No último sábado tivemos a oportunidade de cobrir o evento TribalTech Enlighten, festival alternativo que reuniu mais de 20 mil pessoas na Usina 5, em Curitiba. O local abrigou uma usina que hoje está desativada e que desde o ano passado vem sendo revitalizada com a finalidade de melhor melhor atender o público-alvo com conforto e infra-estrutura. O festival contou com mais de 7 palcos e 70 atrações e, este ano, contou com um formato gigantesco, o qual utilizou toda a extensão disponível do local. Com uma estrutura fantástica, com logística sonora muito bem organizada, o som dos diversos palcos não se misturavam.
Pela manhã o dia amanheceu com o céu limpo e ensolarado, trazendo energia e animação de sobra para os participantes do evento, o dia perfeito para um festival! Ao chegar no evento por volta das 16 horas nos dirigimos para os caixas a fim de agilizar a compra dos créditos de consumação da festa, os quais eram armazenados em um cartão personalizado em forma de colar, que por sinal funcionou muito bem durante todo o evento, o que evitou filas e tumulto, tornando o serviço rápido e eficaz como a organização havia previsto.
Espalhadas pelo ambiente do festival, obras decorativas como estátuas, pinturas, grafites, objetos, performances entre outras, ajudavam a criar uma atmosfera super legal e representar a ideia e o conceito da edição “Enlighten” do evento, que faz referência à era iluminada, das artes, da diversidade e da quebra de preconceitos. Também em concordância com o conceito “Enlighten”, o festival utilizou a frase “Sejam bem vindos à era da luz” para recepcionar seu público.
A pista principal conhecida como TribalTech Stage contou com o maior setup de lasers já montado em toda América Latina.
De acordo com Jeje, um dos criadores do festival, a ideia é criar uma experiência transcendental e única. “Enlighten é o termo em Inglês para “iluminar”, em um sentido cognitivo. O escolhemos para fazer referência aos conceitos do Iluminismo, movimento filosófico que rejeita dogmatismos e doutrinas, propondo uma racionalidade crítica, que nos permite seguir nossa própria inteligência. Para contextualizar tudo isso teremos o Laser Beam Factory com o maior setup de lasers já utilizado em toda a América Latina, como parte da estrutura impressionante que estamos montando para esta edição”.
Às 17 horas, no palco principal, tiveram início as apresentações internacionais, como Patrice Baumel, dj que representa a gigante label Afterlife, que fez um excelente set passeando entre o progressive house e o techno com melodias marcantes que explodiram a pista quando tocou ‘Arise” de Victor Ruiz e D-nox. Baumel fez uma excelente progressão de set deixando a pista já aquecida para a entrada da duo “Solardo” que apresentou uma mistura entre tech house e techno com uma pegada bem forte que não deixou a pista cair em nenhum momento.
Outro dj que merece destaque é o brasileiro Gabe, gerando surpresa ao ser visto entre os grandes nomes do festival, muito pela linha de som que o mesmo vem tocando, Gabe mostrou que tem sim repertório para colocar qualquer pista para dançar. Na estreia de seu live em Curitiba, o brasileiro explodiu a pista com um techno bastante dançante e groovado e fez um warm up perfeito para Ben Klock.
Um dos principais headliners, e um dos únicos que conseguiu comparecer ao evento em virtude do mal tempo no aeroporto de Curitiba, Ben Klock mostrou o porquê de ser um dos nomes mais respeitados na cena do techno e honrou sua residência no lendário club alemão Berghain. Para muitos, o melhor set da noite, um techno reto, constante e sem descanso até o fim, e que encerrou com chave de ouro deixando a pista emocionada na espera de Len Faki.
O TribalTech Stage seria finalizado pelos esperados djs Len Faki e Dubfire, porém, devido a neblina no aeroporto de Curitiba os artistas não puderam desembarcar na cidade. A organização emitiu um comunicado durante o evento explicando a situação e que então, o dj Anthony Parasole assumiria o palco principal até o fim do evento. Parasole apresentou um set histórico, matando toda a responsabilidade no peito e fechando o festival com chave de ouro. Apesar do imprevisto ter chateado e esfriado um pouco a pista, acreditamos que ninguém deixou de curtir a finaleira do evento.
O TimeTech Stage, pista principalmente ligada a sonoridades minimalistas do techno também deu o que falar nesta edição do festival, com uma decoração diferente do que apresentou em suas últimas aberturas e apresentando um line up de alto nível com nomes que merecem ser destacados como, Sammy Dee, respeitado dj também residente do club alemão Berghain que apresentou um set impecável por duas horas e meia deixando a pista com a dj também alemã Vera que apresentou para o público um som bastante introspectivo e hipnotizante. A atenção estava também voltada a Nicolas Lutz que apresentou um set com excelente progressão, o DJ Uruguaio presenteou a pista com um som extremamente cativante e minimalista. Após Lutz, Sammy Dee re-assumiu a pista, devido a todos os problemas já citados.
O segundo maior palco da Tribaltech foi o Organic Beats, responsável por comportar as apresentações das bandas, onde o som apresentado não foi eletrônico. Os artistas que comandaram esse palco foram Karol Conka, Mano Brown e a banda Planet Hemp que foi muito esperada e estava entre os headliners do festival. Durante a apresentação do Planet Hemp o palco estava completamente lotado, entre as músicas tocadas os artistas conversaram com o público, trocando ideias sobre a situação política do nosso país e levando a galera ao delírio trazendo à tona a hashtag #ELENÃO e mandando mensagens de luto em memória de Marielle Franco e Mr. Catra.
Outro palco que trouxe um som diferenciado foi o 351 Stage, que mostrou um pouco da cena local de gêneros como o rap, trap e jazz com artistas como Dow Raiz, Plata o Plomo, Damassaclan e Bnegão.
Um dos palcos mais emblemáticos do festival foi com certeza o Super Cool Stage, que desde a edição do ano passado chamou bastante atenção e, em 2018, ganhou proporções bem maiores do que as do ano anterior, além de uma decoração fantástica que contou com dois andares de acesso livre para todo o público e um marionete gigante que podia ser movimentado por meio de cordas por quem estava na pista trazendo assim uma interação e identificação única com o palco. Com uma excelente line up que buscou agradar os amantes da house music e do tech house, o palco trouxe grandes nomes internacionais como Medlar e Fred P, que foram destaque na festa, mas também apresentou renomados nomes brasileiros como Caio T e Gui Scott, Carrot Green e Biél Precoma, que fizeram excelentes sets e foram responsáveis por uma noite extremamente dançante para os que ficaram neste palco.
Mais uma novidade para essa edição “Enlighten” foi o palco 3DTRIP, um novo conceito de palco para os amantes de high bpm que teve foco nas vertentes do psy-trance. O palco foi montado em uma área aberta e contou com uma tenda psicodélica e sistema de som 3D que fez total diferença. A line up do palco também estava repleta de nomes internacionais e nacionais que devem ser destacados como Azax, Symbolic e Perfect Stranger. O público só ficou um pouco decepcionado com o encerramento precoce desse palco que se deu por volta da meia noite deixando gosto de quero mais.
Outro palco bastante comentado foi o Palco Secreto, que não foi encontrado por todos os que participaram do festival. Nesse palco a line estava tomada por grandes nomes de destaque na cena local, como Ella Whatt, RhR, Tessuto, Renato Cohen e HNQO. A pista apresentava proporções bem menores se comparada aos outros palcos, trazendo assim uma sensação de festa privada.
Esse foi um breve relato do que foi nossa experiência na TribalTech 2018 Enlighteen, com certeza um dos maiores festivais de música eletrônica e alternativa do Brasil, que a cada ano vem ganhando mais força, se reestruturando e se reconstruindo afim de sempre melhorar em todos os quesitos para melhor atender seu público.
Apesar dos imprevistos causados pelo fechamento do aeroporto de Curitiba, a TT foi sem dúvidas um dos melhores eventos de 2018 e já deixou saudade para quem participou, e para quem não pôde comparecer: Não perca a próxima
Créditos: Leon Pureza, Jhonatan Wesley e Leonardo Smith.