O Tomorrowland sem dúvidas é um dos grandes festivais mais esperado do ano. Entretanto, esse ano, devido ao COVID-19, o formato do festival teve que mudar e ser adaptado, sendo o primeiro festival pago online, ganhando assim o nome da edição como: Tomorrowland Around The World.
No último final de semana, o festival escalou alguns artistas do cenário da música eletrônica para essa apresentação virtual. Os shows não foram ao vivo e foi algo que o evento deixou muito claro, pois eles queriam captar toda a magia do festival mesmo que virtual. Os fãs de todo o mundo puderam ver alguns de seus DJs favoritos tocarem em 8 palcos virtuais de tirar o fôlego, recriando com sucesso a autêntica experiência do Tomorrowland.
SOBRE O FESTIVAL E ESTRUTURA VIRTUAL
Com os telespectadores do Brasil ao Japão, o mundo se uniu novamente em um só lugar: a ilha mágica de Pāpiliōnem. O Tomorrowland Around the World foi uma experiência de festival digital totalmente imersiva, com oito palcos incríveis (Mainstage, Atmosphere, Freedom, Cave, Core, Elixir Club, The Wall e The Moose Bar), com um total de 60 artistas, salas de bate-papo, jogos, webinars, reuniões interativas e workshops de DJ.
Para esta ocasião especial, a equipe que trabalhou por trás do melhor festival de música eletrônica do mundo construiu 4 estúdios diferentes de tela verde na Bélgica (Boom), EUA (Los Angeles), Brasil (São Paulo) e Austrália (Sydney).
Mais de sessenta artistas superstar gravaram suas performances ao vivo nesses estúdios, incluindo: Katy Perry, David Guetta, Vintage Culture, Cat Dealers, ANNA, Martin Garrix, Steve Aoki, Tiësto, Dimitri Vegas & Like Mike, Tale Of Us, Dixon, Adriatique, Eric Prydz, Charlotte de Witte, Amelie Lens, Paul Kalkbrenner e muito mais.
Um dos fatos interessantes é que a mesma cabine de DJ em tamanho real foi construída nesses 4 estúdios. Os conjuntos tinham 6 metros ou mais, pelo menos 8 metros de largura e pelo menos 8m de profundidade. Além das 6 câmeras 4K Ultra HD, várias câmeras virtuais foram criadas por stage, permitindo ao diretor escolher até 38 câmeras durante as gravações.
O mundo digital em 3D do festival digital do Tomorrowland tem 10 vezes mais polígonos e luzes em comparação com um videogame moderno, e havia mais de 750 lâmpadas virtuais por stages, todas desenhadas à mão. Lembrando que para jogos de videogame, levam ANOS para a criação de toda essa qualidade virtual, sendo que o do Tomorrowland Around The World foi feito em menos de SEIS meses.
SOBRE AS APRESENTAÇÕES
Um fato interessante entre as apresentações é que você pode pegar um cenário desde o pôr do sol até o anoitecer nos stages que são em céu aberto. Você pode acompanhar fenômenos como a aurora boreal até uma chuva de fogos. E também, você pode perceber que fica bem artificial os efeitos, como por exemplo, no set do Cat Dealers e Vintage Culture, mas se surpreender na qualidade e ficar de boca a aberta em sets como Ver:West e Adriatique, que pareceram muito reais. A reprodução sonora até da vibração do público durante os shows eles colocaram em sets.
Eric Prydz: Que Prydz sempre inova, todo mundo já sabe! E, nessa edição virtual do Tomorrowland, não foi diferente. O sueco preparou desta vez um show exclusivo para a ocasião, com um áudio visual elaborado somente para o festival, que foi de tirar o fôlego! Desde luzes e efeitos especiais, todos estavam sincronizados com a música. O DJ foi um dos mais vistos e aclamados de toda a edição, sendo um verdadeiro espetáculo e uma experiência mais que incrível.
Ver:west: Tiesto se apresentou nessa edição com seus dois projetos, incluindo o mais novo: Ver:West. Esse set, sem dúvidas, foi um dos projetos undergrounds que mais surpreendeu o público nessa edição. O holandês apresentou uma linha de som totalmente diferente do que estávamos acostumados, conseguiu cativar o público com uma junção de vários elementos e um melodic techno jamais visto antes. Totalmente original e singular! Sem contar na qualidade do áudio visual que estava impecável, dando a sensação de que o set realmente ocorreu no presencial.
Vintage Culture: Não tem como falarmos dessa edição do Tomorrowland sem falar do brazuca que nos representou no festival! Vintage Culture, que já se apresentou na edição brasileira do evento e na edição anterior da bélgica no palco de Martin Garrix, dessa vez teve o grande prazer de comandar o mainstage da versão online, com um set recheado de músicas exclusivas e ainda não lançadas, assim como seus clássicos. Sem dúvidas uma grande conquista, não só para ele, mas também para todos nós, que fomos muito bem representados no festival para o mundo todo!
ANNA: Mais um projeto nacional também marcou o evento e nos representou extraordinariamente bem. Anna foi responsável por um set feito com exclusividade para o festival e mostrou toda sua originalidade, sendo uma das mais comentadas do stage Core no primeiro dia de festival! Sua presença de palco foi contagiante e com certeza, mesmo de casa, conseguimos matar um pouco da saudade de ouvir aquela technera.
Tale Of Us: O projeto duo italiano sempre é um dos mais comentados no festival presencial, pois a Afterlife sempre capricha em seus audiovisuais. Com várias IDs e um set hipnotizante, Tale Of Us, conseguiu fazer uma entrega impecável.
Amelie Lens: Não temos nem palavras para descrever o set da Amelie Lens. Como sempre representando e dando aula. Acho que se um dia Amelie Lens e a ANNA fazem uma colaboração juntas, você pode ter certeza que 8ª maravilha do mundo nasce ali. Foi muito lindo ver todo repertório de Amelie e imaginar-se no front, bem na caixa direita, levando uma bela surra musical. Perfeito. Apenas.
Adriatique: Sem dúvidas, um dos melhores sets do festival, não só pela qualidade do som, mas por todo conteúdo em si. Sabe quando um material dá match com o repertório? Foi isso que aconteceu. Com direito a aurora boreal e toda a vibe noturna em meio de árvores no stage Core, Adriatique mostrou mais uma vez o que é seduzir sonoricamente todos ali e de bônus: ter aquela trip nos efeitos visuais.
Timmy Trumpet: Com seu trompete sempre em mãos, Timmy Trumpet mesmo que virtualmente, nunca deixa essa sua energia e sorriso apagar, enquanto faz sua perfomance interativa durante suas seleções insanas em seu repertório. Sempre levando a festa para onde quer que ele esteja se apresentando, Timmy consegue replicar facilmente a sensação de vê-lo pessoalmente pela tela do computador. Conseguindo transmitir sua persona para um festival virtual, ele realmente comandou o palco e certificou-se de que todos os olhos estavam nele. Homenageando e agradecendo todos os profissionais da saúde, que estão na linha de frente durante essa pandemia, Timmy tocou Avicii, como também trouxe risadas, especialmente quando ele trouxe um recorte de papelão de Vitas quando tocou sua colaboração ‘The King’ (que fez um dos momentos mais comentados do Tomorrowland 2019, quando ele trouxe o Vitas para o festival).
Lost Frequencies: Um dos sets mais contagiantes e que sentimos o baque de ter sido prejudicado nessa versão virtual. O set teve a duração apenas de 30 minutos, sendo muito inferior as demais atrações do festival no quesito de tempo. É só o momento de entrar na vibe do set, que ele já acaba! E sabemos que no presencial, não seria assim.
Martin Garrix: Nenhuma performance do Martin Garrix pode se comparar com a sua apresentação no Ultra Music Festival 2016, embora os sets da época tenham sido mais do que o esperado. Durante a quarentena o Garrix fez duas livestream, uma no telhado de Amsterdã e o outro, em um iate nas águas holandesas, o chefe do STMPD RCRDS provocava regularmente lançamentos da longa lista de talentos da gravadora. Como esperado, Martin Garrix triplicou esse costume quando ele foi se apresentar para fechar o palco do Tomorrowland Around the World em 26 de julho.
Após especulações incansáveis durante o set de uma hora de Garrix e depois, o STMPD RCRDS confirmou em um post no Instagram que seu fundador havia feito um total de oito produções não identificadas durante o final do festival digital. O set contou com diversas IDs, sendo elas de Jay Hardway e Tom & Jame, como possivelmente algumas colaborações com DubVision, TV Noise, Seth Hills, Matisse & Sadko, Julian Jordan e até outro lançamento de Garrix com o seu projeto paralelo Ytram.
Considerações finais:
Foi extremamente incrível e única essa experiência que o Tomorrowland nos proporcionou. Sem dúvidas, um marco muito importante no meio dessa pandemia, até pelo fato de ser um evento pago. Um divisor de águas para música eletrônica, mostrando a nova realidade dos grandes festivais: a possibilidade de se sentir dentro de um evento mesmo estando em casa, podendo passear por diversos palcos com diferentes e admiráveis atrações de forma simultânea e em tempo real, um verdadeiro espetáculo! A pergunta que não cala é: se em menos de seis meses eles fizeram essa entrega espetacular, quem dirá se tivessem 1 ano?
E se você perdeu os sets e ainda tem dúvida se consegue assistir, o RELIVE do Tomorrowland já está disponível até o dia 12 de agosto e nele, você poderá assistir quantas vezes quiser e sem preocupação de poder pausar e fazer aquele lanchinho. É uma experiência necessária e que vale a pena. Você pode conferir clicando aqui. Lembrando que é PAGO!
A próxima edição do Tomorrowland presencial do festival na Bélgica, está prevista para acontecer nos dias 16-18 e 23-25 de julho de 2021.
Review por: Amanda Nakao, Clênio Martins e Matheus Fialho.
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