Precisamos falar sobre o que rolou na Tantša em São Paulo

Em maio deste ano, tivemos uma manifestação na Geórgia, pela liberdade de clubes e música eletrônica (leia sobre aqui) que casou um grande alvoroço nas redes sociais. Pudemos ver vários DJs/produtores nacionais e internacionais, amantes de música eletrônica apoiando a causa e “We Dance Together, We Fight Together” (“Nós dançamos juntos, Nós lutamos juntos“) que ficou sendo uma frase muito marcante e reproduzida.

O motivo? Abuso de poder! O governo que em depoimento disse que tal atitude era para “reprimir” pílulas e narcóticos em um momento em que havia um grande esforço para mudar rigorosamente a política de drogas deixada pelos últimos governos, queriam dar um exemplo – um precedente. Mas nós, sabemos que NÃO é só por causa disso.

Recentemente, no dia 22 de setembro, São Paulo recebeu mais uma edição da Tantša no Brás, ao lado do Templo de Salomão. Apesar de estar rolando simultaneamente diversos eventos como XXXPerience em Itu e o TribalTech em Curitiba, esse, de forma alguma, foi um problema para a Tantša, que possui um público muito fiel. Porém, infelizmente, a festa teve alguns problemas: a polícia resolveu aparecer no local duas vezes. Uma para diminuir o volume do som e a última, interrompendo a festa. A festa tinha previsão para terminar apenas às 10 da manhã.

E como isso ocorreu? Respondendo diversas postagens que o evento recebeu, pois o público não havia entendido direito o que havia acontecido, a página da Tantša, respondeu:

(…) Infelizmente tivemos que terminar o evento antes, devido a questões que explicaremos a seguir:

1. Por volta das 2h, um deputado estadual que mora próximo ao local, foi até o evento reclamar do som.
2. Às 2h20, uma viatura da polícia militar foi ao local, atendemos os mesmos apresentando o alvará e nos solicitaram a redução do som que foi atendida de imediato.
3. Às 6h, 3 viaturas da polícia militar foram ao local informando que se não desligassemos o som, eles iriam desligar mesmo assim e teriam que levar a equipe presa.

Por conta dessa sucessão de acontecimentos, estamos atrás dos nossos direitos e contamos com a sua compreensão.

Ainda assim, muita gente foi procurar respostas sobre isso, uma delas postou até uma explicação da Tantša, para deixar CLARO, que a culpa do baile ter sido interrompido NÃO FOI POR CAUSA DA ORGANIZAÇÃO DO EVENTO!

O Etapp Kyle, que tocou no evento e fez curadoria do lineup, ainda se pronunciou em suas redes sociais durante o ocorrido:

https://twitter.com/etappkyle/status/1043792623511785472

E POR QUÊ DIABOS ISSO NÃO ESTÁ SENDO COMENTADO OU APOIADO ASSIM COMO FOI NA GEÓRGIA? O problema não foi drogas – isso é só uma desculpa das pessoas de “poder“. O problema não foi alvará, eles tinham e também publicaram a foto no evento (clique aqui para conferir). OU SEJA, tudo CONSCIENTEMENTE, tudo na LEI. O problema não foi o VOLUME! Novamente, isso é apenas uma desculpa de pessoas de poder. O PROBLEMA É ELES TENTAREM CALAR OU REPRIMIR A ARTE, A NOSSA FORMA DE EXPRESSÃO – A MÚSICA.

Qualquer pessoa, em sã consciência, principalmente os empresários e produtores de eventos, fazem um PLANEJAMENTO de começo ao fim nas três fases do evento – pré, transevento, pós-evento. Para isso, eles pensam nos mínimos detalhes: desde o som, localização especial, lineup, redução de danos (oi, sim!), segurança, alimentação, TUDO. Ou seja, há uma logística toda por trás envolvida, justamente para não ter erro e trazer a melhor experiência para o público. É dinheiro, tempo, dedicação e amor envolvido. Então, não havia algo em que a polícia pudesse chegar e interromper assim. A festa é pensada desde os pequenos até os ENORMES detalhes, tá?

E o que levou à isso? Por possuir o Templo de Salomão do lado? Por ser um evento underground? Por causa de bebidas? Por causa de drogas? NÃO! Não gente! A maioria dos eventos nos últimos tempos estão sofrendo esse problema. Independente de tamanho, localização, público ou nome. Mesmo com o alvará aprovado e tudo nos eixos, ESTÃO PARANDO OS NOSSOS BAILES! Isso volta tudo para o ABUSO DE PODER.

A Tantša ainda se pronunciou oficialmente no evento sobre:

Nós, não podemos deixar isso acontecer! Não podemos ficar calados. Porque esse assunto não ganhou veracidade como deveria? Só porque não foi na gringa? Tá errado, gente! Não há motivos para parar. A música é uma liberdade de expressão. A música une as pessoas – e isso é independente de gênero!

Esse não vai ser o último evento que vai ter esse problema, essa não vai ser a última vez que vai aparecer a polícia e forçar as pessoas pararem. Essa não vai ser a última vez que algum deputado, fulano ou ciclano vão usar o seu poder e fazer isso parar.

Isso está acima de nós? SIM! Mas nós, temos voz, temos que nos expressar, temos que lutar – mesmo que seja com uma pequena reclamação. A música é arte. E arte, é arte.

O baile NÃO pode e NÃO vai parar. We dance together, we fight together. Esse é só o começo.

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Adora entrevistar DJs e é viciada em batata frita - não pode ver batata em festival que já quer!