A versatilidade de Bruno Martini como produtor não é nenhuma novidade. O DJ e produtor já trabalhou com grandes nomes da cena nacional e internacional, e no seu primeiro álbum isso não poderia ser diferente. O álbum apresenta uma sonoridade que foi influenciada por vários artistas e gêneros que Bruno escutou durante sua vida, sem falar na influencia e participação de artistas que sempre o ajudaram ao longo de sua carreira. Confira a seguir, a entrevista com um dos maiores hit makers da cena eletrônica brasileira.
Olá, Bruno! Primeiramente, muito obrigado por nos receber. No seu álbum são 17 faixas ao todo, todas com muitos instrumentos. Há quanto tempo você está trabalhando neste álbum?
Bruno Martini: “Na verdade a ideia do álbum surgiu três anos atrás quando eu fui convidado pelo Timbaland para fazer música com ele em Los Angeles. Quando eu entrei no estúdio com ele eu mostrei as músicas que eu tinha feito aqui, as que eu tinha guardado, a partir disso ele se apaixonou em algumas músicas e começamos a produzir juntos. Quando voltei para o Brasil tínhamos produzidos 6 ou 7 faixas juntos, aí eu pensei que a partir disso eu poderia contar a minha história e fazer um álbum. Então tem mais ou menos dois anos e meio, três anos que eu venho contando a minha história e fazendo esse álbum.
Esse saiu em um momento muito bacana, até por conta da sua sonoridade, pois ele não é um álbum 100% de música eletrônica, mas é um álbum de gêneros e estilos que eu ouvi a minha vida inteira. ”
(Créditos: Facebook – Bruno Martini)
Aproveitando que você falou a respeito de ser um álbum com gêneros diversos e mais pop, você é um artista bem versátil que já trabalhou com diversos artistas que produzem músicas que não são eletrônicas, como é o caso do Dennis DJ e Vitor Kley. Como você se sente quando te chama de “David Guetta brasileiro”?
Bruno Martini “Ser comparado ao David Guetta é um grande elogio para mim, eu sempre fui fã dele, é um cara que sempre me inspirou, não a mim, mas a todo o mercado de música eletrônica. É um cara que abriu as portas para gente em vários seguimentos, ele conseguiu chegar em lugares que poucas pessoas conseguiam naquela época, quebrando muitas barreiras da música eletrônica, para mim é uma grande inspiração com certeza.
Na música eletrônica temos várias bandas eletrônicas, ou DJs que utilizam de vários instrumentos em suas apresentações ou produções (WhoMadeWho, Daft Punk, Rufus, no Brasil o Elekfantz). Você se inspira em alguma dessas bandas ou DJs? Alguma dessas bandas e DJs influenciou no o seu álbum?
Bruno Martini: “Com certeza! Posso até falar de um duo que infelizmente encerrou a sua carreira, o Daft Punk que sempre foi uma referência, assim como Kraftwerk. O Daft Punk sempre trouxe coisas orgânicas, sempre teve um groove muito bacana em suas músicas e foi um duo que revolucionou na música eletrônica, assim como David Guetta, ambos transcenderam à música eletrônica.
Isso é muito importante para mim, meu pai é músico, eu sempre fui músico, o principal instrumento que toco é guitarra, então colocar instrumento na música é muito natural para mim. Cerca de 90% dos instrumentos nas minhas músicas, eu mesmo gravo, por exemplo “Hear Me Now”, “Sou Teu Fã, “Morena”, são vários pianos, vilões, baixos e guitarras, para mim esse é um processo muito natural. ”
Desde o início da sua carreira como DJ até o lançamento do seu álbum podemos perceber cada vez mais a presença de mais instrumentos. Você considera isso um processo evolutivo ou uma fase da carreira?
Bruno Martini: “Acho que todas as minhas músicas, desde que eu comecei esse projeto solo, desde que lancei meu primeiro single “Hear Me Now” com Alok e com o Zeeba, esse foi o meu diferencial. Acho que você sempre tem que trazer algo novo para a música, e além disso se encontrar musicalmente, pois você acaba se destacando muito mais quando você faz uma coisa muito honesta com você. Independente de qual seja o som do momento, independente do que as pessoas escutando, o principal é você se encontrar. Quando “Hear Me Now” saiu, ninguém aqui estava fazendo esse tipo de som, era um som pouco harmonioso com poucas melodias, a partir daí pensei em fazer o “Brazilian Bass” como mais melodias e de forma mais harmoniosa, o que desmembrou para outras músicas como “Never Let Me Go”, “Sun Goes Down” e “Sou Teu Fã”.
Você já possui uma relação antiga com alguns dos artistas presentes neste álbum, como é o caso do Zeeba e do Timbaland. Como é a sua relação com estes artistas?
Bruno Martini: “Eu acho que não faria nenhum sentido lançar um álbum que fosse contar a minha história sem a participação de artistas que fizeram parte dela. As vezes se tem a impressão de que apenas o artista faz a música, mas a criação de uma música tem várias pessoas por trás disso. O Zeeba está sempre comigo no estúdio, estamos sempre trabalhando em algo. Ele é um grande amigo meu e eu estou sempre aprendendo com ele quando estamos no estúdio criando, não faria sentido eu produzir o álbum sem uma pessoa que ajudaram a evoluir o meu som.
O Timbaland para mim é uma das maiores referências musicais, não só minhas, mas acho que de 90% das pessoas que trabalham com música. Ele é unanime, é um artista que revolucionou a música em vários sentidos. Para mim, quando eu tinha 14 anos, o Timbaland era o meu maior ídolo, eu queria fazer os beats que nem ele fazia na época, então para mim, trabalhar com ele sempre foi um sonho, e eu aprendi muito com ele dentro do estúdio. Ter a oportunidade de trabalhar com ele foi uma grande evolução musicalmente. ”
Com quais artistas você mais gostou de trabalhar neste álbum? Existe algum artista que você sentiu falta? Algum artista se destacou mais?
Bruno Martini: “Sentir falta não sei se é a palavra certa, mas com certeza, pois estou sempre aberto para fazer parcerias. Mas existem alguns artistas que me ajudaram muito, como a Mayara! A Mayra me conhece como ninguém, nós crescemos juntos, temos uma química muito forte. Parece que ela consegue me traduzir a partir de letras, e eu consigo traduzir ela a partir de sons, então é uma combinação muito boa, talvez seja a pessoa que mais participou efetivamente da produção e composição do álbum inteiro junto comigo. Mas cada artista participa e ajuda de uma forma, tive sorte de trabalhar com artistas que foram muito bacanas comigo. ”
Se você pudesse escolher qualquer artista no mundo para produzir uma faixa para o álbum, sendo um DJ e um vocalista, quem você escolheria?
Bruno Martini: “Um dos meus maiores sonhos era trabalhar com o Timbaland, mas tive a benção de realizar esse sonho. Mas o Pharrell Williams, Kayne West… É tanta gente que eu sigo que é muito difícil selecionar um só. Sou um cara muito eclético, eu gosto de música em um contexto geral, eu acordo ouvindo blues e vou dormir escutando eletrônico, vou do hip hop pro rock, são as coisas que eu mais escuto, então é muito difícil selecionar um artista. Mas como conversamos o Daft Punk, que infelizmente acabou, o próprio David Guetta, Calvin Harris… São vários artistas que estou sempre aberto para trabalhar e que seria um sonho trabalhar juntos. ”
Como você falou, este é um álbum mais pop. Você sentiu falta de produzir faixas com drops marcantes como aquelas que você geralmente toca em festivais?
Bruno Martini: “Não pois eu vejo isso como projetos diferentes, eu não parei de produzir música eletrônica. Eu tenho um monte de música eletrônica, mas infelizmente o momento não é favorável para a gente em questão de pista e de show, já nem sei a quanto tempo estou sem tocar, então eu preferi guardar essas músicas para um momento mais adequado. Até mesmo por que a gente que vive de música eletrônica depende muito da pista, muitas músicas nascem nas pistas, nas festas. Esse álbum tem uma proposta diferente, eu pensei em fazer algo sem gênero, uma sonoridade que eu procurei trazer que faz parte de mim, sonoridades e referências que eu escutei a minha vida inteira. ”
Confira a seguir o primeiro álbum de Bruno Martini, “Original”:
