No último ano, WLL vem chamando a atenção por sua música eletrônica groovada, ensolarada e alegre em formato híbrido, livre de fórmulas pré-definidas e gerada a partir de um caldeirão de referências das mais variadas.
Músico desde os 13 anos de idade, Will Martins criou seu projeto solo em 2016, e passou a levá-lo mais a sério em 2019, depois de anos de estudos em trilha sonora cinematográfica na Universidade da Califórnia, onde mora. De lá pra cá, lançou alguns remixes para artistas locais e quatro singles, dos quais os três mais recentes — todos lançados pela H Y P E R — ganharam videoclipes: “ACAI” (em março), “Sweet N’ Sour” (com ISSA, em abril) e “Kinda Funk” (em junho) — seu próximo single será “Losing Control”.
Fã dos famigerados Brazilian grooves, WLL vem construindo sua linha sonora dentro de uma estética disco-houseira, embora não se limite a uma ou duas sonoridades específicas, e goste de experimentar com sons de fora da sua zona de conforto. “ACAI” traz beats de funk carioca, enquanto “Sweet N’ Sour” soa mais pop/radiofônica.
Como um nome que está sempre experimentando com estilos e sonoridades diferentes, ficamos intrigados em saber mais sobre as suas influências — e descobrimos que, de fato, ele bebe desde hypados duos ingleses a gênios underground da música brasileira.
Com a palavra, Will Martins:
Disclosure (Inglaterra)
“Lembro que a primeira vez que ouvi o álbum “Settle”, em 2013, foi como um tapa na minha cara. Esse álbum despertou em mim algo que estava esquecido e adormecido por muito tempo — minha paixão por house music. Eu amo o fato de que as produções são super simples, mas com um mega bom gosto pra timbres e topliners. Começar com eles aqui não é novidade pra ninguém que conhece minha trajetória e sonoridade como produtor.
O som não é do “Settle”, mas sim do [segundo álbum] “Caracal”, e é de fato uma das minhas tracks preferidas do duo.“
Madeon (França)
“Depois de ter levado esse sacode do Disclosure, eu vi em 2015 um produtor de 22 anos (um ano mais jovem que eu na época) conquistar o mundo com um álbum de electro-house e nu-disco. Provavelmente um dos discos que eu mais escutei na minha vida, e que moldou meu gosto musical pra sempre.
Por isso, escolhi aqui “Finale”. Se não fosse por essa música, provavelmente eu não teria seguido a carreira de produtor musical. Foi essa track que me ajudou a conseguir meu primeiro emprego de produtor. Quando fui fazer um teste para a vaga, um dos desafios era escolher uma música que “colasse” bem no filme e eu acabei escolhendo a “Finale”. Tempos depois, conversei com os meus supervisores e eles disseram que foi graças ao meu “taste” na supervisão musical que eles me escolheram ao invés dos outros candidatos. Acho que depois dessa experiência que todo o resto desencadeou.“
Djavan (Brasil)
“Wow! Eu sei… Haha! Do house para a brasilidade mais pura.
Djavan foi e ainda é uma das minhas maiores referências musicais. Acho incrível a discografia que ele construiu em sua carreira, e a capacidade de escrever tão bem. Além disso, quando ouvi “Asa”, “Boa Noite” ou “A Carta”, entendi que ele é provavelmente um dos artistas mais funky que o Brasil já teve.
Prova disso é esse vídeo clássico dele tocando com Marcus Miller e David Sanborn.“
Moacir Santos (Brasil)
“A obra do mestre Moacir deveria ser considerada um patrimônio histórico mundial. Eu gostaria que mais brasileiros conhecessem tudo o que ele fez e todos os artistas que ele influenciou.
Eu lembro a primeira vez que meu amigo me apresentou o álbum “Coisas”, e eu perguntei: “o que é isso?”. Ele não respondeu, só deu play. Quando terminamos o álbum todo, eu estava em choque, em lágrimas e inconformado como eu nunca havia sequer ouvido o seu nome em toda minha carreira musical. Mudou minha vida.
Acima, vai uma das minhas “coisas” favoritas.“
Kaytranada (Canadá)
“Acho que o Kaytranada conseguiu me fazer reconhecer que eu posso criar a música que eu quiser e ainda ser “eletrônico”. Misturar minhas raízes e outras coisas estranhas que eu gosto, com sons de pista.
Quando eu ouvi “Lite Spots” e como ele sampleou “Pontos de Luz”, da Gal Costa, eu percebi que música é mundial e nunca deve ser limitada a nenhuma barreira, seja ela física, mental ou geográfica.
Quando o kick dessa música bate, meu coração quase para.“