[Entrevista] Darude

Versão em Português:

IMG_5935bcd_smallerÉ difícil pensar em um produtor que consiga manter uma carreira que se estende por duas décadas, simultaneamente mantendo-se fiel às suas raízes e som nesse processo, mas ainda conseguir mesclar não apenas com o mainstream, mas a psyche de uma geração inteira. Esse é a lenda finlandesa Ville Virtanen, mais conhecido como Darude. Com lançamentos no final dos anos 90, Darude tem sido um nome conhecido e respeitado para legiões de amantes da EDM desde então. Agora a maior nome musical da Finlândia está de volta com seu quarto álbum de estúdio: “Moments”. É mais um capítulo excitante para um homem que continua a entregar música boa, ficando em perfeita sintonia com uma cena que é famosa por sua súbita e rápida mudança implacável.

Confira a seguir uma entrevista exclusiva com Darude:


Tradução:

EquipeWiR: Como começou sua carreira? O que ou quem te ajudou a ser reconhecido e então a ganhar popularidade? Quanto tempo levou para alcançar o reconhecimento e a popularidade desde que começou a produzir?

Eu sempre fui interessado em música, como eu estava prestando atenção a ela mais do que qualquer outra criança. Eu estive ouvindo EDM durante anos, então eu comecei a fazer minha própria música em 1996, após alguns amigos me mostrarem o que estavam fazendo com apenas um computador e alguns programas grátis. Eu percebi que poderia fazer minha própria música e decidi tentar a sorte com isso. Eu comprei meu primeiro PC e comecei a brincar com ele e a perder muito sono … Eu nunca pensei sobre “ser famoso”,  eu estava apenas fazendo música pois eu havia gostado muito. Eu torturava meus amigos com as minhas primeiras produções e enviava algumas demos para revistas e estações de rádio da Finlândia, em ’97 e ’98. Também enviei demos para algumas gravadoras na qual tive um bom feedback, mas nada demais. Eu fazia as minhas próprias músicas e também tive dois projetos separados com dois dos meus amigos. Postei as produções no MP3.com e recebi um bom incentivo das pessoas. Em agosto de ’99, depois do set do Jaakko em uma boate em Turku, na Finlândia, eu lhe dei um CD Demo (era meu 3º CD para ele), que incluía minha demo original de “Sandstorm” e algumas outras faixas de minha autoria, o que chamou a atenção de Jaakko. Tudo que eu queria era a sua opinião profissional sobre minhas produções e algumas dicas sobre como eu poderia melhora-las. O que eu consegui foi um telefonema uma semana mais tarde. Nós nos encontramos na mesma noite, no mesmo clube e concordamos em trabalhar juntos. Passamos dois ou três dias em seu estúdio e na outra terça-feira “Sandstorm” (além de seu remix JS16) estava pronta assim como você a ouve no single. Demorou algumas semanas para obter a faixa masterizada, os singles e para coloca-la nas  paradas músicas da Finlândia. Depois de três semanas era a número um e ficou lá por mais 16 semanas. As coisas aconteceram como uma bola de neve, de lá e eu comecei a turnê na Finlândia, em seguida, Escandinávia, Alemanha, Holanda, França, Espanha, Reino Unido, EUA, Austrália, em todo lugar.

EquipeWiR: Qual seu software favorita para produzir música?

Logic Pro. Já são 13 anos de uso.

EquipeWiR: Quem são os cinco artistas – vivo ou morto, tanto faz – que você aconselharia alguém que nunca ouviu sua música antes, de ouvir? Para que ela tenha uma ideia do que esperar..

Jean Michel Jarre, Faithless, Ferry Corsten, Bon Jovi, Green Day.

EquipeWiR: Você acabou de lançar o seu novo álbum “Moments”, por que você escolheu esse nome? Existe alguma razão especial?

Eu estou chamando o meu álbum de “Moments” pois foi criado em/ou a partir de momentos preciosos durante os últimos anos. Alguns desses anos não erão tão bons as vezes, algumas vezes eram surpreendentes, mas todos eles me inspiraram a criar música ou me inspiraram a entrar em contato com pessoas que eu queria fazer música.

EquipeWiR: O que ou quem influenciou “Moments”?

Da mesma forma que antes, eu ainda estou fazendo a música que me excita e eu não penso em gêneros ou sons específicos quando eu estou fazendo música. Eu não vou mentir, eu estou certamente influenciados pelo que eu ouço e eu também gosto de pensar que eu não sou estúpido, por isso eu não tento imitar alguém ou qualquer som em particular, em algum ponto da produção vou tentar fundir meus próprios sons e estilos com algumas vibrações atuais para satisfazer as pessoas que estão sintonizadas com o que está acontecendo no momento. Várias faixas do meu álbum eu escrevi e produzi com várias pessoas e também o processo de criação tem sido além de batidas e bases programadas, que é onde eu comecei. Eu gostei muito deste estilo de colaboração e eu tenho certeza que vou continuar fazendo isso no futuro também, mas, claro, não deixando “apenas brincando com sons e batidas” para trás.

EquipeWiR: O que seus fãs podem esperar de “Moments”?

“Moments” tem 11 faixas. Menos trance do que antes, mas com tons e vibrações também. Um ritmo mais lento (~ 128bpm), em vez melodias cativantes e vocais (IMHO é claro). Eu trabalhei com vários colaboradores e co-produtores, de modo que os sons estejam sendo bastante variados de música para música, mas eu acho que é um enorme ponto positivo. Tentei combinar meus sons do passado com sons modernos para encontrar um meio termo que se pode agarrar para a nova geração de baladeiros e amantes da música, também … e tentei não pensar muito sobre isso ao mesmo tempo, mas se divertir ao fazer música!

EquipeWiR: Como você descreveria o efeito que “Sandstorm” teve em sua vida?

“Sandstorm” impulsionou minha carreira profissional e comercial. Por causa da campanha publicitária que se criou no início, eu fui capaz de começar a turnê, lançar músicas e chegar a um nível onde eu fui capaz sustentar a mim e a minha família. Já fazem 15 anos e continua sendo a minha música mais conhecida, mas eu não me importo com isso. Quero dizer, mesmo que algumas pessoas só saibam que dessa música, mas venham para um clube ou um festival por causa dela, me dá a chance de mostrar outras músicas e atualizar a sua ideia do que eu faço nestes dias.

EquipeWiR: Qual é o seu maior sonho como um DJ?

Eu já realizei, eu amo tocar música e festejar com as pessoas. Eu só quero continuar fazendo isso.

EquipeWiR: Qual é o seu TOP #5 DJ Mag?

DJ Campaign

DJ Vote4Me

DJ Like4FreeTracks

DJ PutYerEfinHandsUp

DJ Mag

EquipeWiR: Se você pudesse mudar alguma coisa na cena da música eletrônica hoje, o que você mudaria?

A boa: para um consumidor não há hora melhor para encontrar e ouvir música do que hoje. A internet dá tudo para você com o Google, YouTube, SoundCloud, Spotify etc. Se você não consegue encontrar uma música, você pode culpar a si mesmo! Para nós, artistas, também são fornecidos um canal direto para se conectar com os nossos fãs, para estar no mercado, vender as nossas músicas e shows. O outro lado disso é que agora existe uma geração totalmente nova que exige praticamente tudo de graça, para ontem. O valor monetário e às vezes até artístico da música parece ser sem sentido para um monte de gente, ou seja, os artistas muitas vezes não recebem as recompensas que deveriam pelo seu trabalho duro feito do fundo do coração. Eu gostaria de ver uma mudança no direito e na negatividade geral da internet.

EquipeWiR: O que você diria a seus fãs no Brasil?

Eu fiz um show incrível no Festival de Música de Brasília há muitos anos atrás e eu adoraria voltar! Se você gosta da minha música ou mixes das minhas sessões Salmiakki, sinta-se livre para dizer aos clubes locais e organizadores que você gostaria de me ver ver tocando no seus clubes ou festivais, eu ficaria mais do que feliz para visitar o seu belo país novamente!


English Version:

IMG_5935bcd_smallerIt’s hard to think of a producer who has managed to maintain a career that spans two decades,
simultaneously staying true to his roots and sound in the process, yet still managing to crossover into not just the mainstream, but the psyche of an entire generation. One such name that fits the bill is Finnish legend Ville Virtanen, better known as Darude. Since blasting his way onto the scene with his debut releases in the late ‘90s, Darude has been a familiar and respected name to legions of dance music lovers ever since. Now Finland’s biggest musical export is back with his fourth studio album Moments, and it’s another exciting chapter for a man who keeps on delivering the goods, staying perfectly in tune with a scene that is infamous for its sudden, rapid, and ruthless change.

Check the exclusive interview with Darude:


Original Version:

WiRTeam: How did you start out as a musician? Who, or what helped you get recognized, and then proceed to gain popularity? How long did this take from when you started to produce your own music?

I’ve always been interested in music, like I was paying attention to it more than an average kid, I guess you could say. I’d been listening to dance music for years, then I started making my own music in 1996 after some friends of mine showed me what they were doing with just a computer and some freeware programs. I realized that I could make my own music and decided to have a go at that. I bought my first PC and started fooling around with it and losing too much sleep… 😉 I never thought about ‘making it big’, I was just making music because I liked it so much. I tortured my friends with my early productions and sent some demos to magazines and radio stations in Finland in ’97 and ’98 and also to some record companies and got some good feedback, but nothing more. I made music on my own and also had two separate projects with two of my friends and I posted those productions to com and found encouragement from the likeminded people there. On a Wednesday night in August ’99 after his DJ set at a nightclub in Turku, Finland, I gave my later-to-be-producer, Jaakko “JS16” Salovaara, a demo CD (my third one for him actually) which included my original demo of ’Sandstorm’ and some other tracks of mine, which got Jaakko’s attention. All I wanted was his professional opinion of the tracks and some tips about better sounds and things like that. What I got was a phone call a week later. We met the same night in the same club and agreed on working together. We spent two or three days in his studio and the next Tuesday ’Sandstorm’ (plus his JS16 remix) was ready as you hear it on the single. It took a few weeks to get the track mastered and to get the singles from the plant and to get it on the Finnish Dance Chart. After three weeks it was number one and stayed there for 16 weeks. The things snowballed from there and I started touring in Finland, then Scandinavia, Germany, Holland, France, Spain, UK, US, Australia, all over the place.

WiRTeam: What is your favorite software to use while making music?

Logic Pro, hands down. I’ve used it for 13 years now.

WiRTeam: Who are five artists — alive, dead, whatever — that you’d advise someone who’s never listened to your music before to listen to in order to get an idea of what to expect?

Jean Michel Jarre, Faithless, Ferry Corsten, Bon Jovi, Green Day.

WiRTeam: You’ve just released your new album “Moments”, why did you choose this name? Is there is any special reason?

I’m calling my album ‘Moments’ because it was created in or from these precious moments during the last several years. Some of them were sort of less good times, some were amazing times, but they all inspired me to create music or inspired me to get in touch with people who I wanted to make music with.

WiRTeam: What or who influenced “Moments”?

Similarly to before, I’m still making music that excites me and I don’t think of specific genres or sounds when I’m making music. That said, I’m not going to lie, I’m certainly influenced by what I hear and I also like to think that I’m not stupid, so while not trying to imitate anyone or any sound in particular, at some point of the production I’ll try to fuse my own sounds and styles with some current vibes to grab the ears of people who are tuned to whatever is going on at the moment. Several tracks on my upcoming album I’ve written and produced with several people and also the creation process has been a bit more song-based than beats & programming based, which is where I started from back in the day. I’ve enjoyed this co-writing session style quite a lot and I’m sure I’ll continue doing that in the future as well, but of course not leaving “just messing with sounds and beats”.

WiRTeam: What can your fans can expect from “Moments”?

’Moments’ has 11 tracks. Less trance than before, but shades and vibes of that in it too. A bit slower tempo (~128bpm), rather catchy melodies and vocals (IMHO of course). I worked with several collaborators and co-producers, so the sounds ended up being quite varied from track to track, but I think that’s a huge positive. I tried to combine my past sounds with modern sounds, tried to avoid copycattism, but to find a graspable middle ground for the new generation of clubbers and music lovers, too… AND tried not to think about it too much at the same time, but to have fun when making music! 🙂

WiRTeam: How would you describe the effect “Sandstorm” has had on your life?

’Sandstorm’ kickstarted my professional and commercial career. Because of the hype it created in the beginning, I was able to start touring and releasing music and was able to get on a level where I’ve been able to support myself and my family. It’s been 15 years now and the song still remains my most know song and I don’t mind it at all. I mean even if some people only know that one but come to a club or a festival because of it, that gives me a chance to update their idea of what I do these days. 🙂

WiRTeam: What’s your biggest dream as a DJ?

I’m already there, I love playing music and to party with the people. I just want to keep doing it.

WiRTeam: What’s your TOP #5 DJ MAG?

DJ Campaign

DJ Vote4Me

DJ Like4FreeTracks

DJ PutYerEfinHandsUp

DJ Mag

WiRTeam: If you could change something in the electronic music scene today, what would you change?

The good: for a consumer there’s no better time to find and listen to music than today. The internet gives everything for you on a Google, YouTube, SoundCloud, Spotify etc silver platter. If you can’t find music, you can blame yourself! For us artists it also provides a direct channel to connect with our fans and market and sell our music and shows. The flipside of it is that there now seems to be a whole new generation who pretty much demands everything for free, yesterday, and expecting me to thank them for it. The monetary and sometimes even artistic value of music seems to be meaningless to a lot of people, ie. the artists often don’t get the rewards they should for their hard straight-from-the-heart work. That entitlement and the general internet era negativity I’d like to see change.

WiRTeam: What would you say to your fans in Brazil?

I had an amazing gig at the Brasilia Music Festival many years ago and I’d love to come back! If you like my music or my Salmiakki Sessions DJ mixes, feel free to tell you local clubs and promoters you’d like to see me perform at their venue or festival, I’d be more than happy to visit your beautiful country again!

Share

☁️ Behind everyone's favorite song, there is an untold story.