Entrevista: Aninha possui trajetória marcante pelas vertentes da House Music

Seu último EP, Universe Dancing, pela D-Edge Records, reforça sua identidade sonora

por Mia Lunis

A história da DJ e produtora Aninha é inspiradora em vários níveis. Vemos presença, humanidade, talento e muita garra em uma artista que vem fomentando a cena eletrônica e abrindo passagem para as próximas gerações. Nascida em Blumenau, Santa Catarina, Aninha teve seu primeiro contato com a música já na infância, o bom gosto musical de sua família teve uma parcela de influência na vida de Ana. Aos 5 anos de idade, a DJ presenciou sua mãe ouvindo Kraftwerk, seu pai ouvindo Donna Summer e por aí vai.

Em 1999, Aninha teve seu primeiro contato com a noite, trabalhando como promoter e se aproximando do mundo das discotecagens. Tudo o que vemos da artista é resultado de um foco e disciplina fascinantes, um aprofundamento em pesquisas, estudos, técnicas que servem como aula para aqueles que também desejam se engajar no universo musical. Aninha se inspira em tudo, de artes plásticas a arquitetura, ela traduz suas observações em sua expertise nas pistas entregando uma perspectiva ampla em uma obra não palpável que teletransporta os ouvintes para novas possibilidades.

Prova disso é sua habilidade em transitar por vertentes da música eletrônica como Tech House, Deep House e o House propriamente dito, sempre com foco em trazer novidades para a pista. Aninha é uma das artistas da D-Agency e considerada uma das representantes da House Music no Brasil, já lançou em gravadoras importantes como a Defected Records, Playperview, Warung Records e, claro, D-Edge Records.

Seu último lançamento é o EP Universe Dancing, reforçando a musicalidade da produtora e marcando seu retorno à D-Edge Records.

Para sabermos um pouco mais, convidamos Aninha para um bate papo, acompanhe!

Aninha, muito obrigada por nos conceder essa entrevista! Você acabou de lançar o EP Universe Dancing, conte um pouco sobre a ideia da obra.

Aninha: Oi, pessoal! Tudo bem? Espero que sim 🙂 Fico feliz em poder compartilhar com vocês sobre o novo lançamento. Essas tracks foram criadas nesse momento de transição da pandemia, minha criação é mais poética, preciso de inspiração, senão não sai nada. Por isso, A Beyond The Stars, reflete meu momento de bolha social, de querer estar tranquila, com poucas pessoas ao redor. Ela foi feita para curtir com os amigos o pôr do sol, por isso essa atmosfera mais leve, percussão e frescor na track. Já a Universe Dancing, já estava mais solta, querendo sentir a pista, o calor das pessoas, ela tem essa sofisticação de house que gosto de dançar.

Esse é o quarto trabalho seu lançado pela D-Edge Records, quais são as diferenças e semelhanças entre os apresentados anteriormente?

Aninha: A diferença entre elas é o momento que produzo. Às vezes sou mais atmosférica, mais percussiva, outras mais digital, outra mais analógica, intensa, ruidosa, leve… (risos)
A semelhança é que sempre terá algum elemento que me aproxime do clássico, seja house ou techno. Pode ser no bass, no elemento de tb ou algo mais detroit.

No universo da House Music você também transita por outras sub-vertentes, como você aplica essa transição de estilos nas suas produções?

Aninha: Essa mistura me encanta, fico entediada às vezes quando faço algo muito parecido. Sou mais dj do que produtora, então essa bagagem musical diversa estará sempre comigo. É difícil explicar como aplico, porque não esse hábito de produzir através de um setup que montei. Sento na frente do computador, ligo as máquinas e vejo o que sairá naquele dia. Obviamente que um timbre ou outro gosto mais, mas o que eu mais curto é essa coisa de não saber o que irei fazer. Sou igual quando toco, a galera me pergunta: o que trouxe para o set? E eu digo: muita coisa, mas na hora vejo o que faço.

E em termos de pesquisa, quais lançamentos que ouviu este ano que te marcaram? Tem algum artista ou gravadora que você vem acompanhando mais de perto?

Aninha: Sigo curtindo Black Loops, Denyl Brook, Subjoi, Demuja, Demuir, Levon Vincent, Anthony Parasole.

E como é sua rotina atualmente? Você hoje trabalha exclusivamente com música?

Aninha: Acho que fui apenas DJ/produtora de 2002 a 2010, depois sempre estive envolvida com algum projeto ou business. Tenho essa sede por inovação e gosto de empreender. Atualmente sigo com a vida dupla: durante a semana trabalho com tecnologia e nos findes sou artista 😀

Quais foram os maiores desafios para se estabelecer na cena e chegar na posição — para muitos, de referência como uma grande DJ — que você se encontra hoje?

Aninha: Os maiores desafios estavam dentro de mim: auto sabotagem, procrastinação, insegurança. Depois que aprendi a lidar com isso, soube lidar melhor com as outras situações como por exemplo a cultura machista que temos no Brasil e a não valorização no produto interno.

E os seus planos para 2023? A ideia é reforçar os trabalhos de estúdio, focar na discotecagem ou mesmo na gerência dos seus outros projetos?

Aninha: Tudo isso e muito mais. Amo estar em movimento e em constante aprendizado. Mas posso dizer que EPs sairão, estarei em muitos line ups legais e o AIA Records entrará de férias em março de 2023.

Por fim, uma palavra para os fãs que te acompanham. Obrigada!

Aninha: Obrigada por existirem <3

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