Afterlife é a demonstração de que o Techno Melódico conquistou o mainstream

No último sábado (24), a Afterlife em turnê na América Latina, retornou à São Paulo repleta de novidades e mostrou que o Techno Melódico continua crescendo e conquistando novos admiradores ao redor do mundo, inclusive, no Brasil. Pela primeira vez, a edição São Paulo do evento foi no Autódromo de Interlagos, que foi capaz de deixar o público bem à vontade para curtir a pista de dança.

Quando pensamos no tamanho da Afterlife ao redor do mundo, sabemos que a label tem expandido os horizontes do Techno Melódico. Isso se comprovou no último final de semana, com o enorme público presente no autódromo. A ansiedade para ver os artistas do line up era algo ema comum na fila, que demorou cerca de uma hora de espera. Valeu a pena esperar tanto tempo para entrar? Vamos falar sobre isso, neste review.

Estrutura

Ao chegar no autódromo, nós deparamos com uma enorme fila de espera, o que deixou a grande parte do público, que teria acesso à pista bem irritada. Na fila, encontramos pessoas de vários lugares, como Santa Catarina, Rio de Janeiro, Venezuela, Chile, etc. A experiência imersiva, os efeitos audiovisuais, os line ups com artistas renomados e as apresentações memoráveis que vemos em vídeos da internet convence as pessoas de que vale a pena vir de longe para viver essa festa. Ao acessar o autódromo, nos deparamos com enormes estruturas metálicas brancas espalhadas pela pista, um visual futurista muito bonito. Outro ponto legal, foi a lojinha de merchandising com produtos da label, camisetas, blusas de moletom, bonés e muito mais, eram comercializados para os fãs do selo.

Com postos de abastecimento de água gratuitos espalhados pelo evento, o calor não foi um grande problema, apenas quando os postos ficavam vazios e o público tinha que aguentar alguns minutos sem hidratação.

Apresentações

A dupla Omnya abriu a noite com duas horas de set, a princípio, os artistas teriam das 20h às 21h, mas o timetable que estava guardado a sete chaves até poucas horas da festa sinalizaram que a festa teria uma hora a mais e esse tempo foi dado aos DJs. Que foram muito bem na estreia em solo brasileiro, o Omnya é um projeto que vem ganhando espaço na label e pode mostrar ao público brasileiro a capacidade em conduzir a pista. Abrir uma festa não é nada fácil, mas eles não foram escalados no line up e conseguiram agitar a pista logo de cara.

O Binaryh, representado pelos brasileiros Camila Giamelaro e Rene Castanho, assumiram o palco e fizeram uma grande apresentação. Mais uma, né? Esta foi a segunda vez em que pude acompanhar o Binaryh de pertinho e como é bom ver o reconhecimento do trabalho bem feito por eles. O destaque que a dupla vem conquistando dentro do selo e a confiança de Matteo Milleri e Carmine Conte depositam neles faz jus ao talento do duo.

Após a apresentação do Binaryh, foi a vez da brasileira ANNA assumir as pickups e dar um verdadeiro show. ANNA nos deu um dos sets mais dançantes da noite, sempre muito animada em cada apresentação e transparece isso quando toca. Em alguns momentos, ela levantava o público, em outros, emocionava o público com mensagens durante as músicas, como durante o remix de Interstellar.

Antes de Camine Conte iniciar a apresentação, houve um hiato sem som. O público aguardou por cerca de cinco minutos com uma música baixa ao fundo. Depois da espera, ele subiu ao palco para apresentar o projeto We Don’t Follow, que convenhamos, foi um verdadeiro espetáculo. Eu me surpreendi positivamente, afinal, muito se fala dos show do Anyma, mas o MRAK projeto individual de Carmine, foi incrível do início ao fim. Intenso, com muitos efeitos audiovisuais, a apresentação foi de arrepiar. Nesse momento da festa, a pista já estava vivendo a experiência imersiva que o evento promete, mas diferente do que vemos em diversos vídeos por aí, o público não ficava o tempo todo filmando.

O set que eu mais estava curioso para assistir quando vi o line up desta edição, era o b2b entre Cassian e Kevin de Vries, porque foi a primeira vez que os dois tocaram juntos. Eu gosto muito de melódico e as músicas dos dois me agradam. O Kevin de Vries tem músicas muito envolventes e o Cassian, por sua vez, tem músicas dançantes e que animam as pistas de dança. Eu me diverti muito durante a apresentação deles e não queria que acabasse, como é bom escutar My City is on Fire, On My Knees (remix), Great Southern Land, Dance With Me, dentre outras pessoalmente.

Matteo Milleri, o Anyma, era sem sombra de dúvidas um dos grandes pontos altos da noite, isso porque, o projeto Genesys é conhecido mundialmente e eleva o nível de experiência com efeitos em NFT. Syren, Angel 1, Say Yes To Heaven, Samsara, You Make Me, Councioness, Higher Power, Pictures of You, Eternity, são tantas tracks “virais” que nós perdemos a conta. O projeto Anyma é absurdamente grande e as pessoas literalmente param e ficam “babando” ao assistir o show audiovisual. Não é pra menos, as pessoas anseiam o ano inteiro para o retorno da Afterlife e quer ver de pertinho todos os momentos marcantes que acontecem durante o show dele, a grande questão é que o Anyma e a festa Afterlife tomaram uma proporção enorme, basta ver o sucesso da festa nessa turnê na América Latina, show enormes, todos lotados, e não estamos falando apenas dos fãs de melódico, a Afterlife furou uma bolha e está levando para a festa, os fãs de outras sonoridades.

Para encerrar a festa com chave de ouro, Carmine e Matteo subiram ao palco juntos, o Tale of Us é uma lenda na cena, são literalmente maestros e fazem sucesso em tudo que tocam. O projeto deles em conjunto, individuais, o selo Afterlife, a label party.

Agora, vamos falar da apresentação do duo, que foi boa, mas não ótima, sem querer desrespeitar de forma alguma os artistas, mas senti que a pista já não estava com a mesma energia que teve durante as demais apresentações, além disso, o show acabou cedo. Com início marcado às 4h30 e sem hora marcada para acabar, o set acabou às 6h da manhã e o público não ovacionou os DJs de forma unânime, talvez isso tenha desanimado os donos da festa, que desligaram o som e foram embora.

Os shows da afterlife foram melhores do que a experiência

Com a troca de organização, ficamos ansiosos para ver as novidades. Pontos positivos da Afterlife: os show foram muito bons e o público aparentemente se divertiu bastante; público presente veio de vários lugares, o que mostrou a força da festa no Brasil; o enorme palco trouxe a experiência imersiva que era esperada; havia muitos bares e pessoas na pista vendendo bebidas, o que facilitava o consumo; ter sido open air em um dia de calor, fez com que as pessoas não tivessem grandes problemas com a temperatura, coisa que acontece em lugares fechados e com pouca ventilação.

Agora, é importante ressaltar que a festa também teve pontos negativos, como a fila de espera muito grande; pequenos “intervalos” durante um show e outro, mencionei uma vez nas apresentações mas isso ocorreu em quase todas as trocas de artista, o que foi muito desanimador; banheiros escuros e muito sujos, sem a devida manutenção durante a festa; falta de cartões para compra de produtos, tive esse problema ao tentar comprar um cartão cashless, estava em falta em três caixas diferentes; e, a demora no abastecimento de água para as pessoas se hidratarem durante a festa, acabava rápido e a reposição era demorada em alguns momentos.

Vitor Gianluca tem 26 anos e é formado em Comunicação Social - Jornalismo, pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC), desde 2020. Curte um Techno Melódico e escreve para a WiR há mais de dois anos.