Do tech house ao trap: Yellow Claw releva novas collabs e fala sobre álbum assinado por €URO TRA$H

Yellow Claw, o icônico duo holandês composto por Jim Taihuttu e Nils Rondhuis, é totalmente comprometido com a identidade e estilo musical único. Melhor que isso, só criando um alter ego que explora o Tech House, alcançando novos públicos e desfrutando de uma liberdade musical superprodutiva, marcando um novo e empolgante capítulo na carreira.

€URO TRA$H, o projeto paralelo da dupla, lançou recentemente o álbum “House Music For Stripclubs“, recrutando diversos talentos, tanto para o álbum quanto nos bastidores, incluindo colaborações com o DJ e produtor brasileiro Almanac, além de parcerias com ex-stripers e fotógrafos para criar o design visual perfeito.

O álbum mistura de forma impecável a House Music ousada com a energia underground. Com a primeira turnê oficial a caminho, fiquem ligados nas redes sociais do Yellow Claw. “House Music For Stripclubs” é um item essencial para qualquer playlist.

Em entrevista à Wonderland in Rave, as figuras principais da Barong Family falam sobre o projeto e a fusão de identidades, além de algumas outras surpresas que podemos esperar do Yellow Claw no futuro próximo. Leia na íntegra a entrevista abaixo:

WiR: Oi Nils/Jim, é um grande prazer entrar em contato com vocês pela primeira vez. Nós, da Wonderland in Rave, estamos muito empolgados com essa entrevista e ansiosos para ouvir de vocês ao longo desses anos. Vocês são um dos poucos artistas que conseguiram manter a identidade própria, enquanto também se superaram ao criar um alter ego que surpreende outro tipo de público. Vocês poderiam explicar um pouco para a gente por que decidiram lançar o €URO TRA$H?

YC: Sempre tivemos uma forte conexão com a House Music original, cada um dos nossos álbuns incluiu pelo menos uma faixa voltada para o House. Durante a pandemia, estávamos trabalhando em um novo álbum do Yellow Claw, mas ele acabou evoluindo para uma coleção de faixas inspiradas no groove e no tech-house. Como os shows do Yellow Claw geralmente são de muita energia, passando de trap para hardstyle e hard techno, estamos sempre tocando acima de 150 BPM. Não queríamos misturar essas faixas de house com esse material mais pesado em um único set. Então, decidimos separá-las, permitindo-nos fazer sets totalmente de house, onde os fãs sabem que não vão ouvir as faixas clássicas e impactantes do Yellow Claw. Foi assim que a ideia do €URO TRA$H surgiu, e a partir daí, ficou claro o que precisávamos fazer e como deveria soar.

WiR: Uma pergunta que sempre tivemos curiosidade: o que Nils e Jim ouvem no dia a dia? E o que inspira vocês dois quando se trata de criação musical?

YC: Quando estamos viajando ou passando tempo no carro, gostamos de ouvir música eletrônica, às vezes álbuns mais antigos de artistas que admiramos, e outras vezes exploramos o que novos artistas estão criando. Em voos, tendemos a ouvir jazz ou música lo-fi. Isso nos ajuda a relaxar e entrar em um estado mental mais tranquilo. Afinal, não há muito o que você possa fazer com toda aquela energia quando está preso em um avião, né?

WiR: Vocês também são conhecidos pelos beats pesados e por explorar muitos gêneros durante os sets. O Yellow Claw tem uma identidade e uma história bastante forte, e vocês conseguem misturar o antigo Yellow Claw com o novo Yellow Claw, que apresenta beats mais fortes. Poderiam falar um pouco sobre por que esse processo acontece?

YC:  No nosso núcleo, nossa música é fortemente influenciada pelos sons holandeses do meio dos anos 90, como o gabber e a música house original. Gostamos de misturar essas raízes com gêneros modernos, seja em half-tempo ou double-tempo. Essa fusão sempre foi um elemento definidor do nosso trabalho.

WiR: Agora, sobre o €URO TRA$H, o que inspirou o nome para esse novo projeto? Como surgiu a criação desse projeto e quem teve a ideia?

YC: Se você procurar ‘Eurotrash’ na Wikipedia, vai encontrar que é um termo usado para descrever certos europeus que são vistos como sociais elegantes e afluentes. Isso basicamente nos resume, então o nome pareceu ser a escolha perfeita!

WiR: A última faixa, ‘Stick Ya Lips‘, é definitivamente uma música super dançante que funciona 100% na pista de dança, além de um álbum a caminho chamado ‘House Music For Stripclubs‘, que vai ser impossível não ser um sucesso. Com um nome chamativo, uma capa ousada e uma criação de marketing sensacional para este álbum, fica claro que vocês não estão mirando algo mainstream, mas sim algo com uma identidade forte, e isso diz muito sobre Nils e Jim, na minha opinião. Poderiam nos explicar o que podemos esperar no futuro para o €URO TRA$H?

YC: Vamos continuar fazendo o que já fazemos. Já temos várias novas faixas nos nossos sets que não estão no álbum, e estamos ansiosos para lançá-las em breve. Mas primeiro, estamos finalizando um novo EP de trap. Depois disso, vamos focar em um EP de colaborações com o produtor holandês emergente NATTE VISSTICK.

WiR: Como vocês conseguem se manter fiéis à sua visão artística enquanto lidam com as pressões comerciais da indústria atualmente?

YC: A indústria da música mudou tanto e tão rapidamente nos últimos anos. No final, fazemos tudo nós mesmos, filmamos nossos próprios vídeos, gerenciamos nossas redes sociais e até tiramos as fotos para as capas dos álbuns. Dessa forma, garantimos que tudo o que lançamos reflita quem somos e o que nos sentimos à vontade. Às vezes, eu sinto inveja da geração mais jovem de artistas, que são tão versáteis – eles fazem danças no TikTok, criam pegadinhas virais durante os sets de DJ e parecem se sair bem em tudo. Mas isso simplesmente não somos nós. Nós nos concentramos em fazer a música que amamos e entregar grandes DJ sets. Isso é o que gostamos e onde prosperamos.

WiR: Até onde sabemos, vocês estão sempre produzindo e inovando. Além disso, vivendo entre a Europa e a Ásia. Como vocês equilibram a vida pessoal com a agenda de turnês e o trabalho de produção?

YC: O segredo é não exagerar. Tire tempo para crescer e descansar, para quando você voltar para em turnê, esteja fazendo isso porque é realmente divertido e não apenas pelo dinheiro.  Tivemos anos de turnês sem parar, e isso simplesmente não é sustentável se você quiser viver uma vida saudável e inspiradora.

WiR: Ok, precisamos falar sobre o Mysteryland rapidinho. Eu fui ao Mysteryland pela primeira vez este ano e estava realmente ansiosa pelo set de vocês. Posso dizer honestamente que foi um dos melhores momentos do YC para os fãs mais “old school”. Eu nunca pensei que seria possível reviver o Yellow Claw holandês, e o que vocês fizeram naquele palco foi ‘absolute cinema’. Foi chocante e impactante para os fãs, e eu, não esperava ver todos aqueles artistas com vocês no palco. O que fez vocês decidirem se apresentar no Mysteryland e trazer os artistas para o palco? Esse set vai estar disponível online? Honestamente, eu não poderia estar mais grata por aquele show, muito obrigada!

YC: Uau, não acredito que você esteve lá! Já fazia alguns anos desde que fizemos um show grande na Holanda, porque nós geralmente fazemos turnês na Ásia e nos EUA. Quando o Mysteryland nos convidou, sabíamos que queríamos fazer algo grande. Reunimos todas as pessoas com quem costumávamos colaborar nos nossos primeiros anos, quando éramos mais populares na Holanda. Foi uma noite épica e muito divertida para nós.

WiR: O último show do YC no Brasil foi em 2018. Já faz muito tempo e sentimos falta de vocês, mas podemos ver que vocês estão de olho nos produtores brasileiros. Vocês colaboraram com o Breaking Beattz, e a cena Tech House está enorme aqui no Brasil. O que vocês acham da cena brasileira hoje em dia? Tem algo que chama a atenção de vocês?

YC: Breaking Beattz e Almanac são dois dos nossos produtores favoritos no momento. Eu estou constantemente acompanhando os stories deles no Instagram, vendo-os tocar em festas incríveis. Mal podemos esperar para voltar ao Brasil algum dia e fazer um set do €URO TRA$H!

WiR: Em nome do Wonderland in Rave, agradecemos muito pela oportunidade desta entrevista. Para terminar em grande estilo, temos duas últimas perguntas! Qual é a melhor lembrança que vocês têm do Brasil e têm alguma mensagem para os seus fãs brasileiros?

YC: Crescendo perto de Eindhoven, na Holanda, como fãs do PSV, o Brasil sempre foi uma grande paixão em nossa casa – especialmente durante os anos do Romário e Ronaldo. Então, visitar o Brasil pela primeira vez foi como um sonho se tornando realidade. Uma das minhas lembranças favoritas foi depois do EDC Brasil 2015. Ficamos em São Paulo por alguns dias, fomos a um jogo do Corinthians, vimos Seu Jorge ao vivo e aproveitamos uma comida incrível. Aqueles foram momentos inesquecíveis. Para nossos fãs brasileiros: nós amamos vocês e mal podemos esperar para voltar em breve!

Não esqueça de acompanhar Yellow Claw no Instagram.

Ianne Souza
Ianne Souza
Fã de música eletrônica, sempre em busca de aprender mais. Choro em shows.
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