Entrevistamos exclusivamente o motion designer da Elevation Music Records

Felipe Tavares conta sobre processo criativo, curiosidades e muito mais.

A label brasileira, Elevation Music Records é reconhecida no mercado nacional como uma gravadora que se preocupa com o reconhecimento artístico não apenas dos produtores musicais envolvidos em cada lançamento, mas olha de forma criteriosa (e carinhosa) para ilustradores, animadores, designers e todo artista envolvido no processo de criação. É por isso que buscamos conversar com o artista Felipe Tavares, responsável pelos Motion Designs da label desde o seu lançamento.

Ilustração: Renan @vida_torta | Motion design: Felipe Tavares @felipepalermo__

Confira com exclusividade a entrevista:

A Elevation é reconhecida por ser uma label que trabalha de forma profissional e diferenciada as artes visuais de seus lançamentos. Conte pra gente como é ser o artista responsável por dar vida às ilustrações poderosas da gravadora?

No começo, por ser algo totalmente novo pra mim, eu me sentia inseguro, louco pra dar o meu melhor e agradar na entrega. Uma dificuldade que eu tive foi ficar preso em alguns briefings sem deixar minhas ideias aflorarem, e isso chegou a tirar a qualidade do meu trabalho.

Hoje, com 3 anos de experiência na gravadora, me sinto bem à vontade fazendo as animações, quase sem nenhuma alteração dos artistas. Eu acredito que isso aconteça porque não apenas entendi, como também ajudei a criar a identidade de animação da Elevation, foi algo que construímos juntos.

Para quem não conhece nada sobre esse mundo das animações, como você explicaria o olhar que você lança para cada arte individualmente e o que você busca expressar?

A verdade é que na maior parte das animações eu não tento passar uma ideia sólida ou alguma emoção, entendo e acredito que meu trabalho seja mais focado em contar a história que a música daquele produtor quer passar, e faço isso com a ajuda da história que o ilustrador já criou. Dessa forma, meu trabalho funciona como um fio condutor entre essas duas figuras. Numa arte animada, os elementos ganham vida e quem cria o final desse movimento é sempre o público, nunca nós. Cada um atribui um significado muito pessoal.

Como você enxerga a relação das artes visuais com a arte sonora?

Na minha cabeça é tudo uma dança maluca, minha intenção é que quem está vendo não entenda nada (hahaha), porque dessa forma pode criar mais histórias, movimentos, ideias próprias e tirar dessa obra final, uma história única, com significados múltiplos.

OUÇA ‘A NEW JOURNEY AROUND THE WORLD’, DE DOUTH!

Agora focando no projeto desenvolvido para o EP do Douth! ‘A New Journey Around
The World’, conte um pouco sobre o processo criativo e como ou em quê você se
inspirou para esta animação?

Estou há um tempo querendo testar algumas coisas que estudei no último ano, e acredito que nesse trabalho do EP do Douth!, eu tive a oportunidade de colocá-las em prática. A inspiração para essa animação vem sendo construída há 1 ano e as artes do Vida Torta, além de ser um cara que gosto muito, combinam muito com alguns sentimentos que tenho, e acredito que trabalhar em cima de algo que você se identifica deixa seu trabalho muito mais fácil e prazeroso. Hoje em dia, as animações fluem muito bem, acredito que consiga ter um vislumbre do que o Renan queria quando desenhou e tento trazer vida para isso através da animação.

Douth – Créditos: Rafael Gontijo

Transformar uma arte estática em algo dinâmico é, sem dúvidas, um dom e um talento desenvolvido a cada lançamento. Qual o workflow para que a animação saia da melhor forma possível? Você conversa com o artista (DJ e produtor musical) e também com o ilustrador?

Como disse, meu pensamento e o do Vida em algum momento se encontram, e a gente tem algumas ideias semelhantes, na Elevation, seguimos o briefing do diretor artístico que nos auxilia tanto na ilustração quanto na animação. Com a experiência, fui entendendo que quando o artista (no caso o produtor musical) não tem uma ideia clara do que quer, a primeira coisa que tenho que fazer é algo bonito e suave, na maioria dos casos a pessoa vai aceitar essa arte como final, mas algumas pessoas tiram algo novo disso ou modificações que tornam essa animação mais pessoal e a aproxima ainda mais da música. É um processo muito bonito, apesar de ser técnico também.

Na sua opinião, o que faz uma arte ser única e capaz de despertar a atenção e o interesse das pessoas em ouvir aquela música?

Acredito que uma arte bonita atrai muito mais as pessoas, mas acho que transformar algo em único é muito pessoal, depende muito das experiências de cada um e como essa pessoa vê a vida. Eu, por exemplo, quando vejo alguma coisa em 3D ultra realista cheia de detalhes, eu olho e penso: ‘brabo!’, mas quando vejo algo que tem a ver com o meu ser, me aprofundo muito mais, não importa se é vídeo, arte, música…

Um exemplo são os clipes das músicas “The Veldt”, do Deadmau5 e “Buttercup”, do Jack Stauber; são clipes muito subjetivos, que nos deixam criar histórias próprias dentro de uma proposta bonita, e eles não são necessariamente ligados diretamente com a música ou com a batida, mas a música cria uma atmosfera poética que me imerge e me faz querer consumir mais sobre o universo apresentado.

Quais sentimentos/sensações você buscou transmitir com a animação da arte de capa do EP do Douth!?

Esse EP do Douth! tem músicas que me atraíram muito, por serem mais calmas, melódicas e poéticas. Acredito que como me aproximei mais dessas, busquei transmitir algo mais calmo, mas ainda sim com o impacto que acredito que as músicas eletrônica têm que ter.

Conte alguma curiosidade que já aconteceu no processo criativo de uma animação para a Elevation.

Uma vez o Renan Tavares e eu nos encontramos pessoalmente para ele me passar um briefing, era uma sexta-feira e já estava meio tarde já, e eu um pouco bêbado… a hora que a gente sentou pra fazer isso, eu não estava entendendo absolutamente nada do que ele falava e parecia que tudo na tela do meu computador estava em algum tipo de língua alienígena, eu estava muito lento pra pensar. Eu fiquei muito nervoso e preocupado e a
solução que encontrei foi entrar no banheiro e fingir que estava passando mal até ele ir embora. Desculpae, mano!

Mas o que importa é que no final era algo simples e deu tudo certo, todos saíram satisfeitos!

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Escrevo o que eu vejo de interessante na cena, estudo jornalismo e pretendo fazer disto a minha vida. Unir a música eletrônica e a vontade de mostrar os inúmeros elementos que compõem ela, me faz tornar vivo e ser quem eu sou. Escuto de tudo por aí... Inclusive o que a maioria não curte ou julga.