou a emplacar um hit atrás do outro. Em 2012, o Avicii já era autor de hinos do EDM como “Levels”, “Silhouettes” e “I Could Be The One”.

Avicii foi indicado ao Grammy ao lado de David Guetta com o single “Sunshine”, ainda em 2012, e em 2013, foi indicado novamente com “Levels”. Nesse momento, Avicii já havia lançado seu primeiro álbum, “True”, em 2013, com “Wake Me Up” e “Hey Brother”, que juntos já ultrapassam mais de 2.5 bilhões de visualizações no YouTube.

Em 2015, após 2 anos de trabalho, foi lançado seu segundo álbum “Stories”, na época, Avicii já morava na Califórnia, e pouco tempo depois, em 2016, Tim havia anunciado uma pausa na carreira, devido aos problemas de saúde e estresse decorrente de sua rotina como artista, porém continuaria produzindo músicas.

Avicii chamou atenção de vários artistas fora da música eletrônica, o que resultou em diversas coproduções e trabalhos paralelos com diversos artistas e marcas. Tim trabalhou com Madonna em “Girl Gone Wild”, Lenny Kravitz em “Superlove”, Imagine Dragons em “Heart Upon My Sleeve”, Coldplay em “A Sky Full of Stars” e “A Hymn For The Weekend” com Beyoncé, além de contar com Chris Martin, vocalista do Coldplay, em outras tracks. Avicii também já trabalhou para algumas marcas, como é o caso da Coca-Cola em “Taste The Feeling”, FIFA em “The Nights” e Ralph Lauren Denim & Supply, com colaboração no clipe de “Wake Me Up”.

Em 2019, foi lançado em álbum póstumo de Avicii, “Tim”, contendo 12 faixas de um trabalho que vinha sendo desenvolvido anos atrás. A ideia dos pais e amigos era transmitir um pouco do que estava passando na cabeça de Tim antes do suicídio. Além disso, os valores arrecadados com a venda do álbum foram destinados para a Tim Bergling Foundation.

Antes da sua aposentadoria das turnês, Avicii tinha uma rotina estressante e com muitas cobranças. O DJ que suicidou aos 28 anos, aos 26 já havia realizado 830 shows, sendo que, no período em que estava se tornando famoso, Tim fazia em média 250 shows por ano. Além dos shows, Avicii ainda passava dias em estúdios produzindo suas músicas, há rumores que existem mais de 200 músicas prontas nunca lançadas.

Além de sua rotina estressante, Tim tinha um sério problema com álcool e analgésicos. Em seu documentário, “True Stories”, Avicii conta que era uma pessoa tímida e ansiosa, e que o álcool era uma forma de aliviar sua tensão em momentos antes de subir nos palcos. Em 2012, Avicii foi internado por conta de uma pancreatite aguda, que teria sido causada supostamente por problemas relacionados ao consumo de álcool.

Em entrevista ao jornal Evenning Standard, Avicii teria dito que: “Beber se tornou uma rotina para mim, mas fazer turnês e beber ao mesmo tempo é impossível, porque você acaba entrando em colapso. Especialmente quando você se apresenta 320 vezes em um ano.

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Em 2013, Tim retornou ao hospital, onde deveria ser necessário extirpar sua vesícula biliar, porém ele havia se recusado e continuou com as turnês. No ano seguinte, Avicii teve de passar por uma cirurgia de urgência, devido a uma apendicite, que fez com que o DJ se retirasse dos palcos por pouco tempo.

O vício em remédios surgiu em uma dessas visitas aos hospitais, onde um de seus médicos teria recomendado um forte analgésico, Oxicodona, que contem opioide. Na ocasião, o médico havia dito que Tim não corria o risco de viciar no remédio, o que de fato não ocorreu, pois Avicii chegou a tomar 20 comprimidos por dia de analgésicos.

Quando anunciou sua aposentadoria, Avicii disse que precisava cuidar da sua saúde, da ansiedade e recuperar sua privacidade, porém isso não foi o suficiente. Em abril de 2018, o DJ foi encontrado morto em um hotel, em Omã, onde deixou uma carta para a sua família, que disse que o DJ queria “encontrar a paz”.

Muito se especula sobre o que levou Tim a esse nível de estresse, inclusive que o DJ seria mais uma vítima da indústria da música. Na época, Avicii atingiu 1,7 bilhões de reproduções em plataformas de streaming de áudio e vídeo, arrecadando R$ 90 milhões de dólares de 2012 a 2016. Não há como afirmar que o ocorrido era ganância do artista, pois Tim amava a música, e em diversas ocasiões preferiu produzir um som próprio e único, sendo muito criticado em sua performance no Ultra Music Festival, onde apresentou singles como “Wake Me Up” e “Hey Brother”, a sonoridade apresentada havia causado um desconforto nos fãs.

Após sua morte, a família de Avicii criou a Tim Bergling Foundation, destinada a ajudar o meio ambiente e pessoas com problemas psicológicos. A fundação contou ainda com o Avicii Tribute Concert for Mental Health Awareness, uma homenagem a Avicii

Avicii não se foi sem nos deixar um vasto legado no mundo da música. Tim ensinou ao monto que música se cria, e não se copia. Seu som era único e inovador, combinando ainda música eletrônica com artistas que não estavam inseridos nesse mercado, um ótimo exemplo disso é o Coldplay, que posteriormente gravou com The Chainsmokers.

Avicii nunca será esquecido na música, seu trabalho extrapola o universo da música eletrônica, são trabalhos que quebram barreiras e exaltam o trabalho de um produtor. Avicii viveu pela música, queria levar alegria para as pessoas através da música, mas isso lhe custou caro, o melhor jeito de retribuir é preservar o seu legado.