Entrevistamos Don Diablo: saiba detalhes sobre ‘Future’ e seu império ‘Hexagon’

Para quem acompanha a Wonderland in Rave, provavelmente deve ter visto no começo do ano algumas postagens especiais que fizemos ao Don Diablo. Se você ainda não o conhece, dá uma pausa nesse post e dá uma lida nessa postagem aqui. Afinal, PRECISAMOS falar sobre Don Diablo. É impossível fazer um post sem esconder a admiração por esse DJ e produtor que merece SIM, toda atenção, elogios e compartilhamento. Afinal, ele não é apenas uma pessoa EXTREMAMENTE talentosa, mas é também um ser humano INCRÍVEL.

No dia 9 de fevereiro, Don Diablo lançou o seu primeiro álbum “Future” (clique aqui para saber mais) por sua gravadora Hexagon. Logo depois, o álbum recebeu a versão deluxe, com a participação especial de Ansel Elgort nos vocais em “Believe“, como também a música “Save a Little Love” sendo adicionada no mesmo.

Após o lançamento de seu álbum, tivemos a oportunidade de conversar com o Don Diablo pelo telefone, e ele nos contou um pouco mais sobre o conceito do seu álbum, sua carreira, como também seu império Hexagon que anda crescendo a cada dia mais. Você pode conferir a nossa entrevista exclusiva a seguir:

Primeiramente, o que “Future” significa para você?

Essa é uma pergunta muito boa! Para mim, o álbum veio há 3 anos atrás. Na verdade, dois anos… Vou facilitar para você! Nós não queríamos que todas as músicas, a produção e a harmonia do álbum soasse muito futurista. Eu tentei encontrar um novo modo de produzir para o álbum que fosse diferente e especial como se fosse feito no futuro, sabe? Eu acho que a maioria das letras do álbum foram feitos pensando em um “futuro melhor” e que significassem algo, tipo: “everybody is somebody, nobody is nobody” (todo mundo é alguém, ninguém é ninguém) e em “People Say“, foram músicas que falam sobre aceitar quem você é e olhar para o futuro com uma perspectiva diferente. São muitas coisas especiais neste álbum. Ele é muito especial para mim. É como olhar para o futuro de um jeito positivo.

E como você teve a ideia do conceito futurista que está presente em tudo que você faz?

A ideia veio de alguma séries de eventos que aconteceram na minha vida, onde eu percebi que nosso tempo nesse planeta é limitado. Então, eu meio que pensei que talvez eu nunca verei o futuro que eu quero criar agora, e que talvez amanhã eu não esteja mais aqui, mas pelo menos eu vejo um futuro. E foi dai que veio essa origem e como as pessoas começaram a chamar a minha música: Future House. E isso se tornou muito importante na minha vida, dar uma ênfase, iluminar esse lado futurista. Então, todos os meus vídeos, artworks, são muito futuristas. E para mim, é sobre uma visão positiva. Sempre tentando compartilhar algo bom.

Nós sabemos que você tem muitas demos e músicas inéditas. Por que você escolheu essas faixas para o seu álbum?

Essa é uma pergunta muito boa! Eu acho que para mim, eu quis fazer algo legal e que abordasse tudo em minha vida. Às vezes você faz uma música para colocar na rádio, sabe? Na qual as pessoas vão tocar nos lugares e tal. E às vezes você faz uma música para que as pessoas vão dançar para você, como DJ. Mas eu achei que meu dever era fazer músicas nas quais passassem alguma mensagem, na qual eu pudesse colocar eu mesmo ali. E em algumas músicas do álbum, eu coloquei os meus próprios vocais. Na qual eu quis mostrar mais de mim, do que como produtor, sem desapontar a minha verdadeira fã base. Então, eu tentei fazer músicas na quais reconhecessem o Don Diablo, com aqueles “toques” futuristas em minhas produções, mas ao mesmo tempo eu quis trazer músicas que trouxessem uma história por trás. Não é aquele tipo de álbum de rádio, é mais como um livro com capítulos, eu acho. Todo esse álbum representa um capítulo diferente para mim. Em algumas músicas eu trabalhei por 3, 4 meses sem parar para que eu pudesse fazer do jeito que está agora com essas vibrações. Mas também, eu vejo como um álbum dinâmico. Essas músicas são meio que declarações pessoais que eu fiz e vi como um meio perfeito para criar esse capítulo de uma história.

Nós gostaríamos de saber a história por trás da música “Put It On For Me“, porque particularmente é a minha favorita. Você poderia nos falar mais sobre ela?

Sim! Bom, para mim, eu sempre gostei de pensar de uma outra forma para o álbum, por isso ele se chama “Future”, porque eu quis trabalhar com vocalistas que possuem um futuro promissor. As pessoas me conhecem por fazer remixes para grandes artistas como: Ed Sheeran, Madonna, Rihanna, Coldplay, todos esses grandes nomes. Então, eu acho que muitas pessoas esperaram que eu trabalhasse com grandes nomes para este álbum, mas eu quis focar em trazer nomes do futuro, que possuem um futuro brilhante. E isso meio que me inspira. E eu tive o prazer em trabalhar com eles, porque não houve aquele stress com gravadoras e managers. Eu estava já de olho na Nina Nesbitt, porque eu sei que ela andou trabalhando com a Taylor Swift e Put It On For Me foi uma das produções mais naturais que eu já fiz, principalmente neste álbum. Parece que foi feito na hora certa, sabe?

Assim que foi lançado, “Future” ganhou um top 10 na Billboard. Como você se sentiu sobre isso?

Eu não sei, é engraçado! Eu nunca havia realmente pensado sobre isso. É muito doido ver que nós estamos indo muito bem na América! De verdade, eu nunca imaginei isso. Eu apenas recebi algumas mensagens dizendo que eu estava no top 10 da Billboard e isso é doido e engraçado porque nada mudou! Eu continuo aqui sentado e falando com você. Isso não mudou nada para mim, foi mais sobre ver as reações das pessoas. E é muito gratificante ver que as pessoas estão se identificando com as músicas, com as histórias delas e ver o quão isso está agradando elas. Isso é o resultado do meu trabalho! É como construir uma casa, a gente passa muito tempo construindo uma cozinha, uma sala, o quarto, o banheiro para ter todo um conjunto perfeito e depois andar pela casa e falar “uau“! E eu passei muito tempo trabalhando nesse álbum para que ele de fato agradasse, então isso me motiva muito. Me motiva para querer produzir meu próximo álbum!

A Hexagon é mais do que uma marca, gravadora e programa de rádio. É uma família! Você já havia imaginado em criar algo tão grande assim?

Nunca! Não mesmo. É doido! É algo que apenas aconteceu. Eu sempre foquei no meu coração e literalmente isso apenas aconteceu eventualmente. Anos atrás, era apenas eu. Eu tinha apenas dois mil seguidores nas minhas redes sociais. E sério, ninguém me conhecia ou ia nos meus shows. E sério, é surreal isso agora! 5 anos atrás, nunca esperava que isso acontecesse. Eu acho que nunca planejei isso. Sério, eu apenas segui o meu coração e coloquei ele e minha alma em tudo o que eu fiz. Coloquei algo muito pessoal meu nas coisas que fiz. E acho que as pessoas começaram a sentir isso nos momentos que eu compartilhava com elas. Uma grande parte da minha vida pessoal, e quem eu sou, um ser humano, eu diria. Eu sempre gostei de passar horas nos meus shows conversando diretamente com meus fãs, criando essa família, eu não acho que isso é apenas o Don Diablo, sou eu. Todo esse movimento e família, essas pessoas, não é apenas sobre o Don Diablo, é sobre uma visão, uma atitude, uma coisa atrás de da música, sabe? É um algo que as pessoas estão crescendo literalmente dentro de uma família, amigos. E eles fazem amizades através da minha música, porque eles conversam online e se encontram nesses shows. Eles meio que criaram uma família. E eu sempre tento estar presente quando eu posso. É doido e eu acha que precisava disso! Não é todo artista que tem isso e acontece dessa forma. Eu nunca me imaginei também como fashion designer e isso apenas aconteceu também. Obviamente, eu nunca esperava isso, mas aconteceu e eu tento fazer tudo o que consigo. Algo com meu coração e fashion.

Falando sobre sua marca de roupas, eu vi que o estilo japonês é uma das suas inspirações. Mas como é esse processo de criação de roupas? Especialmente porque você está sempre inovando e colocando alguns leds e detalhes realmente específicos nele… Você poderia nos contar melhor?

Sim, eu acho que é da mesma forma que eu faço música. Eu apenas tento não ficar perdido e sempre sou muito atento aos detalhes. As vezes me dá muito trabalho, mas eu nunca me canso disso. Eu apenas me inspiro muito com as viagens e tudo que eu vejo ao meu redor. É do mesmo jeito que eu produzo minhas músicas e como eu quero nos meus shows. Eu faço o que eu penso o que eu gostaria de ver/ouvir.
Eu comecei a fazer as roupas para mim mesmo e a princípio, eu achei muito caro a mão de obra. E isso pode ser muito caro! Então, eu comecei a olhar tamanhos, modelos e trabalhar em algo diferente. Então, durante meus shows, eventos, as pessoas começaram a perguntar se eu vendia isso, mas era apenas para mim. E eu esperei, esperei, para criar um “merchandise”, no qual está muito interessante agora. Eu gosto muito de coisas artísticas, então, eu pensei e eu fiquei “ok, isso é um merchandise” e comecei a vender as roupas online.
Isso não é sobre o Don Diablo, é um negócio, diferentes bases. E eu estou sempre procurando por ótimas dicas, modelos, apenas para fazer isso perfeito como um designer faria. Isso requer muita dedicação, assim como fazer música, ou até meus vídeos de música. Eu sei que qualquer pessoa faria meus vídeos de música, mas eu gosto de criá-los. Eu acho que tem que ser muito pessoal, assim como nas minhas músicas, roupas. Tudo tem que estar conectado, sabe? Tudo tem que fazer sentido.

Agora falando sobre a sua gravadora, você sempre lança um EP para a Generation HEX. Então, como você escolhe essas músicas? Porque nós podemos imaginar que você recebe muitas demos e ótimas músicas, certo? Então, como isso funciona para você?

Incrivelmente orgulhoso! Eu sinto que preciso apoiar essas pessoas e eu amo fazer as pessoas felizes. Desde com as roupas que eu vendo, desde meus shows ou até mesmo quando estou lançamento alguma música na minha gravadora. Eu sempre tento apoiar o máximo que eu consigo e sempre escuto essas músicas no meu carro quando eu estou viajando. Eu fico muito feliz em lançar constantemente e falar com esses jovens produtores muito talentosos e minha fã base e sempre tento introduzir elas na minha gravadora. Sempre há alguém ouvindo essas músicas que recebo, como também eu faço questão de escutar todas elas. Sério, eu não quero perder nada! E o mesmo jeito é com meu programa de rádio. Eu gosto de ter certeza que nós escutamos tudo e colocar nele ou até mesmo no na “demo track of the week” do programa, e eu sei que muita pessoa acompanha meu programa de rádio e muitas pessoas me procuram e dizem “aquela música que você colocou no seu programa de rádio foi incrível“. Então, eu acho que eu sempre tento colocar esses talentos no meu trabalho. Especialmente no Generation Hex, porque você pode ouvir todos esses produtores talentosos e apoia-los, como faço no meu programa ou nos meus sets. É incrível e pode ser muito exaustivo às vezes, mas você tem que dar muito de si. As pessoas esperam muito de você. Então, isso leva horas em um dia, mas ao mesmo tempo eu fico muito orgulhoso em fazer isso. E o Generation Hex é um passo muito importante, é sobre motivar esses produtores e ouvi-los. Você deve trabalhar duro e assim as coisas boas vão chegar até você.

Você já pensou em ter seu próprio Hexagon Stage em algum festival?

Você está fazendo boas perguntas! Eu já pensei sobre isso, eu já conversei sobre isso mas isso é algo muito especial e delicado, assim como minha gravadora. Eu sou muito perfeccionista, então, eu não quero que isso seja apenas um palco aleatório como muitas gravadoras e marcas fazem no começo e colocam alguns artistas. Eu quero que fazer algo especial, primeiramente isso PRECISA ser especial. No final de 2018 e mais pra frente, você pode começar a esperar palcos do Hexagon em alguns festivais. Mas eu quero ter certeza primeiro que faremos isso dentro de todas as condições e direito, não apenas uma tenda com um palco em algum local. Isso precisa ser futurístico, épico e em um level acima.

Podemos afirmar que um dos seus maiores destaques de colaborações foi com o Steve Aoki e também com o Tiësto. Cada faixa foi um grande sucesso e queremos saber: como foi essa experiência para você?

Eu e esses caras trabalhamos em uma linha muito diferente e eu adorei a ideia de poder colaborar com eles. Eu aprendi uma nova visão com esses artistas. É muito gratificante trabalhar com grandes produtores como eles. Quando eu trabalhei com o Tiësto isso impulsionou muito o meu trabalho, ele me introduziu para o público dele. E quando eu trabalhei com o Steve Aoki, ele veio com a ideia original da música e nós a terminamos juntos. Foi algo muito sobre apoiar a música do outro. E eu acho que isso foram conquistas diferentes com essas colaborações.

Existe algum artista com quem você ainda não teve a oportunidade de trabalhar e você mal pode esperar para que isso aconteça?

Eu adoraria trabalhar com uma lista enorme de pessoas, como: Phil Collins, Peter Gabriel, Daft Punk, The Weeknd, Kendrick Lamar ou Frank Ocean. Pessoas com um estilo musical diferente, mas também com um estilo diferente.

Eu acho que você deveria fazer uma colaboração com o Brandon Flowers do The Killers!

Nossa, com certeza! Eu adoraria em trabalhar com ele.

Como é o processo criativo sobre seus vídeos musicais? Inclusive, o Erik e Patrick são super talentosos e tenho que confessar que gostaria de participar de um videoclipe um dia!

Hahahaha claro! Nós temos um processo muito simples porque eu sempre deixo muito claro o que eu quero e como eu quero. E eu não quero trabalhar com diferentes diretores toda hora, então eu criei minha própria companhia, e eles sabem muito bem como captar essa ideia e a energia das pessoas. E eu não acho que é complicado fazer isso se você tem uma visão muito clara do que você quer. Então, normalmente quando eu termino a música, eu meio que já tenho ideia de como eu quero o vídeo dela. E essa ideia pode ser em lugares inusitados. Então, eu converso com minha equipe, explico como eu quero e eles complementam com espaços futurísticos e todo esse toque especial. Isso meio que tem que ser uma história.
Eu sempre direciono e produzo, eu ajudo a selecionar as cenas, ajudar com a localização, com os equipamentos, todas as animações nas produções são ideia minhas. E eu acho que eu que isso me dá muita confiança, porque quando você está gravando, você está exposto com pessoas que você não conhece e pode não se sentir confortável. Mas eu fico muito confiante porque eu estou trabalhando com uma família, que conhecem minha visão e sabem como fazer aquilo. Então, você pode rir, chorar, fazer algo divertido que tudo funcionará. E eu acho que é por isso que meus vídeos são muito diferentes dos demais, porque há uma produção em família, algo que fazemos com o nosso coração, algo que eu realmente gosto. Então, eu posso ter ideias como andar de cavalo em algum clipe meu, que eles não vão julgar minhas ideias, eles vão falar: “claro, por quê não?“. Assim como um clipe meu que estávamos desenvolvendo um personagem imaginário no qual me acompanha por onde vou, sobre fazer coisas que realmente não existem. E sim, é muito sobre meu gosto, imaginação, criatividade e amizade.

Da última vez que você veio ao Brasil, foi para o Lollapalooza e você postou um vídeo dizendo que o Brasil sabe como se divertir. Então, você tem planos de trabalhar com algum artista brasileiro no futuro?

Absolutamente! Nós já conversamos sobre isso, mas eu não posso confirmar ainda… O Brasil é um dos meus lugares favoritos e por aquele vídeo épico (clique aqui para assistir) você consegue entender o motivo. Aquela música era totalmente nova e no Brasil eles apenas te dão muito amor. É um país amável, com pessoas muito especiais. Você sai muito mais motivado do que quando você chega. A reação das pessoas são incríveis. E no Brasil nós temos uma grande dedicação das pessoas com os artistas, eu me sinto em casa. Sempre que eu vou para aí, é muito importante para mim! Eu estou tentando trabalhar em algo depois que voltei do Brasil. Andei conversando bastante com o Alok sobre fazermos algo juntos, então, sim, ainda isso vai acontecer.

E por último, quais são seus planos para este ano? Existe alguma possibilidade de turnê na América do Sul?

Esse é um dos meus pedidos para o meu manager. Eu disse “eu preciso pelo menos fazer uma turnê na América do Sul” mas por alguma razão, é incrivelmente difícil porque eles não querem me colocar para tocar em qualquer lugar, porque acham muito arriscado. E meu marketing número um é no Brasil, México, Colômbia, Peru, Chile. Esses são países onde mais escutam minhas músicas e é onde há o público mais apaixonado do mundo! Eu já fiz turnês em diversos lugares já, e eu não vou mentir, eu adoraria ir para a América do Sul a qualquer momento. Mas as instruções que me passaram, é que é complicado. Eu já pedi diversas vezes para o meu manager como um doido dizendo que eu tocaria de graça, mas que eu só gostaria de tocar para meus fãs. Eu apenas quero estar aí. No Brasil, eu tive uma das minhas melhores experiências, sério. Momentos que são impagáveis. Você pode ver isso nos vídeos que eu toco lá, o quão feliz eu estou por estar lá. O Lollapalooza Brasil, provavelmente foi um dos meus shows favoritos e um dos momentos mais felizes do meu ano de 2017. Então, eu estou lutando para voltar e tocar aí. É muito difícil, mas estamos fazendo o possível para que eu possa voltar uma turnê com shows no Brasil, na Colômbia, no Guatemala.
É extremamente exaustivo porque você viaja apenas para um show, mas é extremamente prazeroso. Eu quero estar conectado com meus fãs, mas essas coisas de turnês infelizmente são muito complicadas e difíceis para muitos artistas. Então, nós temos que trabalhar juntos nisso. A minha missão é fazer isso acontecer.

Aproveitando, assista agora a recente apresentação de Don Diablo no EDC Las Vegas:

Agradecimentos: Yohan Augusto e Leonardo Belmiro.

Adora entrevistar DJs e é viciada em batata frita - não pode ver batata em festival que já quer!