Conversa com um dos ícones da cena brasileira: Luiz Salla aka DJ Feio

Quem conhece os fomentadores da nossa cena, certamente já ouviu falar do Luiz Salla. Fundador do festival XXXPERIENCE junto com Rica Amaral, ele tem uma jornada em que construiu um belo legado, não só por sua música mas também por olhar além de sua própria carreira, ajudando novos talentos.

Agora que você conhece um pouco mais dele, vamos para a entrevista:

WiR: Como é sua relação com o Vintage Culture?

Salla: “É de pura amizade e ajuda, já que nesse período de pandemia, ele foi além de um amigo, foi um pai, irmão, filho e muito mais. Espero que com a volta da normalidade, as festas voltem com força total, e com isso a minha presença nos eventos, tocando juntos, fique mais constante e também no dia a dia dele ajudando no máximo que eu puder para que o Vintage Culture fique cada vez maior.”

WiR: Você é bastante experiente, porém vejo em você um desejo grande de ajudar djs e produtores novatos, de onde vem isso? porque você gosta de ajudar os novatos?

Salla: “Essa foi a historia do Vintage Culture que todos sabem lá atrás no início de tudo, e sinto também que ajudar os outros, realmente funciona no meu crescimento, porque quanto mais eu ajudo, mais o universo conspira ao meu favor, só que tenho que realçar que o artista sem talento, a minha ajuda fica figurativa, então, mostrem trabalho que eu ajudo.”

WiR: Espera que a volta dos eventos seja mais justa com os que estão apresentando um trabalho de alto nível? Qual o impacto disso?

Salla: “Olha vou falar por mim, se eu tivesse um club, festa, eventos, neste começo eu trabalharia com quem me desse grana, custando qualquer que fosse o valor do cachê, já que o retorno seria de 100% garantido. Acredito que os outros artistas vão continuar na sua caminhada diária de batalha e reconhecimento nacional, porque no seu estado, cidade natal, cidades periféricas a dele, é óbvio que ele não terá esse tipo de problema, inclusive pelo tamanho dos eventos que geralmente são menores e com relação ao valor dos cachês. Na minha visão será mais nítido ver artistas Top, e classes A, B e C, de repente até D e F, dependendo da necessidade de cada um (contratado e contratante), já quando a água começa a molhar a nossa bunda, é só nós mesmos que sentimos o problema.”

WiR: Tem alguma mensagem que quer deixar para os leitores?

Salla: “Não se iludam com quem é top, porque ”música boa não se vende’’, existe um super investimento por trás, que para quem está começando fica praticamente impossível esse nível de investimento e alcance, mas enfim, em inglês eles dizem ‘’never say never’’, (nunca diga nunca), boa sorte a todos iniciantes e profissionais nessa volta maluca que está por vir.”

Gostei muito dessa conversa com o Salla, eu tive a oportunidade de conhecê-lo melhor durante a pandemia e é uma pessoa admirável.

Sua relação com o Vintage Culture é bonita e demonstra como o próprio Lukas trata quem lhe ajuda desde o início, com gratidão e carinho pelo que fizeram por ele. Qualidade de alto valor para um artista que representa muito bem o nosso país.

A nossa cena precisa cada vez mais dessa mentalidade de ajudar o próximo. Concordo totalmente com o que o Salla disse sobre o sucesso estar relacionado com ajudarmos os demais. Isso não é apenas uma questão de sucesso pessoal mas do sucesso de uma nação, sabemos há muito tempo o quão bem sucedida a cena da Europa é e isso aconteceu porque lá os DJs e produtores têm essa cultura de ajudar o próximo.

Esse movimento se tornou mais forte na pandemia e precisa ser mantido, ainda mais com a fragilidade atual do nosso mercado que sofreu muito com esse cenário. É natural e compreensível que os donos de Clubs e festas busquem um retorno rápido, mas na minha visão é necessário dar espaço para os novos talentos no meio disso, se não vamos criar mais uma relação de desequilíbrio na cena.

“Música boa” não se vende sozinha mesmo, mas o jovem produtor pode fazer uma música tão boa que poderá quebrar algumas barreiras. Isso não descarta que o investimento é importantíssimo para o sucesso de um projeto, nenhuma empresa anda para frente sem investimento e ser artista hoje em dia é ser uma empresa.

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