Entrevista: Pontifexx fala sobre carreira, Martin Garrix e Tomorrowland

Pontifexx é um DJ brasileiro que durante a sua carreira, pode ter chamado mais atenção fora do Brasil do que dentro. O DJ tem grande suporte da STMPD Records e de ninguém mais, ninguém menos que Martin Garrix. Além do suporte de fora do Brasil, Pontifexx já se apresentou no Lollapalooza, Só Track Boa, Planeta Brasil e em diversos outros festivais, além de contar com suporte de grandes nomes nacionais, como Vintage Culture e Alok.

Não se prendendo a um gênero especifico e focando em músicas boas, com traços de Future e Progressive House, com bastante melodias, o resultado disso é um trabalho sólido que chamou a atenção de milhares de fãs e de grandes nomes da música eletrônica internacional.

Em entrevista a Wonderland in Radio, Tomás, mais conhecido como Pontifexx, conta um pouco da sua carreira, relação com STMPD Records e Martin Garrix, Tomorrowland e muito mais! Inclusive, ele ainda foi nosso convidado do WiR Invites do mês de Abril, responsável por fazer a curadoria de nossa playlist. Confira a seguir:

Nenhuma descrição de foto disponível.

(Créditos Imagem: Lollapalooza – Facebook/Pontifexx)

Como você começou a sua carreira? Conta para gente um pouco do seu início como DJ e produtor.

Pontifexx: “Eu comecei a minha carreira comprando uma controladora. Eu estava em uma viagem com a minha família na Europa e tinha sobrado alguns euros, eu já tinha baixado alguns aplicativos quando tinha 13 anos, de iPad, o Virtual DJ, mas essa foi a minha primeira mesa externa. Aí fui tocando na escola, na casa de amigos, em House Party e nas matines, as festas para menores de idade. Nessa época rolava muito disso, de vender ingresso para tocar e eu entrei nisso! Comprei alguns equipamentos, comprei luzes, máquina de fumaça, e comecei a fazer festas, House Party e aí foi! Depois disso já começaram a me chamar para tocar em festas de maior de idade, em clubs, depois eu já comecei a produzir e aí já é outra história!

O que você escutava no início da sua carreira e o que você escuta hoje?

Pontifexx: “O primeiro show que eu fui foi um show do David Guetta, em uma tour do Black Eyed Peas, no Morumbi. E eu via o David Guetta tocando e a música eletrônica movendo um estádio, isso foi muito surpreendente para mim. É muito diferente você ver um show de eletrônica em um estádio e em um club. Eu escutava muito David Guetta, o ‘Nothing But The Beat’, escutava muito Alesso, Nervo, Martin Garrix e toda essa galera da EDM.
Hoje é engraçado, eu to escutando um pouco mais de tudo, bandas e música eletrônica. Por incrível que pareça estou escutando bastante músicas do Timbaland, eu estou vendo o masterclass dele, pois as vezes estou querendo produzir outras coisas, talvez pop, hip hop, r’n’b.”

Falando em Martin Garrix, você lança pela STMPD Records. Como surgiu esse contato com a gravadora?

Pontifexx: “Foi o Guga que trabalha na Entourage, que é a agência que eu estou. Ele viajou em uma das primeiras tours do Garrix, tinha acabado de estourar a ‘Animals’, e ele estava fazendo uma tour no Brasil, e o Guga foi quem acompanhou o Martin e seu manager. Eles criaram uma relação, trabalharam juntos, com o Vintage e com o Garrix, e uma vez a gente estava conversando, eu tinha umas tracks, falei que era fã da STMPD e ele disse que da próxima vez ouviríamos umas músicas e mandaríamos um e-mail pros caras. Mandei a ‘Feelings’, tinham umas outras músicas lá que acabei nem lançando. Eles gostaram muito da ‘Feelings’ e esse foi o meu primeiro contato, lançamos e isso me motivou a produzir mais, e aí foi!

Pode ser uma imagem de 4 pessoas

(Créditos Imagem: Pontifexx e Martin Garrix – Facebook/Pontifexx)

O Martin Garrix já te deu um grande suporte, como é a relação de vocês?

Pontifexx: “Eu não tenho o número pessoal dele, mas trocamos ideia pelo Instagram. Eu recebi um e-mail me convidando para um ‘Get Together Pizza and Friends’ la na STMPD, aí eu tava com umas milhas sobrando e falei: ‘acho que eu vou’! Eu fui lá e foi super legal, pois uma coisa é você conhecer, trabalhar pela internet e outra coisa é você ver a pessoa pessoalmente. Aí eu conheci o Steven, que é quem gerencia a gravadora, o Martin, o Dyro e toda a galera lá, foi super massa! Por que ai você consegue ver a pessoa. Troquei uma ideia com ele, conversamos sobre o Brasil, ele falou sobre o carnaval, ele veio pro carnaval depois, e ele até tocou uma música minha, a ‘Stand By You’, foi surreal!

A “Stand By You” é uma collab com o Dubvision, como surgiu a ideia para essa música?

Pontifexx: “Foi pela STMPD! Na verdade, eu recebi o vocal do Steven, que é quem cuida da gravadora e conecta as pessoas. Aí ele me mandou o vocal e eu peguei pra fazer a música. Eu fiz a melodia, peguei o pitch da voz e mandei a música. Depois disso ele me perguntou: ‘você se importa se em mandar para o Dubvision?, e eu falei ‘po, claro!’. Depois eu fiquei sabendo que era um vocal que eles tinham recebido, trabalharam, não gostaram e não chegaram a lugar nenhum. Quando eles ouviram, gostaram muito da minha versão e resolvemos fazer essa collab.”

O seu som começou contra uma tendência que era o Brazillian Bass, como foi para você se inserir no mercado indo contrário a essa tendência?

Pontifexx: “Olha, eu não posso falar que eu não sigo tendências, mas eu acho que existem tendências que são especificas, que seria copiar exatamente aquele tipo de som. Como hoje ta rolando esse ‘Slap House’, que tem músicas que você escuta e è difícil reconhecer qualquer traço de personalidade do produtor, são produões muito parecidas, parece as vez que é até da mesma pessoa. O mesmo timbre, a clap entra na mesma hora, o mesmo kick, é a mesma fórmula, isso é uma tendência específica, e eu nunca fui muito de seguir isso.
Existe também as tendências gerais, que é o vocal, a harmonia, a estrutura da música e várias outras coisas. Apesar de não ter esse Brazillian Bass, a ‘Get Away’ tem uma elevada de um pouco do que tava rolando. Mas para mim se a música é boa, a voz é boa, a melodia é boa, eu vou produzir pois eu estarei entusiasmado para terminar aquilo.
Por ter gostado sempre de progressive house eu acabado indiretamente fazendo isso, mas acho que no mercado hoje tá todo mundo fazendo um progressive house muito parecido com todo mundo. Outro dia tive um call com um grupo de produtores e vi que cada um produzia um tipo de som, e eu achei muito legal, para mim é isso que falta no Brasil. Eu ajudei e passei uns samples para eles e acho que as pessoas tem que se ajudar para a cena ter uns braços diferentes.

Falando em produção, o que você tem preparado para os palcos com a volta dos eventos?

Pontifexx: “Engraçado, como a volta ainda está tão longe, eu não tenho preparado tanta coisa, tenha trabalhado em coisas sem os palcos. Tenho feito um pouco de músicas não voltadas tanto para as pistas, mas por ser eletrônico é claro que sempre vai poder rolar na pista. É difícil não ter a pista, é um lugar de pesquisa, é um lugar onde você toca, é um lugar para ver referências, você vê o que o cara está tocando antes de você, aí você pensa em fazer esse tipo de som no estúdio, sabe!? Deve ter muito DJ que está em crise por aí, eu também passei por várias coisas na pandemia, pois a nossa função de DJ/produtor é de fazer essa música para pista, então não tenho preparado intro, edits e mashups que são coisas que eu faço muito. Então eu tenho focado em produzir música boa e não necessariamente coisas mais pesadas.

Você tem um suporte grande fora do Brasil, o próprio Martin Garrix e a STMPD, o Dubvision, convite para remix do GoldFish… Como você vê o mercado lá fora? Você tem planos para fora do Brasil?

Pontifexx: “Acho que o Brasil é um país muito grande, tem muita festa, com muita oportunidade, e olhando a minha agenda de shows do ano passado, eu vi que tenho um espaço ali que não é tão movimentado, mas que é muito movimentado na Europa, que é o verão europeu. Então eu me imagino muito fazendo o melhor dos dois mundos, passando bastante tempo do verão aqui, junho em Ibiza, Bélgica, Tomorrowland… Então para mim é muito interessante tentar fazer os dois, é muito interessante estar com o STMPD também justamente por isso.”

Imagina chegar na Tomorrowland tocando no palco da STMPD, deve ser maravilhoso, certo?

Pontifexx: “Então, se não tivesse rolado a pandemia, eu teria tocado esse ano na Tomorrowland e em Ushuaïa, no palco deles!

Além do suporte internacional, você também tem suporte de vários DJs, como Alok, Vintage Culture e Bhaskar, além collabs com DJs nacionais. Você tem alguma collab por vir? Ou alguma track nova?

Pontifexx: “Por enquanto estou sem collab com esses grandes nomes, mas tenho contato deles, sou próximo do Bhaskar, inclusive ele fez uma ponte para eu remixar uma música do Alok, a ‘Don’t Say Goodbye’, ainda não sei quando será lançada. Tenho um remix também para o Zeeba, da ‘Tudo que Importa’. Também sou super amigo dos meninos do Dubdogz, acho que é so questão de vir a ideia certa no memento certo.”

Para fechar, você tem uma mensagem para os seus fãs?

Pontifexx: “Fiquem bem, fiquem em casa! Vai passar! Tem muita gente que está ficando louca, a pandemia é uma montanha russa, tem seus altos e baixos, então é tentar puxar motivação, fazer coisas que você não fazia antes. É um momento triste para o Brasil, mas em breve espero que a gente consiga retribuir essa energia nos shows, todo essa baque que o mundo está sofrendo, em um momento de muitas felicidades nas pistas!