Infelizmente as mulheres ainda representam número muito inferior ao de homens na música eletrônica, porém percebe-se que essa diferença está diminuindo, e que as mulheres estão adquirindo cada vez mais representatividade e influência na cena nacional e internacional.
De acordo com o site Female Pressure, o percentual de mulheres presentes em festivais de música eletrônica é de 24,6% em 2019, enquanto em 2012 era de 9,2%. Ainda em 2019, segundo a Forbes, o percentual de mulheres na música corresponde a 21,7%, número ainda abaixo do correspondente na cena eletrônica.
Esse crescimento significativo de mulheres na cena eletrônica é tido em razão do aumento de oportunidades dadas às mulheres e de seus trabalhos e carreiras sólidas, uma busca por espaço que se iniciou na década de 70, podendo citar Annie Nightingale, primeira apresentadora do BBC Radio 1, e Kemistry & Storm, duo inglês da década de 90 que tiveram grande influência nos clubs ingleses.
O curioso é que mulheres tem maior representatividade em um meio underground, principalmente no Techno e House. Recentemente Charlotte de Witte conseguiu um feito histórico, foi eleita a DJ número 1 no top “100 Alternative DJs”, a frente da lenda Carl Cox. Curioso ainda é que dos 10 primeiros colocados, 5 são mulheres, o que demonstra grande equilíbrio no meio underground.
Além de Charlotte, que possui sua própria gravadora, a KNTXT, são diversos nomes de peso presentes na lista, podendo citar Peggy Gou, Amelie Lens, Nina Kraviz, Deborah de Luca, Anna e muitas outras representantes do gênero feminino.
Apesar da representatividade menor na EDM, as mulheres estão se destacando cada vez mais na cena e aparecendo cada vez mais nos line ups. Ao falar de representatividade feminina na EDM é impossível não falar de NERVO, as irmãs Miriam e Olivia, que proporcionaram a EDM hits inesquecíveis como “Like Home” e “The Way We See The World”.
Na nova geração da EDM, ganham destaque Alisson Wonderland e Rezz. Alisson era a principal violinista da Sydney Youth Orchestra e guitarrista em uma banda de Indie Rock, porém se tornou DJ em 2006, tendo em 2015 lançado seu primeiro álbum e em 2018 o seu segundo, isso com apenas 24 anos. Rezz é outro grande destaque da EDM, com apenas 24 anos, a ucraniana possui suporte de seus ídolos Skrillex e Deadmau5, assinando e lançando álbuns em suas gravadoras.
Se as mulheres estão buscando seu espaço lá fora, no Brasil não é diferente! São tantas carreiras de sucesso que fica difícil falar de todas, mas impossível não começar por Anna, que é um dos maiores nomes da cena eletrônica brasileira. Anna é atualmente um dos maiores nomes do Techno, foi eleita em 2015 “Melhor DJ Underground” pela Rio Music Conference e, em 2016 recebeu o prêmio de “Artista Revelação” pelo DJ Awards.
Outra grande carreira é de Eli Iwasa, que é destaque na cena nacional há mais de 20 anos. Eli ficou conhecida por organizar o “Technova” no Lov.e Club, nos anos 2000 em SP, projeto que marcou a cena eletrônica nacional, além disso Eli já se apresentou em grandes festivais como Rock In Rio, Universo Parello, XXXPerience, Kaballah e Warung Day Festival. Além de DJ, Eli Iwasa é empresária, é sócia fundadora dos clubs Caos e Club 88.
Ekanta, uma das pioneiras do Psy Trance no país, possui mais de 20 anos de carreira e influenciou diversos artistas nacionais, além de ser e uma das fundadoras do Universo Paralello. A colaboração com a cena eletrônica não para por aí, Ekanta é mãe de Alok e Bhaskar, nomes que dispensam apresentações.
No Brasil existe uma grande representatividade feminina, não faltam nomes para exemplificar o atual cenário, mas os mais conhecidos são Groove Delight, Blancah, Aninha, Camila Giamelaro (do projeto Binaryh), Marian Flow (Flow e Zeo), Barja e outras.
Apesar de toda representatividade na cena nacional e internacional, é perceptível o baixo número de mulheres nos line ups. Segundo a União Brasileira de Compositores (UBC), mulheres são majoritárias em apenas 17% dos grandes festivais no Brasil.
O crescimento das mulheres no mercado da música é nítido, a luta por seu espaço e por condições igualitárias no mercado são demonstradas através dos seus feitos em número de público e alcance de suas obras. Para ajudar acelerar esse processo a UBC lançou o “Por Elas Que Fazem a Música”, que promove pesquisas e debates, além de um relatório anual para mostrar as diferenças do mercado da música.
O mercado da música pode ser esmagador quando não se tem as condições ideais para desempenhar o seu trabalho, e as mulheres já começam em desvantagem, seja por preconceito, falta de espaço nos festivais ou pela diferença de valor arrecadado. Mas como vimos, não falta qualidade no trabalho desempenhado por elas, trabalho este que muitos de nós não conseguimos enxergar as dificuldades superadas.
Por fim, espera-se condições igualitárias entre os gêneros não apenas na música, mas em qualquer situação. Na música em especial, as mulheres ajudaram a construir cena eletrônica nacional e internacional, e merecem todo o crédito e respeito por isso, sem elas a música não seria a mesma.